Conheça Dry Cleaning, banda que renova o rock de Londres com pós-punk falado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A banda inglesa Dry Cleaning começou sua carreira há cinco anos e já recebeu mensagens de “please, come to Brazil” nas redes sociais. “Eu me lembro, foi bem no começo. É como um grande marco da carreira”, diz a vocalista Florence Shaw em entrevista por videoconferência.

O quarteto pós-punk do Dry Cleaning integra o line up do C6 Fest, que acontece nos próximos dias 19, 20 e 21 de maio no parque Ibirapuera, depois de já ter tocando nos principais festivais do mundo, como o britânico Glastonbury e o espanhol Primavera Sound.

A sonoridade da Dry Cleaning é marcada por uma abordagem minimalista e uma estética falada, com a vocalista Florence Shaw declamando as letras em um estilo conversacional em vez de cantar. As composições são frequentemente baseadas em observações cotidianas e comidas. “Amamos comer, definitivamente. A hora de comer durante as turnês é quando a banda consegue ficar junto, e esse momento acaba sendo muito especial”, dizem os integrantes da banda.

O primeiro contato do grupo foi em 2010 na Royal College of Art, universidade londrina famosa por promover encontros como The Clash, Blur, Klaxons e Hot Chip. Para os músicos, o fato não passa de coincidência e dizem que, na verdade, o local somente reúne grandes pessoas em torno da arte. “Lá, as pessoas são ambiciosas sobre o que querem fazer da vida, acho que aí que está a mágica”, explica Shaw.

A ilustradora de formação acabara de terminar um relacionamento e usou a banda como refúgio. “Foi um tipo de decisão como fazer um corte de cabelo, uma tatuagem, para mudar alguma coisa na vida.” Convencê-la a ser vocalista foi difícil, foram necessários meses. O baterista Nick Buxton sugeriu que ela falasse, ou recitasse, durante um ensaio.

O nome da banda vem de uma loja de limpeza a seco que costumava ficar próxima ao local onde ensaiavam em Londres. Florence Shaw diz também que “Dry Cleaning” tinha um apelo estético para ela, além de “evocar uma sensação de limpeza e renovação”. Entre suas influências, citam bandas renomadas do movimento pós-punk entre 1970 e 1980, como The Fall e Wire.

Em 2019, Dry Cleaning lançou seu primeiro EP, “Sweet Princess”. Foi muito elogiado pela crítica e levou a banda a fazer turnês pelo Reino Unido e Europa. Em 2021, eles lançaram seu primeiro álbum completo, intitulado “New Long Leg”, que foi novamente bem recebido e aumentou ainda mais o perfil da banda. Em 2022, foi a vez de “Stumpwork”. Todos os álbuns de estúdio foram produzidos por John Parish, produtor de PJ Harvey.

Após EPs e singles, a banda trocou a gravadora It’s Ok para a 4AD, a mesma que produziu bandas como Pixies e Cocteau Twins, além dos atuais The National e Big Thief. O selo, que nasceu nos anos 1980 em Londres, tem o reconhecimento de lançar grupos de rock alternativo e pós-punk.

Em turnê mundial, os músicos se queixam que a experiência tem sido muito pesada, oscilando entre a felicidade e a realidade de ser “famoso”. O baixista Lewis Maynard lembra de um show em Nova York neste ano em que resolveu encontrar um primo na plateia. “As pessoas ao lado começaram a perguntar: ‘por que você está aqui?’ E eu pensei ‘nossa, é mesmo, eu sou o cara que vai tocar’.”

Já Shaw relata a emoção durante uma passagem de som em Glasgow, Escócia, na famosa casa de shows Barrowlands. “Sabe quando os olhos enchem de lágrimas do nada? Coisas desse tipo acontecem em turnês.”

Observar como a plateia se comporta também é um dos passatempos durante a turnê. No Japão, viram um público introspectivo, mas que, entre as músicas, ficavam barulhentos. “É uma reação diferente da que temos no Reino Unido, que costumam ser mais silenciosos”, diz Maynard.

Estão ansiosos para saber como será a reação do público brasileiro. “Gostamos dos barulhentos, ainda mais quando sabem as letras, e até dos silenciosos”, diz Shaw, ressaltando que a troca com os fãs é o que mais gostam nessa turnê.

AMANDA LEMOS / Folhapress

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