RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O novo museu sobre a herança africana e a história do povo afro-brasileiro na região do Cais do Valongo, na zona portuária do Rio de Janeiro, será inaugurado em 2026, projetou nesta terça-feira (23) o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES .
O memorial faz parte de um projeto batizado como Iniciativa Valongo, que terá o banco como coordenador executivo.
O Cais do Valongo foi a principal porta de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas. As ruínas do local, que recebeu o título de Patrimônio Mundial da Unesco em 2017, foram encontradas em escavações feitas durante obras de revitalização da região em 2011.
O BNDES afirmou que um fundo no valor de R$ 20 milhões deve ser constituído para o início dos trabalhos da Iniciativa Valongo. Desse montante, R$ 10 milhões devem ser financiados pelo próprio BNDES e os outros R$ 10 milhões devem ser repassados por parceiros.
O banco ainda prevê destinar outros R$ 7 milhões para a contratação de consultores que devem atuar na elaboração do projeto do museu.
De acordo com o cronograma apresentado pelo BNDES, a abertura da chamada pública para seleção do gestor do fundo será na primeira semana de julho de 2023. O início das atividades do fundo está previsto para novembro de 2023.
O anúncio ocorreu na sede do BNDES, no Rio. O evento reuniu nomes como o presidente do banco, Aloizio Mercadante, e as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial) e Margareth Menezes (Cultura).
“Do resultado do banco, tem uma parte que é não reembolsável. Estamos escolhendo o Valongo como projeto prioritário não reembolsável”, disse Mercadante.
“Vamos fazer um edital público para contratar uma empresa ou uma ONG que vai administrar e prestar contas dos recursos”, acrescentou.
Em seu discurso, Anielle lamentou os ataques ao jogador de futebol do Real Madrid Vinicius Júnior, que voltou a ser alvo de manifestações racistas no final de semana na Espanha.
A ministra também relembrou a morte de sua irmã, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), que foi assassinada em 2018.
“Falar de racismo é como se a gente estivesse cortando cada vez mais um pedaço de si. Foi duro imaginar o que o Vini Jr passou naquele jogo. Foi duro imaginar a família dele, o que eles sentiram após aquilo ali”, disse a ministra.
“No dia em que mataram minha irmã, infelizmente, eu recebi duas horas depois foto da minha irmã com a cabeça aberta, e as pessoas zombando do crime contra uma mulher negra”, afirmou.
LEONARDO VIECELI / Folhapress