CCBB de São Paulo inaugura seu novo anexo com mostra que estimula os sentidos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mesmo com o sol a pino lá fora, a escuridão é quase total dentro do novo espaço do Centro Cultural Banco do Brasil. Ali, a iluminação direcionada deixa ver um emaranhado de fios de náilon dançando ao som de um piano. A delicada trama, costurada à mão, toma a forma de um bloco retangular para em seguida derreter e se deformar, virando uma massa inerte no piso de concreto até que os motores da estrutura tensionem novamente os fios e os levantem, pouco a pouco, de volta ao seu formato original.

“Esta coreografia é o ciclo da vida”, diz Lonneke Gordijn, uma das artistas do Studio Drift, ao explicar “Ego”. A obra de arte faz parte de uma exposição que a dupla holandesa inaugura no CCBB de São Paulo nesta quarta-feira (14), uma mostra de esculturas, instalações e vídeos dividida entre o prédio principal do centro cultural e seu novo anexo, localizado bem em frente, onde até uns anos atrás funcionava uma agência do Banco do Brasil.

O novo espaço tem 300 metros quadrados de área divididos em dois andares do tipo cubo branco pensados para receber uma programação variada. Pode ser a continuação de uma mostra do prédio principal, uma exposição independente, atividades do setor educativo, rodas de conversa ou até espetáculos de dança ou teatro que não precisem de um palco tradicional, afirma Claudio Mattos, gerente geral do CCBB de São Paulo.

A área no pavimento superior que agora abriga a obra de arte se transforma num auditório retrátil com capacidade para 60 pessoas, e o novo espaço tem também salas técnicas para a guarda de materiais. Um elevador conecta os dois andares, facilitando a acessibilidade para cadeirantes. Segundo Mattos, a reforma do anexo foi feita pela equipe de engenharia do próprio banco, sem a contratação de um escritório de arquitetura externo.

“Com o anexo, há a expectativa de trazer mais público para o centro de São Paulo”, ele diz, acrescentando que a sede do CCBB chega a receber 2.000 visitantes por dia, dependendo do quão popular são as atrações em cartaz. Números à parte, a nova área deve desafogar o congestionado espaço expositivo do prédio principal, onde as mostras se dividem em pequenas salas por vários andares e o subsolo.

No andar térreo do anexo está exposta “Amplitude”, uma instalação de grandes dimensões que ilustra o diálogo entre natureza e tecnologia característico dos trabalhos do Studio Drift. Tubos de vidro transparente conectados em forma de “v” e animados por um sistema de motores e pesos simulam o bater das asas de um pássaro, numa obra de arte que traduz o que é mover-se para a frente, diz Gordijn, a artista.

Um detalhe desta obra, e que aparece em vários outros trabalhos da dupla, é que os motores e circuitos eletrônicos estão à vista. Gordijn conta que as obras deixam a tecnologia à mostra propositalmente, para que ela seja sentida pelo público como algo natural, não um mecanismo a ser escondido. “Também tentamos fazê-la bonita”, acrescenta.

Seadiado em Amsterdã e ativo desde 2007, o Studio Drift produz obras que podem ser confundidas com objetos de design em movimento, como é o caso de “Shylight”, um conjunto de estruturas de seda japonesa iluminadas que lembram flores. Ao serem movimentadas para cima e para baixo a partir do teto do CCBB, como se fossem luminárias pendentes, elas desabrocham.

A ideia, afirma a artista, é que este e outros trabalhos atinjam o público pelos sentidos, para só depois desencadearem uma cadeia de pensamentos. São obras que não necessitam da leitura de textos curatoriais para serem compreendidas.

Outra série de destaque da mostra é “Materialism”, na qual a dupla desmonta objetos de produção industrial e organiza em blocos os materiais que os constituem. Por exemplo, um lápis vira um retângulo de madeira e dois pequenos quadrados, um de grafite e outro de esmalte. Um par de havaianas é reduzido a uma pequena torre de borracha natural e um punhado de plástico PVC.

Ao ver objetos de uso cotidiano reduzidos a seus componentes primários nas exatas quantidades em que são utilizados, o público entende de maneira didática o quanto de material vai em cada coisa. Gordijn aponta para uma parede onde um fusca está desmontado em blocos de variados tamanhos.

“Quando você vê um carro, não pensa que veio da Terra, do planeta. Pensa que veio de uma fábrica. Mas todos esses materiais vêm da Terra. Queremos reativar o valor de tudo o que vem do planeta. Tudo é natureza”, ela diz.

STUDIO DRIFT – VIDA EM COISAS

Quando De 14 de junho a 7 de agosto; todos os dias, das 9h às 20h; fechado às terças

Onde Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo – r. Álvares Penteado, 112, São Paulo

Preço Grátis

JOÃO PERASSOLO / Folhapress

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