Imagem rara de onça-parda com filhotes marca homenagem ao Dia das Mães em Campinas

Foto: Arquivo / PMC

Para celebrar o Dia das Mães, a Fundação José Pedro de Oliveira divulgou nesta sexta-feira (9) imagens inéditas de uma onça-parda com dois filhotes na Mata de Santa Genebra, em Campinas. O flagrante, captado por armadilha fotográfica durante a noite, revela um momento raro da vida selvagem: o ensinamento da mãe aos pequenos em meio à mata.

Registrada em agosto de 2024, a cena mostra a fêmea guiando os filhotes por um dos últimos remanescentes da Mata Atlântica na região. A onça-parda é um animal solitário e extremamente cuidadoso com a prole. A participação do macho se limita à fecundação. A gestação dura cerca de 90 dias, e a ninhada pode ter de um a quatro filhotes — em casos raros, até seis.

Nos primeiros três meses de vida, os filhotes permanecem em um ninho protegido, enquanto a mãe se afasta apenas para se alimentar e beber água. Depois desse período, os pequenos passam a acompanhá-la, aprendendo a localizar alimento, abrigo e fontes de água. O vínculo persiste até cerca de um ano de idade, quando os jovens se tornam aptos a buscar seu próprio território. Caso não se dispersem naturalmente, a própria mãe os afasta.

“As oncinhas ficam sob os cuidados da mãe por cerca de um ano, quando então estão prontas para seguir sua jornada. Os machos não participam da criação e migram entre os territórios das fêmeas para reprodução”, explicou o biólogo Thomaz Henrique Barrella.

Desde 2012, as armadilhas fotográficas instaladas pela equipe técnica da ARIE Mata de Santa Genebra têm registrado a presença de onças-pardas, tanto machos quanto fêmeas. A espécie, classificada como vulnerável no estado de São Paulo, sofre com a perda de habitat, caça e atropelamentos. Apesar da aparência imponente, evita o contato com seres humanos e se alimenta principalmente de animais de pequeno e médio porte.

Outras mães da mata

A homenagem também destaca outras mães da fauna local. Entre elas, as fêmeas de gambá, que possuem uma bolsa semelhante à dos cangurus, onde os filhotes completam seu desenvolvimento após o parto — que dura apenas 12 dias. Após crescerem, os filhotes se agarram ao dorso da mãe e tornam-se independentes em cerca de 90 dias.

Outro exemplo é o macaco-prego (Sapajus nigritus), espécie comum na Mata Atlântica. Os filhotes passam meses agarrados à mãe, com desmame previsto aos 8 meses de idade. O laço afetivo, porém, se estende até a fase adulta, reforçando a importância do cuidado materno também entre primatas.

Conexões pela vida

Para garantir a preservação dessas espécies, a Fundação José Pedro de Oliveira desenvolve o projeto de implantação de um corredor ecológico. A proposta prevê a ligação da Mata de Santa Genebra à Fazenda Rio das Pedras e, futuramente, à Área de Proteção Ambiental do Ribeirão Cachoeira. “Essa reconexão permitirá que as onças circulem entre os fragmentos com mais segurança, favorecendo a reprodução e reduzindo os riscos”, afirmou o presidente da FJPO, Rogério Menezes.

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