Por trás do olhar meigo e da maquiagem, Nicolly, de 15 anos, era uma menina doce, estudiosa e cheia de vida. Em Mococa, no interior de São Paulo, levava uma rotina simples e protegida, sempre cercada pela mãe e pela família. “Lá [em Mococa] é a mesma vidinha: ir pra escola, voltar pra casa… Mal sai, e quando sai, tá sempre com a gente”, contou a mãe, emocionada, em entrevista antes da confirmação da morte da filha.
A adolescente estava passando as férias da escola com o avô, em Hortolândia, quando desapareceu no dia 14 de julho. Até então, o celular de Nicolly seguia recebendo mensagens, o que dava à família alguma esperança de que ela estivesse apenas incomunicável. Mas a angústia logo deu lugar ao desespero — e, dias depois, à dor da perda.
Nicolly era apaixonada por arte e costumava passar horas desenhando. “Ela é super talentosa, é desenhista, tem vários talentos. Uma menina que todo mundo ama… educada, gentil, doce, dedicada nos estudos”, descreveu a mãe, com orgulho.

O caso
Na tarde desta sexta-feira (18), o corpo de Nicolly foi encontrado em uma área de mata com auxílio de um cão farejador da Guarda Municipal. O reconhecimento foi feito pelo próprio pai, Vinícius, que também é guarda municipal. Foi ele quem confirmou o laudo do IML. “Tá sendo muito difícil essa situação. É uma situação de terror mesmo… é agoniante pra mim”, desabafou no local.
O pai acredita que o namorado da adolescente esteja envolvido no crime. Na noite anterior à descoberta do corpo, Vinícius participou de uma ação conjunta entre a Polícia Civil e a Guarda Municipal. Na casa do suspeito foram encontradas manchas de sangue, um colchão e componentes de computador queimados, além de produtos de limpeza — indícios de uma tentativa de apagar rastros. A investigação apura ainda o envolvimento de uma ex-namorada do adolescente, que teria participado da emboscada.
A esperança dá espaço à dor
Nas redes sociais da mãe, o tio de Nicolly, Gustavo Magrin, irmão da mãe da jovem, também expressou a dor da família.
“Agradeço a todos que compartilharam e ajudaram de alguma forma, mas infelizmente o pior aconteceu: Nicolly foi encontrada morta. Por favor, respeitem esse momento de luto da família.
Obs.: aqui é o irmão dela, Gustavo Magrin, porque ela está sem condições, abaladíssima.
Infelizmente, minha sobrinha virou mais uma na estatística, mas sempre será amada e lembrada por todos. 🖤”
Para a família, além da dor, resta o clamor por justiça. “Era pra Nicolly estar comigo, passando as férias comigo… Implorei, pedi de todas as formas. Tudo que eu podia fazer como pai, eu fiz”, disse o pai. Os dois haviam combinado de se reencontrar naquele sábado.
A história de Nicolly é mais um retrato de uma juventude interrompida, de uma menina que vivia sob o afeto da família, cultivava sonhos simples e encantava todos ao redor com sua doçura e talento.






