SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O filme “Perdida”, produção brasileira da Disney, estreia no próximo dia 13 de julho nos cinemas, mas já virou alvo de uma disputa judicial nos bastidores. A cineasta Katherine Chediak Putnam e seu marido, o australiano Dean W. Law, entraram com uma ação na Justiça de São Paulo dizendo que são os únicos diretores do longa e pedindo a exclusão de Luiza Shelling Tubaldini como também diretora.
A juíza Juliana Pitelli da Guia, da 5ª Vara Cível do Foro Regional do Jabaquara, concedeu tutela de urgência ao pedido do casal para que o nome de Luiza na função de direção fosse retirado dos créditos da obra em qualquer cópia do filme, sob pena de multa diária de R$ 5.000.
Também foi determinada a exclusão de Luiza como diretora de “Perdida” nas informações que constam no site IMDb, base de dados online voltada a cinema e televisão. A alteração foi cumprida na plataforma.
“[…] Neste momento processual, conclui-se pela verossimilhança das alegações dos autores no sentido de que não poderia a ré Luiza creditar-se como diretora ou mesmo codiretora da obra, menos ainda excluindo menção à coautora Katherine”, afirma a magistrada em sua decisão.
Procurada pela reportagem, a Disney e Luiza afirmaram que não vão se pronunciar sobre o caso. Ainda não foi marcada uma data para o julgamento do mérito da questão.
O longa é uma adaptação do livro best-seller de mesmo nome de Carina Rissi, e é estrelado pela atriz Giovanna Grigio, conhecida por seus papéis em “As Five” (Globoplay) e “Rebelde” (Netflix). Na história, ela é apaixonada pelos livros de Jane Austen e vive uma grande aventura ao ser transportada para o século 19.
“Perdida” é uma parceria da Star Original, selo na Disney, e da Filmland Internacional. Luiza Tubaldini é produtora do filme -foi ela, inclusive, que chamou Katherine para ser diretora da adaptação. Dean Law é codiretor, e ambos assinam o roteiro ao lado da própria Luiza, de Karol Bueno e da autora Carina Rissi.
Segundo o processo, cerca de duas semanas antes da conclusão das filmagens, em julho do ano passado, Luiza disse ao casal que pretendia creditar-se como diretora da obra. Eles afirmam que não concordaram com a mudança, porque não existia essa previsão no contrato que tinham assinado e por ela não ter experiência na função.
Posteriormente, eles dizem que foram surpreendidos ao verem o nome de Luiza nos créditos no IMDb e em outras reportagens veiculadas na mídia. Em material de divulgação de “Perdida”, também é utilizada a expressão “um filme de Luiza Shelling Tubaldini”, normalmente aplicada aos diretores.
Katherine e Dean afirmam que não querem dinheiro, mas que estão protegendo os direitos autorais deles. “Estamos lutando contra um perigoso precedente para a indústria cinematográfica”.
“Manifestamos nossa discordância com essa pretensão dela inúmeras vezes antes de mover a ação e não fomos escutados. Não vamos nos acovardar. Vamos lutar até o fim para proteger a integridade artística do trabalho do Diretor audiovisual. Temos todas as evidências necessárias e a liminar obtida pela justiça demonstra a solidez do nosso caso”, acrescenta a dupla de diretores.
MÔNICA BERGAMO / Folhapress