Mercado em transformação impulsiona busca por ferramentas na reorientação de carreira
Pesquisa da plataforma Catho revela que 42% dos trabalhadores manifestam a intenção de mudar de área profissional este ano, com destaque para o grupo entre 26 e 35 anos. Os dados do estudo reforçam que a busca por qualidade de vida lidera as motivações para essas transições. Não se trata apenas de buscar melhores salários – embora este fator permaneça relevante – mas de encontrar significado e equilíbrio em um mundo corporativo cada vez mais complexo.
Entre incertezas e possibilidades, as ferramentas de Inteligência Artificial (IA) emergem não apenas como facilitadoras, mas também como parceiras estratégicas para quem busca reorientar a trajetória profissional.
O cenário atual reflete o que especialistas chamam de “Quarta Revolução Industrial”. O Fórum Econômico Mundial projeta que, até o final deste ano, cerca de 85 milhões de empregos poderão desaparecer, engolidos pela automação. Em contrapartida, 97 milhões de novas funções podem surgir, muitas delas relacionadas à tecnologia e suas aplicações.
Navegando em meio a projeções, ferramentas como o gerador de mapa mental com IA podem servir como uma bússola para ajudar no planejamento de carreira ou de projetos pessoais, oferecendo visualização de objetivos para profissionais que se encontram indecisos ou fora do mercado de trabalho.
No quesito autoconhecimento, o mentor de carreira Edgar Luna sugere, no LinkedIn, o seguinte prompt para IAs, como o ChatGPT: “Com base no meu histórico profissional e no meu perfil comportamental, me ajude a mapear meus pontos fortes e fracos. Compare os dois e forneça estratégias práticas para usá-los a meu favor. Meu objetivo é crescer profissionalmente”. A análise orientada permite identificar não apenas competências técnicas, mas também aspectos comportamentais que costumam ser negligenciados em processos de transição.
Do diagnóstico à ação
A barreira da qualificação ainda assombra muitos profissionais. Entre os entrevistados na pesquisa da Catho, 35% apontam esta como a principal dificuldade para mudar de área. A transição exige novos conhecimentos, certificações e, muitas vezes, um recomeço que pode ser intimidador.
Para transpor esse obstáculo, é possível utilizar o comando “crie um plano de transição de carreira para migrar de [carreira atual] para [nova carreira]”. A abordagem estruturada, com metas e prazos definidos, substitui a ansiedade da mudança por passos concretos e realizáveis.
O especialista em transição de carreiras Vinicius Walsh, em entrevista à imprensa, complementa: “Pesquisem muito sobre a área de interesse. Investiguem quais são as responsabilidades diárias da profissão. O LinkedIn é uma ótima ferramenta. Busquem as vagas da área de interesse, analisem os requisitos e responsabilidades específicas”.
Estratégias de networking e aprendizado contínuo
A transição de carreira enfrenta um desafio adicional: a persistência. Estudo da Universidade de Scranton aponta um dado desanimador: apenas 8% das resoluções de Ano Novo são cumpridas, o que se deve ao planejamento inadequado ou falta de ferramentas apropriadas. A IA, nesse contexto, funciona como âncora para manter o foco em meio às inevitáveis distrações e desafios.
A aprendizagem contínua emerge como diferencial competitivo. Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) citados por Luna indicam que profissionais comprometidos com a aquisição constante de novos conhecimentos apresentam 48% mais chances de adaptação às mudanças mercadológicas.
Na avaliação do diretor da Catho, Fabio Maeda, o fenômeno reflete anseios contemporâneos. “Os profissionais buscam alinhar suas aspirações pessoais com as oportunidades do mercado.” Para ele, a faixa entre 26 e 35 anos representa um momento particularmente decisivo, quando crescimento e satisfação profissional convergem como prioridades inegociáveis.



