Vândalo de relógio de dom João 6º usou extintor para abrir caminho em 8/1

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O homem que vandalizou o relógio de dom João 6º no dia 8 de janeiro usou extintores de incêndio para abrir caminho no Palácio do Planalto e acessar os andares superiores. Novas imagens do circuito de câmeras mostram o golpista no térreo às 15h22 circulando próximo à sala do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

Às 15h24, ele reaparece na gravação com um extintor de incêndio e sobe só alguns degraus da escada que dá acesso aos salões de eventos do palácio. Depois de acionar o extintor, ele recua, demonstra desconforto com a fumaça e chama outros manifestantes para subirem.

Pelas câmeras de segurança do andar seguinte –identificado pelo GSI como segundo andar– é possível ver que o homem depois joga os dois extintores pela escada como se fossem granadas. Ele então observa o local, constata que não há ninguém e acessa o pavimento às 15h25.

Antes de subir para o terceiro andar do Palácio do Planalto, onde estava o relógio centenário de dom João 6º, o vândalo pega ainda o que parece ser a haste de uma bandeira para destruir um caixa eletrônico do segundo andar.

Pouco depois, ele aparece ao lado de uma pessoa que filmava o episódio e gesticula de forma agressiva olhando para a câmera do celular. Às 15h33, ele joga o relógio no chão, empurra uma mesa e uma cadeira, e pega extintores de incêndio para tentar quebrar a câmera de segurança, sem sucesso.

Identificado como Antonio Claudio Alves Ferreira, 30, ele foi preso pela PF (Polícia Federal) em 23 de janeiro na cidade de Uberlândia (MG). A casa dele, em Catalão (GO), foi alvo de busca e apreensão no dia seguinte. Em 8 de janeiro, ele usava uma camiseta com o rosto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Único exemplar da peça no mundo todo, o relógio foi dado de presente a dom João 6º pela corte francesa. A obra foi desenhada por André-Charles Boulle e fabricada pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot no fim do século 18, poucos anos antes de ser trazida ao Brasil.

O governo da Suíça se ofereceu para ajudar o governo federal a restaurar a peça. Segundo relatório preliminar do Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, divulgado em janeiro, o relógio estava “fragmentado em toda a sua extensão, apresentando fissuras, deformações e perdas”.

As imagens do circuito interno do Palácio do Planalto foram disponibilizadas pelo GSI após ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Até então, o governo federal havia divulgado apenas trechos editados do dia –como a destruição do relógio de dom João 6º.

A antessala do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi arrombada por golpistas às 15h56, após um homem dar um chute na porta de vidro. A gravação sugere ainda que ele estava ciente que sua ação seria gravada por outra pessoa –no caso, um repórter fotográfico da agência de notícias Reuters.

As imagens da antessala presidencial foram o estopim da crise que culminou na queda do então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias. Conhecido como GDias, ele prestou depoimento neste sábado (22) e disse que a Justiça vai apontar que ele não tem “qualquer responsabilidade”.

THAÍSA OLIVEIRA, RANIER BRAGON, MARIANNA HOLANDA, JULIA CHAIB E CÉZAR FEITOZA / Folhapress

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