BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A senadora Tereza Cristina (PP-MS), ministra da Agricultura no governo de Jair Bolsonaro (PL), afirma que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ser mais duro, se quiser pacificar o campo e frear as invasões de terra do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
A senadora critica a decisão de Lula de levar para a viagem oficial à China João Pedro Stedile, dirigente e um dos fundadores do MST, e diz que o movimento não deveria “palpitar” no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
“Quando o presidente leva João Pedro Stedile na sua comitiva oficial –ele tem o direito de levar, eu não levaria– todo mundo esperou que ali fosse uma pacificação desse assunto. Enquanto eles estão lá, antes de voltar eles [integrantes do MST] invadem nove fazendas”, disse.
“Esse movimento precisa sentar com o governo, dizer o que quer, e o governo precisa dizer o que pode dar. E arrumar, dar um freio de arrumação. Essa história de ficar invadindo não vai acabar bem”, completou a senadora nesta segunda (24) a jornalistas.
Na semana passada, o MST iniciou a Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária com a invasão de ao menos nove fazendas, incluindo uma área que pertence à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), além de sedes do Incra.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a nomeação dos superintendentes estaduais do Incra ganhou traçou nos últimos dias. Ao todo, foram trocados os comandos em 19 estados, além do Distrito Federal. Permanecem sem mudanças as chefias de Minas Gerais, Amazonas, Alagoas, Tocantins, Rondônia, Roraima e Amapá.
Um dos principais alvos do movimento é o estado de Alagoas, onde o Incra é chefiado por César Lira, primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), desde o governo Michel Temer (MDB).
A senadora admitiu que o governo Bolsonaro aceitou indicações políticas –ressaltando que não é contra isso–, mas disse que, sob sua gestão, o Ministério da Agricultura trocou os superintendentes regionais quando havia problemas.
Diante das invasões, o governo Lula foi obrigado a aumentar o tom contra o MST. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), tem afirmado que a invasão de áreas produtivas compromete a reforma agrária.
Já o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), classificou que a invasão da Embrapa era “inaceitável”. “Sempre defendi que o trabalhador vocacionado tenha direito à terra. Mas à terra que lhe é de direito”, afirmou na segunda passada (17).
THAÍSA OLIVEIRA / Folhapress