Falência do First Republic é a segunda maior entre bancos dos EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – First Republic protagoniza segunda maior falência bancária da história dos EUA e é comprado pelo JPMorgan, ativista Ayo Tometi, do Black Lives Matter, alerta sobre o viés racista em dados que abastecem IAs como o ChatGPT, e outros destaques do mercado nesta terça-feira (2).

**JPMORGAN ASSUME MAIS UM BANCO QUEBRADO**

Após balançar por algumas semanas, o banco regional First Republic, de São Francisco, foi à falência nesta segunda (1º), quando as autoridades americanas intervieram na instituição e venderam a maior parte de sua operação para o JPMorgan Chase.

Os reguladores dos EUA passaram o fim de semana correndo atrás de um comprador para o banco falido e tentando fechar a operação antes da abertura dos mercados nesta segunda.

EM NÚMEROS

O JPMorgan pagará US$ 10,6 bilhões à FDIC (fundo garantidor dos EUA, análogo ao FGC no Brasil) como parte do acordo para comprar a maior parte dos ativos do First Republic.

Ele vai assumir US$ 92 bilhões em depósitos que hoje estão no banco regional, além de US$ 173 bilhões em empréstimos e US$ 30 bilhões em títulos de dívida.

Como contrapartida, o JPMorgan e o FDIC vão dividir os prejuízos com os ativos “podres” do banco falido, com a agência –que tem seu caixa abastecido por instituições financeiras– estimando que as perdas somarão US$ 13 bilhões.

RELEMBRE

O First Republic foi o banco regional que mais sentiu o baque desde a falência do SVB (Silicon Valley Bank) e do Signature Bank, no começo de março.

Suas ações passaram por uma montanha-russa desde então, e a instituição até parecia que ia sobreviver quando um consórcio de bancões garantiu US$ 30 bilhões em depósitos.

A crise voltou a piorar a semana passada, quando o First Republic disse que a corrida bancária do fim do primeiro trimestre lhe havia tirado US$ 100 bilhões em depósitos, aumentando o temor do mercado sobre a sua saúde financeira.

A falência do banco regional, que tinha US$233 bilhões em ativos no fim de março, é a segunda maior da história americana, atrás apenas da quebra do Washington Mutual –outro comprado pelo JPMorgan– na crise de 2008.

SVB e Signature Bank vêm logo na sequência.

**’DADOS QUE ALIMENTAM NOSSAS TECS IMPORTAM’**

“Vivemos em sociedades racistas. Como sabemos que essa ideologia faz parte da nossa sociedade, precisamos saber que ela é a base de informação para nossa tecnologia, essas ferramentas não são neutras. Os dados que estão alimentando nossas tecnologias importam”.

Esta foi a resposta da ativista Ayọ Tometi, cofundadora do movimento Black Lives Matter (BLM) à pergunta sobre o avanço da IA e o risco de confiarmos 100% nesse tipo de tecnologia.

Ela conversou com Maju Coutinho, jornalista e apresentadora da TV Globo, no primeiro dia do Web Summit*.

O evento de tecnologia que acontece anualmente em Lisboa, Portugal, chegou ao Rio nesta semana e começou com o Riocentro lotado, antes de todos os pagantes conseguirem entrar.

O QUE MAIS AYO FALOU

A importância das redes sociais para o BLM

“Nossas vozes não estavam sendo ouvidas na mídia tradicional, então criamos a nossa própria mídia. Sou uma millennial, cresci com a internet, então usei as redes para contar a minha história e do lugar de onde nasci.”

Como as plataformas impulsionam discursos de ódio

“Algumas histórias têm maior espaço nas mídias, essas plataformas (big techs) preferem alguns tipos de vozes. Nossas vozes são rebaixadas às vezes, esse é um problema. Não podemos ter algoritmos trabalhando contra nossas ações.

Estamos vivendo um momento histórico e podemos estar do lado certo ou errado da história. Tudo o que estamos fazendo importa e não existe neutralidade.”

Surgimento de discursos extremistas

“Temos que nos perguntar por que isso está sendo levantado agora. Isso é porque pessoas como nós têm coragem de falar e se expressar, exigir igualdade e justiça por nossas vidas. Não é coincidência que esses movimentos regressivos surjam agora para falar que nossa voz não importa.

