SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Eduardo Parente, presidente da Yduqs, dona da Estácio, acha que Lula precisa garantir para o Fies, o programa de financiamento do ensino superior, o mesmo peso e reconhecimento de que desfrutam o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.
Enquanto isso não ocorre, a Yduqs amplia a oferta de cursos semipresenciais para driblar as restrições no financiamento do ensino superior.
“São programas sociais que geram rendimento para o setor privado, mas que a sociedade reconhece o valor”, disse.
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Folha – Afinal, por que a Yduqs está investindo no semipresencial?
Eduardo Parente – Como o financiamento para o aluno é muito limitado hoje, as pessoas buscam uma opção que combina o que ela quer com o que pode pagar. É uma opção que a gente conseguiu para que aquele cara que gostaria de estar no presencial possa ter essa experiência de uma forma acessível.
Folha – Qual é a influência do novo governo no setor?
Eduardo Parente – A gente teve captações [de alunos] muito boas no primeiro trimestre. Isso ainda tem mais a ver com um sinal de melhora na economia, de retomada da confiança da população, do que com alguma ação na educação.
Folha – O que esperam do Fies neste novo governo?
Eduardo Parente – Precisa voltar muito sólido e com reconhecimento pela sociedade igual ao Prouni, ao Minha Casa e ao Bolsa Família. São programas que geram rendimento ao setor privado, mas que a sociedade reconhece o valor. Esse é o desafio do Fies. É importante que ele não seja abrupto como foi no passado.
Folha – Abrupto?
Eduardo Parente – Não nos interessa uma coisa que seja muito encantadora do ponto de vista financeiro, mas sem duração.
Folha – Qual a solução?
Eduardo Parente – Tem de ver as torneiras. Primeiro, o aluno não tem a melhor habilidade do mundo para navegar dentro dos processos complicados [de acesso ao Fies e ao Prouni]. Tem que fazer algo que seja fácil, justo, e traga as pessoas que de fato precisam.
A segunda torneira é o número de vagas. Não pode sair de 100 mil para 800 mil do dia para a noite. A terceira é o preço. Temos que garantir que a sociedade financie um curso a um preço justo.
Folha – Enquanto isso, vocês investem no semipresencial, então?
Eduardo Parente – Às vezes, tanto pela questão de tempo quanto pela [falta] de recursos financeiros, o cara não consegue ficar mais tempo na faculdade. A gente tem buscado ampliar a oferta de cursos nessa modalidade.
Raio-X
Formação: Engenheiro de produção pela UFRJ e mestre em administração de empresas pela Universidade de Nova York
Carreira: Chefiou a Prumo Logística e a Companhia Siderúrgica do Pecém. Foi diretor de projetos especiais da Vale e integrante do conselho da Bradespar.
PAULO RICARDO MARTINS / Folhapress