Heloísa Périssé compara golpe político em ‘Cine Holliudy’ com realidade

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A terceira temporada de “Cine Holliúdy”, que estreia nesta quinta-feira (27) na Globo, após “Travessia”, é ambientada no final da década de 1970, mas bem que poderia ser no Brasil dos últimos anos. As mudanças políticas de Pitombas, a cidade fictícia nordestina, tomaram forma na fase anterior, quando Socorro (Heloísa Périssé) assumiu a prefeitura para fazer frente contra o machismo. Nos novos episódios, a personagem sofre um golpe político do próprio marido.

A polarização fica evidente na série, assim como ficou em todo o Brasil recentemente. “Essa coisa cartesiana em que o ser humano acreditou a vida toda, que isso é isso, vai ter mudar”, diz Heloísa, em entrevista ao F5. “As diferenças estão em todos os lugares. Enquanto não conseguirmos sair dos nossos umbigos e nos movermos um pouco em direção ao próximo, vamos continuar numa guerra. A polarização vai ter que mudar, alguém tem que ceder, Deus age assim.”

Para encarar essa situação na série, Socorro não vai para as ruas e, muito menos, para as urnas. Ela decide se disfarçar de homem. Como Tião, ela passa a ter um programa na televisão local, denunciando a gestão de Lindoso (Carri Costa). A transformação de Heloísa incluiu peruca masculina, bigode, costeletas, óculos e o engrossamento das sobrancelhas.

A mudança foi tanta que gerou confusão até mesmo nos bastidores. A atriz recorda que tentou cumprimentar colegas no refeitório dos Estúdios Globo, no Rio, usando o figurino de Tião, e que não era identificada: a diretora Natália Grimberg e o apresentador Mumuzinho foram alguns dos que sofreram para reconhecer a amiga.

“Eu acenava loucamente e me olhavam: ‘Quem é esse maluco?’ (risos). Eu tinha que chegar perto e dizer: ‘Ei, sou eu’. O Mumuzinho ficou mega sem graça”, diverte-se Heloísa, que se inspirou em seus tios, que tinham a voz grossa, para criar a personalidade de Tião.

Mesmo com as semelhanças com a realidade, Heloísa diz não ter usado nenhum político para guiar o modo de agir do personagem. O foco foi reforçar o feminino encarando o masculino pela necessidade de espaço e respeito em Pitombas. “A Socorro quando se veste assim quer dizer: a essência é a mesma, o que muda é a roupagem”, completa.

“Acredito que as pessoas têm tido posturas firmes em relação a intolerâncias e certos arquétipos que tendem a fazer um mundo maniqueísta. Nada é maniqueísta, as pessoas são boas e más, divinas e profanas. É manter o pé fincado e dizer que daqui não vai passar mais. A vida não anda para trás”, reforça ela.

FUTURO

“Cine Holliúdy” é somente um dos projetos de Heloísa Perissé, que torce por “mais duas, cinco, dez temporadas” da produção. “É isso, queremos uma ‘Grande Família’ de ‘Cine Holliúdy’ (risos). A série está muito lúdica, numa pegada meio ‘Saramandaia’, meio Dias Gomes, bem nordestina do jeito que a gente ama”, acredita ela.

No ano passado, a atriz foi uma das desmascaradas do The Masked Singer, reality musical da emissora, e se dedicou às sessões do espetáculo “A Iluminada”, que segue em cartaz no Rio de Janeiro até o dia 21 de maio. Afinal, o que falta para Heloísa?

“Acho que quero dirigir, penso em ir para detrás das câmeras, escrever mais meus textos”, revela ela. “Quero migrar para os bastidores, descobrir novos talentos e trabalhar com jovens atores. Vamos ver se rola de escrever um texto meu e dirigir ele.”

Outra expectativa grande dos fãs de Heloísa é para o retorno de “Cócegas”, espetáculo consagrado de comédia ao lado de Ingrid Guimarães. O projeto de relançamento deve ficar para quando a peça completar 25 anos de estreia -ou seja, só em 2026. “Vai ser turnê nacional, com tudo aquilo que promete, só vamos dar uma atualizada no texto”, promete.

JÚLIO BOLL / Folhapress

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