SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-deputado federal David Miranda defendeu o voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022 mesmo sendo um correligionário e apoiador de Ciro Gomes (PDT), que à época também disputava o Palácio do Planalto.
Sua declaração de voto no petista foi feita em junho do ano passado, após Ciro sinalizar que não apoiaria Lula em um segundo turno contra Bolsonaro.
Um dos maiores entusiastas da candidatura do pedetista à Presidência, Miranda afirmou à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que iria, sim, votar em Lula caso ele disputasse a segunda rodada eleitoral contra o então presidente.
“Eu vou me vestir de vermelho [cor do PT] dos pés à cabeça e sair pedindo voto”, disse o parlamentar. Ele afirmou, no entanto, que confiava que Bolsonaro sequer estaria no segundo turno, já que acreditava que Ciro Gomes poderia ultrapassá-lo.
“Eu confio muito que teremos um segundo turno entre Ciro e Lula”, afirmou. Na ocasião, segundo pesquisa do instituto Datafolha, Lula tinha 48% dos votos, Bolsonaro, 27%, e Ciro Gomes, 7%.
David Miranda morreu nesta terça-feira (9). Casado com o jornalista Glenn Greenwald, ele havia sido internado em agosto do ano passado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, com um quadro grave de inflamação na região abdominal. A causa da morte não foi informada.
O anúncio foi feito por Glenn nas redes sociais. “Sua morte, nesta manhã, ocorreu após uma batalha de nove meses na UTI. Ele morreu em plena paz, cercado por nossos filhos, familiares e amigos”, escreveu.
O jornalista relembrou a trajetória do companheiro, com quem tinha dois filhos. A mãe de David faleceu quando ele tinha cinco anos. Deixado em um orfanato, na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio, ele foi adotado pela vizinha, mãe de outras quatro crianças.
“Ele se tornou o primeiro homem abertamente gay eleito vereador no Rio de Janeiro, e deputado federal aos 32 anos. Ele inspirou tantas pessoas com sua biografia, paixão e força de vida”, disse Glenn. David completaria 38 anos na quarta-feira (10).
MÔNICA BERGAMO / Folhapress