*O repórter viajou a convite do evento.

**MOTOTÁXIS E TUK-TUKS GANHAM TRAÇÃO**

O veto da Prefeitura de São Paulo aos tuk-tuks (triciclos) da startup Grilo esquentou o debate sobre o uso de outros veículos além do carro para transporte inZividual de passageiros no país.

ENTENDA A DISPUTA

A prefeitura da capital paulista proíbe serviços de mototáxi na cidade e interpretou que os tuk-tuks da Grilo também se encaixam nessa categoria.

Ela afirma que o serviço oferece riscos: na moto, o passageiro também precisa ter alguma habilidade para se equilibrar, e um descuido pode gerar acidentes graves. Um grupo de trabalho ainda debate a questão.

As empresas dizem que o modal é seguro. A 99 diz que 99,9% das corridas terminam sem incidentes.

EM NÚMEROS

Só no Rio, onde a administração municipal também tentou barrar os apps de mototáxi –e as empresas operam com uma liminar–, são 30 mil motoristas, conforme a gestão municipal.

O 99Moto, serviço de mototáxi da 99, completou um ano de operação em abril e atende mais de 3.000 municípios. No período de operação, já repassou R$ 600 milhões aos motociclistas parceiros e transportou 1,3 milhão de pessoas.

A Grilo, que atua em Porto Alegre desde julho de 2020, soma 45 mil usuários cadastrados e fez 67 mil viagens desde o lançamento. o Uber Moto, lançado no fim de 2020, atende atualmente 170 cidades brasileiras.

O que explica a popularização desses tipos de transporte:

– Preço: as corridas costumam ser mais em conta que no transporte tradicional, por carros.

– Trajetos: esses veículos conseguem escapar do trânsito e trafegar em ruas estreitas ou até em locais geralmente evitados pelos carros por insegurança. A 99 diz que 66% das corridas são feitas em bairros periféricos.

– Facilidade aos condutores: eles podem aliar a atividade de entrega de comidas ou encomendas com o transporte de passageiros –que gera um retorno de 30% a 50% maior, segundo a 99.

**GOVERNO MIRA PARAÍSOS FISCAIS**

O governo publicou uma MP (medida provisória) no domingo que mira mais de R$ 1 trilhão (US$ 200 bilhões) em ativos de pessoas físicas no exterior.

A mesma medida também elevou a isenção do Imposto de Renda.

EM NÚMEROS

A partir de 2024, os rendimentos obtidos no exterior passam a ser tributados no Imposto de Renda em duas faixas de cobranças, com alíquotas de até 22,5%.

– De R$ 6.000 a R$ 50 mil, a cobrança vai a 15% sobre os rendimentos.

– A partir de R$ 50 mil, o percentual sobe para 22,5%.

– A alíquota é zero em ganhos anuais de até R$ 6.000.

Esses valores valem para aplicações financeiras, lucros e dividendos de entidades controladas e bens e direitos presentes nos chamados trusts.

A ideia do governo é acabar com a utilização de paraísos fiscais por pessoas físicas residentes no país.

Nos cálculos do Ministério da Fazenda, as medidas têm potencial de arrecadação de R$ 3,25 bilhões para este ano, cerca de R$ 3,59 bilhões para 2024 e de R$ 6,75 bilhões para 2025.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

MERCADO

Lula critica juros, ressalta reajuste do salário mínimo e promete regulamentar trabalho em apps. Presidente faz crítica à política de juros do Banco Central e diz que isenção da PLR pode chegar já em 2024.

POLÍTICA

Bolsonaro dribla cancelamento e usa evento de Tarcísio para acenar ao agro. Sem cerimônia da Agrishow após crise com governo Lula, ex-presidente cola em aliado e critica homologação de terras indígenas.

MERCADO

Arcabouço destoa de 70% dos países com regra fiscal ao não exigir contrapartidas de ajuste. Países europeus precisam ter plano de ajuste aprovado sob pena de multa; nos EUA, é exigido aval do Congresso para evitar ‘shutdown’.

INTERNET

SpaceX lança Falcon Heavy para levar satélite em projeto de internet espacial. Após cinco adiamentos, superfoguete de Elon Musk carrega ViaSat-3 à órbita geoestacionária.

ARTUR BÚRIGO / Folhapress

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