SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Roberto de Carvalho, 70, lembrou como conheceu a mulher, Rita Lee, em entrevista ao Fantástico (Globo). A cantora morreu na segunda-feira (8), aos 75 anos.
“Eu sou um cara que sempre quis casar com uma mulher, ter três filhos homens, cultivar uma família. Pra isso eu precisava encontrar uma mulher perfeita, que eu tive a sorte de encontrar”, disse o músico.
“O ‘Mania de Você’ foi feita com violão, a gente estava na cama, numa paixão louca e aí consumou a paixão louca e peguei o violão e comecei a tocar. E ela do meu lado pegou o caderninho e… água na boca.
E aí eu fui completando a música”, lembrou Roberto.
Roberto se emocionou ao falar de Rita. Limpando as lágrimas, disse: “Talvez eu fique assim pra sempre. Sempre vai ser difícil. Eu não tenho a menor pretensão de que fique fácil”.
“Ela queria viver, ela não queria partir. Até o fim, ela nunca quis partir. Eu dizia pra ela: ‘Eu queria trocar de lugar com você, porque você tem muito mais coisa para fazer do que eu”, começou Roberto.
“Desde que a gente se encontrou pela primeira vez, 47 anos atrás, eu sou extremamente atento e feliz também por ter estado sempre perto de uma pessoa tão iluminada, tão cheia de vida, de criatividade, de alegria, de luz… Um grande privilégio”.
Emocionado, Roberto se declarou para a amada. “Nos tornamos cara metade ou em vida ou em morte. Eu continuo sendo ela e ela continua sendo eu”.
O músico também lembrou o diagnóstico de Rita: “Ela foi fazer os exames e viu que tratava-se de um tumor já avançado, e os médicos previram um tempo de três a quatro meses. Mas ela encarou o negócio com um estoicismo… Ela fez quimioterapia várias vezes”.
“Foram momentos muito sofridos. Medo, ansiedade, pavor. Junto com o João, meu filho, nós dois tomamos conta da situação toda. E a gente procurou se informar o máximo possível”.
Roberto, que organizou um cômodo com suporte médico para a mulher em seu apartamento, detalhou a partida da cantora: “Ela perdeu o cabelo, perdeu a capacidade de andar, pensar. Entretanto, os momentos finais dela foram de uma leveza, uma calma, uma doçura. Nós estávamos todos juntos com ela. A gente montou um quarto de hospital e, na última fase, na cama, ela parecia uma criancinha, um passarinho. A respiraçãozinha assim [gesticulando em sinal de estar calmo, em paz], e foi parando… Ela foi em paz”.
“Ela era uma pessoa espetacular, única. Ela que falou para eu fazer a entrevista, por isso eu quis insistir. Ela adorava me ver falando. Porque eu sou tímido. A Rita era muito tímida também, mas ela tinha uma personalidade que, quando ela estava exposta, ela não era nada tímida. Muito elegante, falando baixo, ‘por favor’, ‘com licença’… Essa era a Rita”.
Ao final da entrevista, ele olhou para cima e falou: “Meu amor, foi por você. Para você. Como tudo daqui para frente, será sempre por você e para você”.
Redação / Folhapress