Aliados do presidente Lula tentam atrair o União Brasil para a base governista e impedir, consequentemente, que o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro assuma postos importantes na Câmara dos Deputados. A articulação esbarra na exigência do União Brasil de mais cargos no Executivo. A sigla já conseguiu nomes em três ministérios.
Agora, além da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), quer também os comandos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), da Superintendência de Seguros Privados (Susepe), da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e ainda a presidência do Banco do Nordeste. Juntos, os orçamentos destes órgãos superam R$ 2,9 bilhões em 2023.
Lula conta com o União Brasil para montar um grupo capaz de deixar o PL. dono da maior bancada da Câmara, isolado. A intenção do presidente é evitar que o partido de Bolsonaro comande a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde passam todos os projetos que tramitam na Casa. Na prática, o controle do colegiado dará ao Palácio do Planalto poder para pautar propostas de seu interesse ou segurar aquelas que não lhe agradem.
A eleição para a presidência da Câmara está marcada para 1º de fevereiro. No entanto, as negociações estão travadas. O presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), até admite a possibilidade de aderir ao bloco governista, mas enfrenta resistência de Elmar. Após ser barrado por petistas para a vaga de ministro da Integração Nacional, o parlamentar se reuniu com interlocutores de Lula nos últimos dias para discutir a ocupação de espaços no governo.