Rita Lee inspira espetáculo de dança com explosão de amor, humor e sexo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – É um desfile de moda sem passarela. O brilho da roupa não avança em direção ao público -se espalha no palco, brilha numa pista de dança. As bailarinas Ana Brandão, Luana Fulô e Patrícia Zarske caem na noite em “Lá Vem Ela”, espetáculo que homenageia a cantora e compositora Rita Lee, em cartaz no Teatro Unimed.

Idealizada por Ana Paula Bouzas e Jussara Setenta, a coreografia foi provocada pelo desejo de falar de São Paulo, a neurose em forma de cidade. Às diretoras, Rita pareceu personificar a pesquisa feita até então. Nela, a dupla encontrou uma explosão de humor, ironia e transgressão.

“Percebemos que as apresentações de Rita transcendiam os shows convencionais. Além da literatura, ela tinha interesse nas artes cênicas e a dança contemporânea também tem desejo de dialogar com outras linguagens”, diz Bouzas.

Hedonismo e erotismo, dois eixos temáticos da discografia da cantora, se inserem na atmosfera noturna. A balada é o lugar da devassidão, e nela as bailarinas usam os braços abertos e a coluna ereta para comunicar um comportamento decisivo, transgressor.

O sexo é insinuado no contorcionismo de uma das bailarinas, algo que lembra a arte circense, e aparece de modo mais explícito quando as artistas sobrepõem suas mãos às virilhas.

No palco, interagem com caixas de som e exploram a gestualidade da roqueira, manipulando pedestais sem microfones, vários deles dependurados do teto. Desde o início, as artistas fugiram de uma abordagem literal ou biográfica, preferindo explorar os símbolos que a cantora incorporou em sua obra ao longo do tempo. Lá estão o par de óculos de lente vermelha, por exemplo, ou então os tantos cortes de cabelo usados pela artista.

A música também foge de uma enumeração de hits. O trabalho de Jarbas Bittencourt e Ronei Jorge aborda o universo musical da cantora, por vezes citando algumas gravações conhecidas.

Do mesmo modo, os causos colecionados por Rita são sugeridos. Uma das bailarinas se veste de prisioneira, evocando o episódio em que a cantora se vestiu de presidiária no primeiro show depois que saiu da prisão, em 1976.

Agora, Rita está recolhida em sua casa, se recuperando do câncer no pulmão, diagnosticado no fim de 2021. Em fevereiro passado, passou nove dias no Hospital Israelita Albert Einstein. No Instagram, cada foto sua provoca furor entre os fãs. Bouzas conta que Rita não tomou conhecimento da homenagem.

“Lá Vem Ela” sublinha seu senso de humor, apostando num diálogo com o teatro. A coreografia é pensada em cinco temas -visualidade, feminilidade, ludicidade, criatividade e festividade.

“Tivemos um respeito absoluto pelo universo da Rita”, afirma Bouzas. “À cena, escolhemos trazer o corpo que provoca o riso.”

LÁ VEM ELA

Quando Sex. e Sáb. 20h; dom. 18h; Até 30/04

Onde Teatro Unimed – Al. Santos, 2159, Jardins, São Paulo

Preço De R$ 40 a R$ 100

Classificação Livre

Autor Ana Paula Bouzas e Jussara Setenta

Elenco Ana Brandão, Luana fulô e Patrícia Zarske

GUSTAVO ZEITEL / Folhapress

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