CAETANO VELOSO ESTÁ CORRETO. O Brasil é o avesso do avesso. Somos a contramão da civilidade, a negação do positivismo e merecemos, mesmo, o desprezo da opinião pública internacional. Comecemos pela pequenez insignificante que nos cerca. Temos um Legislativo caipira, inexpressivo e nanico. Um amontoado de ninguéns políticos, cuja maior distração é fazer-se notar pela mediocridade de seus passos sem caminho e sem direção. Se nem mesmo sabemos de onde vimos, quanto mais dirá adivinhar para onde ir. Ribeirão Preto é apenas um espelho fiel e digno de nossa mais profunda exiguidade.
TEMOS UM PRESIDENTE QUE NÃO é presidente. Mal assumiu-se como vereador. Está mais para fantoche do que para marionetista. Há outros tantos que o seguem e nem mesmo observam a providencial e necessária distância higiênica. Os exemplos são muitos, são tantos, são quase que inesgotáveis. Comecemos pela semana do golpe militar de 1964, que teve no AI 5 seu melhor modelo de crueldade social e política. Pois bem, o estulto vereador Franco Ferro fez por comemorar. Impediu que o impotente Legislativo da Juventude ocupasse o plenário da Câmara – como acontece habitualmente – e proibiu a transmissão da sessão via TV Câmara.
A SORDIDEZ MODERNA TEM MOTIVOS. Os jovens futurosos entenderam ser bom questionar os titulares do parlamento tupiniquim por excesso de projetos inexpressivos e inconstitucionais. Foram barrados no baile. Houve bate-boca, troca de ofensas oficiais, gabinetes lotados e exaltação de vozes. Nossos jovens, claro, levaram a pior. Mas gravaram tudo em fitas, áudios e vídeos. O franco presidente não teve dúvidas: “aqui ninguém fala mar de nóis”. Baixou um édito e desautorizou a reunião dos 22 adolescentes, número que não por acaso corresponde ao mesmo dos ocupantes do verdadeiro e horripilante Legislativo.
AINDA NÃO TOTALMENTE FELIZES com as maldades oficiais da presidência, eis que, se não, quando, a Câmara volta a atacar. Desta vez é o solerte vereador Renato Zucolotto o autor das estrepolias submetropolitanas. Sem combinar com os russos, sem formalizar com aliados ou desalinhados, sugere a desapropriação de um prédio central para transforma-lo em centro administrativo do insonso Governo municipal. O edifício, no caso, abriga o shopping Santa Úrsula, em pleno funcionamento com mais de uma centena de lojas, prestação de serviços e mais de mil funcionários.
MAIS DO QUE DESELEGANTES, as medidas são autoritárias e antidemocráticas. Caetano Veloso deve avessar novamente seus poemas musicais. Sem comentários.