BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu nomear o ex-interventor da segurança no Distrito Federal Ricardo Cappelli para comandar interinamente o GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
A decisão foi anunciada pelo ministro da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República), Paulo Pimenta, a jornalistas, na noite desta quarta-feira (19), após a demissão do ministro do GSI, general Gonçalves Dias.
Pimenta também anunciou a exoneração do atual secretário-executivo do GSI Ricardo José Nigri, que havia assumido o cargo no dia 24 de janeiro, cerca de duas semanas após os ataques golpistas do dia 8 daquele mês.
Cappelli atualmente é o secretário-executivo do Ministério da Justiça. Ele assumirá o cargo de secretário-executivo do GSI e, na ausência de um novo ministro, vai comandar a pasta.
“O presidente da República decidiu que, juntamente com o afastamento do general GDias, haverá também o afastamento do secretário-executivo do GSI e será nomeado interinamente como secretário-executivo do GSI, respondendo pelo GSI interinamente, o senhor Ricardo Cappelli”, afirmou Paulo Pimenta a jornalistas.
Pimenta lembrou que o presidente Lula viaja oficialmente para a Europa nesta quinta-feira (20) e que na volta vai traçar “uma estratégia e uma posição definitiva sobre o futuro do GSI”. O chefe da Secom, no entanto, afirmou que não existe discussões referentes à extinção do órgão.
“Mas o presidente entendeu que era importante que esse espaço fosse ocupado imediatamente. Cappelli fez um trabalho muito importante como interventor aqui na segurança pública do Distrito Federal. Ele portanto foi convidado e já aceitou o convite e ele responderá interinamente, como secretário-executivo, pelo GSI”, completou o ministro.
Cappelli foi nomeado interventor federal na segurança pública do Distrito Federal no dia 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro ainda ocupavam e vandalizavam o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
Ele atuou como interventor até o último dia de janeiro. Nesse período exonerou toda a equipe que havia sido nomeada pelo ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres, que havia sido ministro da Justiça de Bolsonaro.
A outra mudança no GSI envolve um quadro que havia sido nomeado já pelo governo do presidente Lula, em um processo de “desbolsonarização” do órgão. Ricardo José Nigri havia sido indicado para substituir o general Carlos José Russo Assumpção Penteado, que era homem de confiança do ex-chefe do GSI no governo Bolsonaro, general Augusto Heleno.
O ministro Gonçalves Dias teve o seu pedido de demissão aceito pelo presidente na tarde desta quarta-feira, desgastado com a divulgação de imagens das câmeras de seguranças do Palácio do Planalto, que colocaram em xeque a atuação de seu órgão no dia 8 de janeiro.
Segundo a gravação, divulgada pela CNN Brasil, os vândalos receberam água dos militares e cumprimentaram agentes do GSI durante os ataques. O próprio general, chamado de GDias pela equipe do governo, circula pelo terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República, enquanto os atos ocorriam no andar de baixo.
MARIANNA HOLANDA E RENATO MACHADO / Folhapress