QUANDO O SUJO FALA DO MAL LAVADO

ESTRANHA ESSA HORDA DE VEREADORES que nos representa em Ribeirão Preto. Há ‘donos’ da verdade que mentem; hipócritas que fingem seriedade; condenados que condenam; mentirosos que juram verdades; covardes que se prenunciam corajosos: ‘ausentes’ quase nunca presentes… Essa inútil conjunção provoca um desgaste ético que se esparrama por todo o coletivo da Câmara. Todos pagam, ainda que os erros, por maioria das vezes, sejam pessoais e intransferíveis. Pior, mesmo, é quando se juntam em grupos e tentam impor verdades inúteis que emporcalham a consciência da cidade. Neste terreno, o tapete político esconde rachadinhas, absolve assédios moral e sexual; ignora condenações jurídicas e finge ‘desenxergar’ confissões públicas de má conduta moral. Interessante que esses mesmos intérpretes são algozes de colegas eventuais e deslizes ocasionais. Fazem festa e anunciam que a época da folia está aberta – basta ter interesse e demonstrar parcialidade descarada.

NUNCA DEMAIS LEMBRAR QUE erros ou descuidos femininos fazem aumentar o tom de voz de confrarias machistas e ampliam despudoramente as acusações. Tomem como exemplo o triste caso de dona ex-prefeita Dárcy Vera, durante o ainda mais enfadonho episódio da Sevandija. Não bastasse ter que pagar juridicamente pelos próprios erros e desacertos – ainda que sem julgamento definitivo – teve que enfrentar a ira de considerável parcela da mídia (formada em sua quase que totalidade por homens). Assim somos, se assim seremos. Editores gravaram um alvo imaginário em suas costas e dona prefeita teve que arcar com todos os pecados da Bíblia, do primeiro ao último testamento. A pergunta que vale milhões de dólares, na verdade, nunca realmente foi levada ao ar ou publicada nas manchetes sensacionalistas. Fosse prefeito um “ELE” e não uma “ELA”, haveria perseguição paralela? Viria com a mesma intensidade? Ou os acordos e acertos dos confrades falariam mais alto? MP e PF agiriam com o mesmo estardalhaço?

NÃO CONHEÇO E JAMAIS FUI apresentado a vereadora Perla Muller. Mas dou-lhe o direito de ser humana e também – como eu e o rei Charles III – cometer erros e indelicadezas. Gosto das pessoas que erram; pois a elas é dado o direito de erguer as mãos e se explicarem. Perla errou na dose. Pensou participar de um humorístico de rádio e não previu consequências. Nada, no entanto, que sepulte o desejo sanguinário do ex-presidente de matar 30 mil irmãos brasileiros em um novo golpe militar; ou encerre a grosseria do mesmo senhor diante de mulheres; o destrato às minorias, como índios e quilombolas; ou até mesmo o destempero cínico e sempre incivilizado contra nós, jornalistas. Perla se martirizou o suficiente. Pediu escusas a quem falsamente se sentiu ofendido. Falou em desculpas por quase uma dezena de vezes. Esqueceu-se, porém, que é mulher, defensora de causas humanitárias e atuante por questões sociais. Não faz parte da confraria que faz boca de urna, não precisa fazer acertos com o MP e nem pagar para ser absolvido pela Justiça. Também não escorcha funcionários e não pratica rachadinha em seu gabinete. Vida que segue.

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