BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Candidato derrotado do PT ao governo de Santa Catarina na última eleição, Décio Lima assumiu a presidência do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) há um mês por interferência de Lula.
O mandatário pediu que o antecessor, Carlos Melles, abrisse espaço para que o PT comande o órgão. Sob a nova gestão, oferecerá crédito com juros baixos, forma de estimular a economia e pressionar o BC a cortar a Selic, hoje em 13,75% ao ano.
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PERGUNTA – Qual será o papel do Sebrae diante da retração do crédito?
DÉCIO LIMA – Consolidamos 85% dos empregos, 99% das empresas, e 30% do PIB. Vamos oferecer uma alternativa de crédito, que hoje enfrenta um obstáculo com o BC mantendo os juros mais altos do mundo. Isso contraria qualquer política sensata de crescimento. É perverso especialmente para os pequenos empreendedores. Tomar crédito nesse ambiente é submetê-los à falência.
P – O que farão?
DL – Fundos garantidores. Com a Finep [Financiadora de Estudos e Projetos] está pronto. Colocaremos R$ 80 milhões e ela, R$ 50 milhões. Com esse recurso, a gente oferece R$ 1 bilhão em microcrédito com taxas pequeníssimas, 2,5% ao ano. Com o BNDES, a agenda é maior.
P – Como será?
DL – Temos um banco de crédito, ainda sem aval do BC para funcionar, com R$ 600 milhões no caixa. Usaremos esse dinheiro e, junto com cerca de R$ 1 bilhão vindo do BNDES, criaremos outro fundo para emprestar mais de R$ 10 bilhões. Nessa modalidade, cada real próprio lastreia até R$ 12 em crédito. Estamos buscando saída no Sebrae, enquanto o BC não atende aos interesses do Brasil.
P – Então fechará o banco que nem foi aberto?
DL – Sim. O banco é inviável com essa Selic.
P – Vai precisar do Congresso?
DL – Não. Já tem marco regulatório aprovado [para os fundos].
P – Foi uma orientação dada por Lula para forçar a queda dos juros?
DL – Tudo está dentro da linha de pensamento do governo: gerar emprego.
P – Também considera que o BC deixa os juros elevados por questão política?
DL – Não tenho dúvida. Além disso, o BC fere os princípios de nossa soberania. É uma agressão de mercado injustificável.
P – O sr. defende a troca do presidente do BC?
DL – Não posso personalizar. Nem o conheço [Roberto Campos Netto]. Mas juros dessa natureza inviabilizam o nosso país e deixam, por um bom período, as pessoas com fome e na miséria.
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RAIO-X
Formação: advogado formado pela Universidade do Vale do Itajaí (SC)
Carreira: Vereador em Itajaí (1993-1997), prefeito de Blumenau (1997-2005), deputado federal pelo PT (2007-2019). Disputou o governo de SC, em 2022, mas foi derrotado
JULIO WIZIACK / Folhapress