BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) afirmou nesta sexta-feira (2) que houve falta de preparo e treinamento por parte dos militares que agrediram jornalistas durante entrevista com o ditador Nicolás Maduro, no Palácio do Itamaraty.
A confusão aconteceu na noite de terça (30). Maduro foi o último chefe estrangeiro a deixar o Itamaraty, onde ocorreu reunião de líderes sul-americanos, e parou para fazer declarações à imprensa quando dezenas de jornalistas se aproximaram para ouvi-lo. Ao deixar o local, ele seguiu respondendo a perguntas, momento em que as agressões começaram a ocorrer.
Pimenta disse que os agentes que atuavam naquele momento eram do Batalhão do Exército e que haviam sido requisitados pelo Ministério das Relações Exteriores.
“Eu conversei com o [ministro do Gabinete de Segurança Institucional] general Amaro e ele me disse que parte daqueles jovens que estavam lá trabalhando era de jovens do batalhão do Exército que o Itamaraty pediu que fossem trabalhar no apoio. E eu percebi que não houve, talvez, inclusive, um treinamento, preparação”, afirmou o ministro.
O chefe da Secom acrescentou que pretende criar um ambiente para juntar agentes de segurança e jornalistas “não só para demonstrar nosso apreço pela imprensa”, mas para que eles passem a enxergar jornalistas como alguém que cumpre “papel fundamental para a democracia”.
Pelo menos três jornalistas relataram agressões. A repórter Delis Ortiz, da TV Globo, afirmou ter recebido um soco no peito. O repórter Sergio Roxo, de O Globo, foi arrastado pela roupa e depois imobilizado; e uma terceira profissional, Sofia Aguiar, da Agência Estado, disse ter sido empurrada por um segurança.
Assessores palacianos afirmam que já foi identificado o agente que deu o soco no peito de Delis Ortiz.
O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) instaurou na quarta-feira (31) uma sindicância para apurar as agressões.
RENATO MACHADO / Folhapress