LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, declarou-se contrário à extinção do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), mas sugeriu uma possível mudança de nome do órgão.
“Acabar [com o GSI], não. O que pode é até mudar de nome, colocar outra sigla. Mas aquilo é necessário, é um instrumento de trabalho e de apoio do Presidente da República”, afirmou.
Múcio defendeu, no entanto, a manutenção do gabinete no modelo atual, sob comando de um militar. “Isso [a decisão sobre o comando] não cabe a mim, mas eu acho que não se devia mexer nisso agora”, afirmou.
As declarações foram feitas na tarde desta sexta-feira (21) em Lisboa. Múcio integra a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua viagem oficial à Europa no terceiro mandato.
O ministro aproveitou para elogiar o general Gonçalves Dias, que pediu demissão da liderança GSI após a divulgação das imagens do circuito interno de segurança do Planalto, reveladas pela CNN Brasil. As imagens mostram uma ação colaborativa de agentes do órgão com os golpistas e a presença de Gonçalves Dias durante os ataques de 8 de janeiro.
“O G. Dias é um homem de bem, sério, bem-intencionado. É um dos melhores amigos do presidente da República, uma amizade construída em tempos de dificuldade, 20 anos de amizade”, relembrou.
O destino do general foi selado em meio à recusa de divulgar imagens da invasão ao Planalto.
Uma semana após os ataques de 8 de janeiro, o governo divulgou vídeos editados, em particular com trechos que evidenciavam que os militantes eram aliados de Bolsonaro. No entanto, recusou um pedido da Folha, via Lei de Acesso à Informação, para divulgar a íntegra das gravações.
O ministro da Defesa criticou a recente onda de invasões do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e afirmou que a situação não é boa para o governo.
“Eu acho que eles [MST] não estão ajudando. Se eles são partidários do presidente, eles não estão ajudando. Não é uma coisa boa para o governo, não é uma coisa que a sociedade aceita. Essas coisas têm de ser feitas sem vandalismo, sem depredação”, comentou.
GIULIANA MIRANDA / Folhapress