BRASÍLIA. DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou neste domingo (7) que a intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de questionar a privatização da Eletrobras causa uma “preocupação muito forte ao Brasil”.
Lira, que está em viagem a Nova York, afirmou em entrevista à CNN Brasil que a decisão do Congresso de privatizar a empresa foi acertada e disse que é preciso que governo Lula compatibilize a sua agenda “progressista” à maioria congressual conservadora e liberal na economia.
“Essas questões de rever privatização preocupam. Você pode não propor mais nenhuma privatização, mas mudar um quadro que já está jogado e definido, e com muitos grupos, muitos países investindo, realmente causa ao Brasil uma preocupação muito forte”, afirmou o presidente da Câmara.
Lira afirmou ainda considerar que a estatal prestava um péssimo serviço e que, se não houver mudanças de regras, a sua privatização pode virar um case de sucesso em alguns anos, como, segundo ele, ocorreu com a Vale do Rio Doce –privatizada no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Em entrevista coletiva neste sábado (6), em Londres, após a coroação do rei Charles 3º, Lula voltou a criticar a privatização da Eletrobras, feita no governo de Jair Bolsonaro (PL). O petista já classificou a desestatização da empresa como “bandidagem” e afirmou que pretende entrar com uma ação questionando a venda.
Na sexta (5), o governo entrou com ação no STF para ampliar seu poder de voto na empresa, hoje limitado a 8% –a União tem 43% das ações.
Lula também criticou os limites criados na privatização da companhia que dificultam sua reestatização e questionou a remuneração de diretores e conselheiros da Eletrobras.
“Os diretores aumentaram seus salários de R$ 60 mil por mês para mais de R$ 360 mil por mês, e um conselheiro para fazer uma reunião ganha mais de R$ 200 mil. Não é possível num país em que 33 milhões de pessoas passam forme vivermos numa situação como essa”, afirmou.
Eleito por uma pequena margem, Lula vem encontrando dificuldade em montar sua base de apoio no Congresso, que tem maioria de partidos de centro e de direita.
Na semana que passou, por exemplo, o governo sofreu sua primeira derrota ao ver parte de seus decretos que alteravam o marco do saneamento derrubados na Câmara. O tema precisa ainda ser votado pelo Senado.
RANIER BRAGON / Folhapress