SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Influenciadora que desde 2019 dá dicas financeiras voltadas ao público de baixa renda, Nathalia Rodrigues, a Nath Finanças, hoje possui uma plataforma de conteúdo onde ministra consultorias particulares e também dá seus pitacos sobre o mercado financeiro.
A essas atividades ela acrescentou mais uma no início de maio, quando passou a fazer parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Chamado de “Conselhão”, o grupo tem o objetivo de intermediar debates entre o poder e a sociedade civil. Seus membros discutem pautas e medidas, e as reuniões geram recomendações ao presidente, que pode ou não acatá-las.
A influenciadora, que também é formada em administração, conta que seu nome foi indicado por Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, e posteriormente aprovado por Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais. Ela diz que receber o convite lhe despertou uma certa incredulidade. Nath achou que o contato, via email e telefone, fosse trote.
“É uma responsabilidade muito grande para alguém que tem 24 anos. A maioria das pessoas que está lá tem anos de carreira, são donos e presidentes de grandes empresas, eu sou a mais nova. Mas traz a oportunidade de falar com o público de baixa renda, que é a realidade do Brasil. E também mostrar para os jovens que podemos alcançar cargos de liderança”, diz, em entrevista à reportagem.
Nath comemora a diversidade da iniciativa e a abertura para diferentes diálogos e opiniões. “Existem muitas coisas que precisam ser levadas como pauta. A gente precisa desse Conselhão mais do que nunca. Nem todo mundo é de esquerda. Tem pessoas que tem pensamentos diferentes em alguns pontos, mas que vão contribuir”, diz a influenciadora, que no governo de Jair Bolsonaro (PL) sofreu ataques nas redes sociais por se posicionar contra o então mandatário.
“Contribuir dessa forma com a sociedade com menos de 30 anos é incrível e surreal. É muito incrível ter pessoas no Conselhão que já pegaram trem, metrô e ônibus lotado, que moram longe do trabalho. Sou parte desse grupo.” Ela afirma que o trabalho é voluntário. Ninguém recebe um centavo, seus integrantes estão ali porque querem ajudar o governo a pensar em políticas públicas e a escutar o povo.
Os trabalhos na nova empreitada ainda não começaram e Nath já está se preparando para a primeira reunião do grupo, prevista para esta última semana de maio. Ela fez uma lista com os assuntos que quer discutir, e no topo está a bandeira que acredita ser prioritária: educação financeira nas escolas.
“Esse assunto é essencial, mas temos que pensar em como vai ser ensinado aos alunos. Por isso defendo que o ensino seja feito de forma transversal, por meio de palestras, disciplina opcional ou na capacitação de um professor para que ele aborde o assunto durante as aulas. Não podemos colocar mais uma matéria tirando outras. É o que acontece com o Novo Ensino Médio, que eu discordo.”
Mesmo contribuindo com o governo, a rotina não sofrerá grandes mudanças, já que as reuniões serão virtuais e as idas a Brasília, esporádicas. Mas adicionar mais tarefas à agenda não foi uma tarefa fácil para quem é multitarefas como ela.
“Tenho que ser tuiteira, compartilhar notícias sobre o mercado financeiro, produzir conteúdo para a minha plataforma digital, o Nath Play, dar consultorias e palestrar em empresas”, conta. A influenciadora também tem em sua rotina sessões de terapia, que considera essenciais. “É para lidar com a síndrome da impostora” (pensamentos, mais frequentes em mulheres, que reforçam a perda de confiança em si e a sensação de que o sucesso atingido não foi merecido).
Entre os seus planos a curto prazo está o de começar a cursar economia. “Não me pergunte como vou saber administrar o tempo, vou pegar poucas matérias. Estou muito feliz, esse é um ano para me especializar na área financeira. Dá um frio na barriga voltar a estudar depois que eu me tornei a Nath Finanças”, diz.
MARIA PAULA GIACOMELLI / Folhapress