A Fifa anunciou nesta segunda-feira uma parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e com o governo do Catar, sede da Copa do Mundo de 2022, para “promover a saúde física e mental”. A decisão acontece após anos de críticas por parte da imprensa e de lideranças internacionais quanto às condições de trabalho de operários que ajudaram a erguer estádios e outras estruturas essenciais para o Mundial do próximo ano.
“Eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada são parceiros perfeitos para promover a saúde e a solidariedade”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em evento que contou com as presenças do presidente da Fifa, Gianni Infantino, da ministra de saúde pública do Catar, Al Kuwari, e do ex-jogador Didier Drogba, que se tornou o novo embaixador da OMS para saúde e esporte.
A Copa do Catar é uma das mais criticadas da história por causa das condições sociais envolvidas na sua preparação e das situações físicas difíceis que poderiam afetar diretamente os jogadores. As temperaturas no país podem atingir 40 graus, expondo atletas e torcedores, entre junho e julho, época em que geralmente são disputados os Mundiais. Por isso, o evento mudou para novembro.
Mas a preocupação envolvendo a pandemia segue no futebol. A Fifa, contudo, garante que a Copa “será a mais segura da história”. “O torneio será o primeiro grande evento global de massa a ser realizado desde o início da pandemia”, afirmou o presidente do Comitê Organizador Local da Copa, Hassan al-Thawadi.
Apesar das declarações, nem ele e nem Infantino apresentaram um plano para proteger a Copa do Mundo da covid-19. Até quatro meses atrás, a política do Catar para a entrada de torcedores nos estádios era de exigir comprovantes de vacinas. Mas essa regra foi flexibilizada nas últimas semanas.
No mesmo evento, dirigentes da OMS agradeceram ao Catar e à Fifa pelas contribuições financeiras à entidade, de acordo com a agência The Associated Press. O país esteve entre os dez maiores doadores para a organização no ano passado. Diretor-geral da OMS, Adhanom classificou o apoio do Catar como “crítico para o trabalho realizado” pela entidade.
“Nossa competição mais icônica, a Copa do Mundo, será realizada daqui a um ano, no Catar. Nossa habilidade de curtir esse banquete de jogos, entretanto, depende de nossa saúde. Esta parceria tripartite é um degrau muito importante para a Fifa, OMS e Catar, que também se comprometeu a realizar não apenas a maior Copa do Mundo, mas também a mais segura da história”, declarou Infantino.
Ao mesmo tempo em que lidera a finalização dos preparativos para a Copa, o presidente da Fifa tenta mudar a frequência da Copa, passando o intervalo de quatro para dois anos. A presença mais constante do Mundial no calendário também vem sendo alvo de críticas por parte de jogadores, preocupados justamente com a saúde física e mental diante de seguidas “maratonas” de jogos, sem descanso adequado.
Torneio bienal – A Fifa vai iniciar nesta terça-feira (19) videoconferências com 211 técnicos de seleções masculinas para discutir os planos da entidade de realizar a Copa do Mundo de dois em dois anos. As reuniões com os comandantes convidados irão até quinta-feira e serão coordenadas por Arsène Wenger, ex-técnico do Arsenal e hoje chefe de Desenvolvimento Global do Futebol da Fifa.
A entidade argumenta que uma Copa do Mundo bienal aumentaria as chances de outros países disputarem o torneio e que um processo de classificação simplificado, com menos datas, diminuiria as viagens dos jogadores. Já a Uefa diz que um mundial mais frequente diluiria o prestígio da competição, aumentaria o desgaste dos atletas e congestionaria ainda mais o calendário.