O Departamento de Justiça dos Estados Unidos liberou nesta sexta-feira (19) uma parte dos arquivos relacionados ao caso do abusador sexual Jeffrey Epstein. Entre eles, há dezenas de milhares de fotografias apreendidas em CDs e dispositivos eletrônicos, muitas delas com teor erótico e sexual.
Epstein foi condenado em 2008 por solicitação de prostituição de uma menor. À época, ele se declarou culpado de duas acusações criminais, incluindo aliciamento de menor.
Além deste processo, porém, foi novamente preso em 2019, acusado de tráfico sexual e conspiração para traficar menores para fins sexuais, com ajuda de sua então namorada Ghislaine Maxwell. Ele se suicidou na prisão em 2019, segundo as autoridades, antes de um novo julgamento. Maxwell, por sua vez, cumpre pena de 20 anos por ter sido considerada culpada, em 2021, de ajudar o magnata a abusar sexualmente de adolescentes.
As supostas vítimas do esquema incluíam adolescentes e dezenas de meninas, algumas com apenas 14 anos, que ele teria traficado e forçado a prestar serviços sexuais em suas propriedades.
Uma das principais denunciantes e vítimas foi Virginia Giuffre, que era atendente de spa no resort Mar-a-Lago, de propriedade de Donald Trump, e afirmou ter sido forçada a fazer sexo com diversos homens famosos, incluindo o então príncipe Andrew, filho do rei Charles 3º que perdeu o posto real. Ela cometeu suicídio em abril.
Nos arquivos publicados nesta sexta há uma série de fotografias de viagens, em destinos como Rússia, Indonésia, Tailândia e Marrocos. Em diversas das pastas, junto dessas imagens, há fotos em que mulheres e meninas aparecem com pouca ou nenhuma roupa.
A maior parte do material tem tarjas que impedem a visualização completa das imagens. Rostos e partes do corpo que possam identificar as pessoas envolvidas são escondidos por retângulos pretos.
A lei que obrigou o Departamento de Justiça a divulgar os arquivos detalha que nenhuma parte do material deve ter sua divulgação impedida em razão de “constrangimento, dano à reputação ou sensibilidade política”. Ainda possibilita, no entanto, a censura temporária de material que possa “comprometer uma investigação federal ativa ou processo judicial em andamento”.
Fotografias divulgadas anteriormente já mostravam Epstein perto de diversos políticos e famosos, entre eles Trump, o ex-presidente democrata Bill Clinton, o ex-príncipe Andrew, do Reino Unido, o fundador da Microsoft, Bill Gates, e o cantor Mick Jagger.
Com base nisso, semanas antes da divulgação, Trump ordenou a abertura de uma investigação contra Clinton e outros nomes ligados ao Partido Democrata, como o ex-reitor de Harvard e ex-secretário do Tesouro Larry Summers.
Após sancionar a lei que obrigou a publicação dos documentos, o republicano voltou a atacar opositores. “Epstein, que foi indiciado pelo Departamento de Justiça de Trump em 2019 (e não pelos democratas!), era um democrata de longa data, doou milhares de dólares para políticos democratas e tinha fortes ligações com muitas figuras conhecidas do partido, como Bill Clinton (que viajou em seu avião 26 vezes), Larry Summers (que acabou de renunciar a vários conselhos, incluindo o de Harvard), […] e muitos outros”, escreveu.
Epstein e Trump, no entanto, foram amigos por quase 15 anos, convivendo lado a lado desde meados de 1990. Eles se conheceram na região de Palm Beach, na Flórida, onde ambos tinham propriedades e, por isso, frequentavam jantares e festas em ambientes como a mansão de Epstein em Nova York e o clube de Trump Mar-a-Lago, na Flórida, além de viajarem em jatos particulares do financista.
Trump chegou a descrever Epstein como um “cara incrível” e afirmou: “Ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens”. A amizade terminou por volta de 2004, após um desentendimento relacionado a uma propriedade imobiliária, que ambos disputaram e o presidente conseguiu arrematar. Trump disse ter banido Epstein de seu resort devido a seu comportamento inadequado com a filha de um membro.
O republicano nunca foi acusado de qualquer irregularidade relacionada ao caso Epstein e negou ter conhecimento dos abusos de jovens mulheres pelo financista.


