Saiba o que é anarcocapitalismo, ideologia político-econômica defendida por Milei

Javier Milei foi eleito na Argentina com lema do anarquismo. Foto: Reprodução Twitter.

Javier Milei é o primeiro presidente eleito no mundo sob lema anarcocapitalista. O sistema, uma das vertentes do anarquismo, defende o enxugamento máximo do Estado e a prática do livre-mercado, onde os serviços públicos são na verdade oferecidos por empresas privadas, como saúde e educação.

O anarquismo consiste numa forma de organização social sem a presença do Estado, onde as pessoas fariam uma espécie de autogestão. Já no modelo acarcocapitalista, o Estado ainda existe, mas com o objetivo de proteger a soberania de cada indivíduo, visto como forma de controle comportamental e executor da violência.

José Niemeyer, professor e coordenador do curso de relações internacionais do Ibmec Rio de Janeiro, explicou o que seria o modelo em entrevista ao Jornal Novabrasil desta segunda-feira (27):

É uma interpretação ultrarradical do capitalismo, como se não tivesse espaço público na vida em sociedade. Tudo que é público e estatal deve ser retirado da sociedade e vão sobrar os sujeitos, as estruturas privadas e as relações privadas”.

Na visão de Niemeyer, o ‘anarcocapitalismo’ foi uma jogada de marketing de Milei para alavancar a campanha eleitoral.

Eu acho que o Milei usou essa expressão, anarcocapitalismo, para chocar e ganhar a eleição. E ganhou”, apontou.

Atualmente, nenhum país segue o modelo anarcocapitalista. Nos Estados Unidos, a interferência do Estado na economia é enorme. O Estado financia a agricultura, setores estratégicos como armamento, medicamentos, assim como no Brasil.

Niemeyer afirmou ainda que a promessa de fechar o Banco Central argentino dificilmente será concretizada. “O Banco Central é uma interferência no mercado para um anarcocapitalista. Para um ultraliberal como o Paulo Guedes, o Banco Central tem um papel central de controlar minimamente a emissão de moeda e base monetária para controlar a inflação”, pontuou o professor.

Niemeyer concluiu que o termo foi usado como “um jogo de retóricas” para cativar principalmente os eleitores mais jovens e as classes mais baixas, que não dispõem de formação política, mas fica “entusiasmado quando alguém fala que é de direita”.

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