Kiss volta após ‘falso adeus’ e Gene Simmons diz que o rock morre com a tecnologia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No ano passado, quando o Kiss tocou no Brasil, os fãs achavam que estavam assistindo às últimas apresentações da banda no país. Afinal, o quarteto, um dos nomes mais populares do rock de todos os tempos, estava rodando o mundo com sua turnê de despedida.

Menos de um ano depois do falso adeus, o Kiss volta para shows em Manaus, Brasília, Belo Horizonte e Florianópolis, além de São Paulo, neste caso como atração do festival Monsters of Rock, ao lado de bandas como Scorpions, Deep Purple e Helloween. Desta vez, para os últimos shows em solo brasileiro –ou pelo menos é o que promete o baixista e vocalista Gene Simmons.

“Logo antes da Covid, estávamos fazendo nossa turnê de despedida, mas tivemos que parar”, ele afirma. “Agora, vamos continuar com aquela turnê. E no dia 2 de dezembro, em Nova York, vai ser a última vez que a banda Kiss, com maquiagem, vai subir a um palco para um show.”

De fato, o Kiss está retornando com a mesma turnê que apresentou no ano passado, iniciada em 2018 e que a princípio chegaria ao fim em 2021. É possível que a banda realmente encerre as suas cinco décadas de atividade em dezembro, no Madison Square Garden, mas não há como garantir.

Isso porque a primeira turnê de despedida do Kiss aconteceu em 2000, após os retornos dos integrantes originais Peter Criss na bateria e Ace Frehley na guitarra. Seria um encerramento com a formação que a banda tinha nos anos 1970 –também com Paul Stanley na guitarra e na voz–, quando apresentou ao mundo seu rock igualmente sujo e bem-humorado, durão e balançado.

“Achamos que eles estavam sóbrios, que seria sem álcool e drogas”, diz Simmons. “Mas percebemos que não. Você não consegue jogar bola –dar um passe, fazer um gol– se está bêbado. É assim que funciona uma banda.”

Simmons e Stanley, diz o baixista, perceberam que não conseguiam mais fazer turnês com Criss e Frehley. Por esta razão, disseram que aquela seria sua turnê de despedida.

“Mas os fãs diziam que carros têm quatro pneus e, quando dois ficam murchos, por que você só não os troca? O carro vai funcionar ainda melhor”, diz Simmons. “Achamos que eles estavam certos. Trocamos dois integrantes e tentamos de novo.”

Extremamente profissional e conhecido pelo tino para os negócios, Simmons diz que nunca usou drogas, bebeu ou fumou na vida. Nem mesmo no auge do Kiss, que cantava sobre festas e libertinagem nas letras e era um dos grandes nomes do rock num período de excessos do gênero.

Sua “droga”, como retrata na música “Calling Dr. Love”, era o sexo. “Naquela época, todos os meus amigos estavam ficando bêbados e se drogando. Então, quando eu ia às festas, esperava até que todo mundo estivesse drogado para chegar e pegar qualquer mulher. Era uma raposa.”

Tanto quanto por hits como “Rock and Roll All Nite”, “I Was Made For Lovin’ You” e “Detroit Rock City”, o Kiss é conhecido pelo seu show energético, que a banda eternizou na série de álbuns ao vivo “Alive!”. No palco, eles seguem com as guitarras “voadoras”, o “sangue” cuspido e um arsenal de truques pirotécnicos.

Nos anos 1970 e 1980, as apresentações, assim como o visual com maquiagem e vestimentas que remetem a super-heróis macabros, faziam da banda um terror para os conservadores, ao mesmo tempo que eram uma tentação para a juventude mais rebelde. É um sentimento expresso no filme “Detroit Rock City”, sobre quatro adolescentes que tentam ver um show do Kiss em 1978.

Quarenta anos depois, Simmons ainda recorda detalhes da euforia que foi a primeira apresentação do Kiss no Brasil, com um show para mais de 200 mil pessoas no Rio de Janeiro em 1983. “Já tínhamos tocado em vários estádios antes disso, mas quando entramos no Maracanã parecia que ele era quatro ou cinco vezes maior do que qualquer lugar que tínhamos ido antes.”

E se o Kiss está chegando ao fim, com ele vai embora também o rock, diz Simmons. O baixista de 73 anos acredita que o gênero está morrendo não por falta de talento, mas por causa da tecnologia, do download de músicas e do compartilhamento de arquivos online.

“Os fãs pararam de pagar por música”, ele diz. “Isso significa que as novas bandas não têm mais a chance de ganhar a vida com a música. Eles têm que ter empregos. Ou seja, não têm tempo para se dedicar a escrever canções e sair em turnê. Por isso, não há mais bandas importantes.”

MONSTERS OF ROCK

Quando: Sábado (22), às 11h30

Onde: Allianz Parque – av. Francisco Matarazzo, 1705 – Água Branca

Preço: Entre R$ 480 e R$ 2.500

Classificação: 14 anos

Link: https://www.eventim.com.br/campaign/monstersofrock2023

LUCAS BRÊDA / Folhapress

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