Flávio fala em tentativa de ‘esculacho’ contra Bolsonaro e vê motivo infantil para busca

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta quarta-feira (3) que existe uma tentativa orquestrada de assassinar a reputação do pai dele, Jair Bolsonaro (PL), e que a operação de busca e apreensão contra o ex-presidente tem motivação “infantil”.

“Como para o Bolsonaro a gente sabe que não existe a presunção de inocência, e é óbvio que uma busca e apreensão na casa de um ex-presidente gera repercussão mundial, fica a pergunta: qual a intenção de alguém autorizar busca e apreensão na casa de um ex-presidente por causa de um motivo infantil desse?”

Nesta quarta, a PF (Polícia Federal) cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro e prendeu o ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid. A suspeita é de que os registros de vacinação dos dois e de Laura, filha mais nova do ex-presidente, tenham sido forjados.

A PF também também cumpriu mandado de busca e apreensão contra o ex-vereador do Rio de Janeiro Marcello Siciliano. A corporação apura se o ex-parlamentar intermediou a inclusão dos dados falsos nos sistemas do SUS (Sistema Único de Saúde).

Siciliano chegou a ser investigado sob a acusação de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco. Ele também já foi investigado por envolvimento com a milícia no Rio. Flávio afirmou que há uma “narrativa criminosa” para “tentar envolver Bolsonaro nesse assunto”.

“Será que a intenção é tentar mais uma vez vincular o Bolsonaro ao assassinato da Marielle? […] Essa narrativa criminosa de mais uma vez tentar envolver Bolsonaro nesse assunto, desculpa a palavra, escrota. Isso é muito escroto. Até onde vai o nível de perseguição de algumas pessoas ao presidente Bolsonaro?”

Flávio repetiu a linha de defesa do pai e disse que apenas a madrasta, Michelle Bolsonaro, se vacinou contra a Covid. O senador afirmou que o ex-presidente não tinha motivos para fraudar seu cartão de vacinação, e que Laura não se vacinou por recomendação médica.

“Ele, como chefe de Estado, nunca precisou apresentar cartão de vacinação nenhum, até porque era público que ele não tinha se vacinado. Então não faz nenhum sentido Bolsonaro querer adulterar um cartão de vacinação. Não ia ter benefício nenhum”, disse na tribuna do Senado.

A PF afirma que Bolsonaro tinha ciência da inserção fraudulenta dos dados no sistema do Ministério da Saúde. Um dos indícios é o fato de o certificado de vacinação do ex-presidente ter sido emitido do Palácio do Planalto nos dias 22 e 27 de dezembro.

Segundo a PF, as informações coletadas mostram que o ex-presidente se uniu ao secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Brecha, que foi preso, e aos assessores Cid e Marcelo Câmara para inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no sistema.

Filho mais velho de Bolsonaro, Flávio também criticou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação no âmbito do inquérito das milícias digitais.

O senador afirmou que tentam “pescar” algo contra Bolsonaro porque não “não conseguem envolvê-lo em esquema de corrupção nenhum”, e disse que “a montanha vai parir um rato”.

“Você joga uma rede, joga uma tarrafa, puxa e vê o que vem agarrado nela. Como não conseguem achar nada, ‘vamos tomar o telefone dele, vamos na casa ver se a gente acha alguma coisa que possa incriminá-lo por qualquer coisa’. Não precisa ter relação com o inquérito não. Vamos ver o que acontece.”

A PF disse que investiga uma “suposta associação criminosa” formada para inserir “dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde”, o que é crime.

Segundo a Polícia Federal, os alvos da investigação teriam realizado as inserções falsas entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 para que os beneficiários pudessem emitir certificado de vacinação para viajar aos Estados Unidos.

Bolsonaro deixou o Brasil no dia 30 de dezembro do ano passado, se recusou a entregar a faixa para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e só retornou ao país no final de março, após 89 dias.

Os Estados Unidos exigem a apresentação de comprovante de vacina contra a Covid-19 para viajantes —uma obrigatoriedade que será encerrada no próximo dia 11.

THAÍSA OLIVEIRA / Folhapress

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