SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ferramenta de edição de fotos da plataforma de design Canva permite tirar objetos comprometedores e adicionar trajes adequados a quase qualquer imagem. No Twitter, a influenciadora Cara Mia usou a ferramenta para esconder uma garrafa de bebida e um decote com uma nova blusa -o resultado passa no crivo de foto do LinkedIn.
O recurso está aberto para o público em geral, mas ainda está em fase de testes. A reportagem usou a “edição mágica”, como a ferramenta é chamada, e, de um lado, sofreu com bugs, como mãos extras, roupas disformes e problemas de seleção com o mouse. De outro, conseguiu imagens aceitáveis, após tentativas.
A equipe do Canva trabalha para resolver os erros, segundo a gerente de marketing de produto da empresa, Hannah O’Dea. “Como é fácil usar a ferramenta, o caminho para conseguir a edição desejada é repetir o processo”, diz.
Hannah afirma que a edição mágica funciona melhor com objetos e na edição de cenários, do que com retratos humanos.
Inteligências artificiais geradoras de imagem, em geral, apresentam dificuldades para entregar mãos, pés e cabeças proporcionais. Dedos em excesso ou falta também podem aparecer.
O recurso do Canva funciona com a inteligência artificial de código aberto Stable Diffusion, que gera imagens a partir de textos. Essa tecnologia é concorrente do Midjourney, conhecida por ter gerado as imagens falsas do Papa Francisco.
A novidade é que o Canva adiciona a opção de usar o mouse para criar ou alterar elementos apenas na área selecionada, segundo a gerente de marketing de produto Hannah.
Esse recurso também vem com um problema: a inteligência artificial pode distorcer elementos selecionados sem receber instruções textuais do usuário.
A reportagem, por exemplo, selecionou toda a silhueta de uma pessoa em uma foto e pediu que fosse adicionado um terno. O Canva também trocou o rosto do retratado por o de outra pessoa.
Hannah diz que o Canva tem uma política estrita para combater vieses. “Incentivamos e convidamos os usuários a sinalizar quaisquer problemas com as imagens geradas, inclusive se acharem que estão reforçando preconceitos”, diz a empresa em nota.
Outra dificuldade de uso durante o teste foi a precisão do mouse e eventuais lentidões da plataforma durante a seleção da área a ser editada.
Hannah recomenda que os usuários escolham o tamanho mais adequado do pincel para conseguir mais detalhes na edição. Segundo a gerente, pedidos mais detalhados e diretos entregam melhores resultados.
É melhor, por exemplo, pedir a criação de uma peça de roupa na área selecionada, do que a troca do vestuário da pessoa retratada.
A edição mágica foi lançada em 23 de março durante o evento anual da empresa Canva Create. Na ocasião, a plataforma anunciou outros recursos de inteligência artificial.
O Magic Design permite a criação de imagens a partir de texto, como faz o Midjourney e o Dall-E, da criadora do ChatGPT, OpenAI. Ainda em fase de testes, a tecnologia também pode ser gerada para criar templates para apresentações de slides.
Outra inovação é a borracha mágica, que apaga elementos da imagem com IA. Esse último recurso está disponível apenas para assinantes do Canva Pro. O serviço custa R$ 289 anuais.
**COMO USAR**
Para usar a Edição Mágica, a pessoa precisa acessar o site do Canva e criar um novo design, nas dimensões desejadas. Na sequência deve adicionar uma foto. A partir daí, os passos são estes:
– Selecionar a foto com um clique
– Selecionar a opção “editar foto”, no canto superior esquerdo
– Passar o pincel sobre a área de edição desejada
– Descrever o objeto que deseja gerar Selecionar uma entre as quatro imagens entregues pela plataforma
– Se nenhuma delas for satisfatória, o usuário pode gerar mais quatro alternativas com um clique
PEDRO S. TEIXEIRA / Folhapress