A Prefeitura de São Paulo firmou uma parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) para o desenvolvimento da vacina Calixcoca contra a dependência de crack, cocaína e derivados.
O imunizante está em estudo desde 2015. Concluídos os testes pré-clínicos com ratos, nos quais foi observada a produção de anticorpos anticocaína no organismo dos animais, os pesquisadores iniciaram as buscas de recursos para os estudos em humanos.
Nos testes, os anticorpos produzidos pela Calixcoca criaram, a partir de uma molécula sintética, uma barreira que impediu a cocaína de ser levada pelo sangue para o sistema nervoso central e o cérebro, o que interrompeu o mecanismo que provoca a compulsão pela droga.
A parceria entre Frederico Garcia, professor e pesquisador da UFMG, e a equipe da prefeitura responsável por dar andamento ao processo foi firmada nesta quinta-feira (1º). Integram a equipe os secretários municipais da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, e de Governo, Edson Aparecido, o chefe de gabinete da gestão municipal, Vitor Sampaio, e o responsável pela Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde), Luiz Artur Caldeira.
As próximas fases de estudo da vacina poderão custar R$ 4 milhões aos cofres da Prefeitura de São Paulo.
Conforme o progresso das pesquisas, será avaliada a aplicação do imunizante em grupos elegíveis, incluindo dependentes químicos em fase de recuperação. A vacina, indicada ao prêmio Euro, que reconhece a inovação de profissionais latino-americanos em medicina, também poderá ajudar no tratamento da dependência em outras drogas.
O secretário Luiz Carlos Zamarco afirmou que, se bem-sucedida, a vacina poderá ser determinante para o tratamento de dependentes de crack e cocaína que, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), respondem por 11% da dependência química no Brasil.
“Será, entre outros avanços científicos, um movimento para a recuperação psicossocial e a reintegração de dependentes químicos à sociedade”, disse o secretário municipal da Saúde.
A Calixcoca também mostrou eficácia na proteção de grávidas -reduziu o número de abortos espontâneos e contribuiu para o ganho de peso dos fetos, além de protegê-los da dependência química desenvolvida pela mãe.
A ideia para o desenvolvimento da vacina surgiu do sofrimento de grávidas dependentes de crack que chegavam ao ambulatório da UFMG.
PATRÍCIA PASQUINI / Folhapress