SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nos primeiros minutos de concentração da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo, que acontece neste domingo (11), uma drag queen vestida de Rita Lee monopolizava a atenção dos que chegaram cedo ao ato.
Com um cabelo alaranjado feito de espuma, lantejoulas azuis enormes coladas às pálpebras e uma cobra negra feita de materiais reciclados deslizando pelo ombro, Luiz Maurício passeava pela avenida Paulista como uma encarnação da roqueira. “Estou aqui para fazer as pessoas felizes, como ela sempre fez. Sem preconceitos e sem veneno”, diz ele, apontado a cobra de plástico num sibilar cômico.
Rita morreu no mês passado, aos 75 anos. Fundador do Palco dos Bonecos, grupo de marionetes que homenageia artistas da MPB, Maurício até pensou em trazer à Parada uma versão de meio metro de Rita, mas achou que o boneco não se daria bem na aglomeração típica do evento.
Ele, que se apresentou com a artista algumas vezes nos últimos dez anos, era apenas um dos vários presentes que decidiram homenagear divas da música. Gal Costa, outra voz icônica brasileira morta recentemente, estampava um enorme cartaz que também atraia os flashes d e câmeras profissionais e de celular.
Sempre que o chefe de cozinha Rey Perez abria a cartolina cheia de colagens, aplausos se avolumavam na multidão que ia lentamente preenchendo a Paulista. É para que ela não seja esquecida, diz ele, que a considera um ícone tão LGBTQIA+ quanto qualquer diva pop estrangeira.
Nessa área, uivos inconfundivelmente pertencentes aos trechos iniciais de “Bad Romance”, de Lady Gaga, eram cantados por um dos presentes, que arrancava uivos similares ou aplausos daqueles ao redor.
Até MC Pipokinha era lembrada, conforme um grupo de cerca de 30 pessoas entrava na via por uma das ruas laterais, repetindo uma das frases da funkeira: “Bota na Pipokinha, bota na, bota na Pipokinha”.
LEONARDO SANCHEZ / Folhapress