Terminou ontem a fase de interrogatório dos réus no julgamento dos acusados de responsabilidade pelo incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O músico Marcelo de Jesus dos Santos, da banda Gurizada Fandangueira, manuseava o artefato pirotécnico quando o fogo começou. Segundo Marcelo, ninguém alertou a banda sobre o uso de fogos dentro da boate.
O outro réu, Luciano Bonilha, era ajudante de palco da banda e confirmou a versão dada pelo músico. Luciano admitiu ter comprado e colocado o artefato nas mãos de Marcelo, e usado um controle remoto para provocar as faíscas. Mas disse que não sabia que o artefato não podia ser usado em um ambiente fechado.
No interrogatório de quarta-feira, Elissandro Spohr, o Kiko, um dos sócios da boate, disse que não sabia que a banda iria usar fogos. Ele chorou ao lembrar o que aconteceu naquela noite. Mauro Hoffmann, outro sócio da Boate Kiss, também foi interrogado. Ele disse que era apenas investidor da casa noturna.
Ainda que o júri do incêndio da boate Kiss esteja perto do fim, o mesmo não se pode afirmar do processo. Após o julgamento, que pode ser encerrado nesta sexta-feira caso a previsão de duração se confirme, ainda há prazo para que defesas e acusação recorram da decisão, se discordarem dela. Os pedidos podem chegar ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal.
Antes disso, caberá aos sete jurados – seis homens e uma mulher – definir se os quatro réus devem ser inocentados ou culpados pelas 242 mortes e 636 tentativas de homicídio decorrentes da tragédia de 27 de janeiro de 2013.