Supla detona ‘ratazanas de iPhone’

SOROCABA, SP (FOLHAPRESS) – Prestes a lançar um novo álbum, Eduardo Smith de Vasconcellos Suplicy, o Supla, 57, continua com visual e atitudes punk, anda produzindo cada vez mais e se diz um incansável. Workaholic assumido, considera-se “um dos caras mais trabalhadores” do show business.

Ele mantém o hábito de salpicar frases e expressões em inglês durante as conversas (“I don’t give a fuck”), e de uns tempos para cá, vem ficando cada vez mais incomodado com um fenômeno relativamente recente: os roubos de celular no centro de São Paulo, onde mora.

Uma das músicas do álbum previsto para o final de junho trata justamente disso: “Ratazana de iPhone”, que será lançada nesta sexta (19), no YouTube. “É o que eu vejo aqui todo dia. E são sempre as mesmas pessoas assaltando”, indigna-se. Ao todo, são 12 faixas neste novo trabalho, que inclui também “As It Was Punk”, sua versão da música de mesmo nome do cantor britânico Harry Styles. “Vou fazer clipe de todas. Hoje em dia se não tiver o clipe não tem jeito”, avalia.

Ainda de luto com a morte de Rita Lee, no último dia 8 de maio, Supla conversou com a reportagem sobre sua relação com a cantora, a vida pós-participação em reality shows, e também lembra de uma pergunta curiosa que Hebe Camargo lhe fez certa vez.

PERGUNTA – Você está chegando à casa dos 60 anos e não para de trabalhar. De vez em quando não pensa em dar uma freada na carreira e curtir um pouco a vida?

SUPLA – Eu curto a vida fazendo o que faço. É trabalho? É trabalho pra caralho, nossa, I think I’m one of the hardest working man in show business. (Ele repete a frase, traduzindo-a para o português: “Sou um dos caras mais trabalhadores de show business”), eu não paro. Mas é uma coisa que me dá tanto prazer, meu. Enquanto tiver esse fogo no rabo, não vou parar.

P – O que esperar do novo álbum?

S – Estou com o vinil aqui, vermelho, tá lindo. São 12 músicas e vai sair no dia 30 de junho. Já foram lançados o “Supla – Zombie”, “As it Was”, que é um cover do Harry Styles. Muita gente fala que prefere a minha versão do que a dele próprio. Eu particularmente prefiro, pode mandar eu me foder. I don’t give a fuck, eu prefiro a minha versão. Mas a dele é ótima também. Outra é “Ratazanas de iPhone”, o clipe eu lanço dia 19.

P – Ratazanas de iPhone?

S – Sim. É uma música sobre os assaltos de celular aqui em São Paulo. As pessoas que roubam não tiveram oportunidades, concorda? Mas, ao mesmo tempo, tem gente que tem oportunidade e é do mal também, porque nasceu mau. Não vamos negar. Moro no centro, vejo todo dia as mesmas pessoas assaltando.

P – Você já foi assaltado?

S – Não, porque eu sou eu. Não porque sou o Supla, mas porque sou maloqueiro também. Ando aqui na rua. Poderia ter sido. Eles assaltam qualquer pessoa. Não respeitam nem malandro, sabe como é que é? O que eu vejo de trabalhador aqui do Centro sendo assaltado pela gangue da bicicleta, é o tempo inteiro, tá ligado? Caras que nem pagaram o celular ainda.

P – Você fez uma homenagem muito bonita para a Rita Lee no Instagram. O que ela significava para você?

S – Ela significou muito não para mim, mas para as mulheres da geração dela. Quebrou tabus. E encontrou uma fórmula, que é muito difícil isso, uma fórmula pop mesmo. Ela e Roberto viveram uma grande paixão, quase John Lennon e Yoko Ono. Não que a Rita fosse Yoko, no sentido daquela coisa dos Beatles, mas sim na relação de amor linda que o John tinha com a Yoko. E essa relação criou canções maravilhosas, tá ligado? Tipo “meu bem, você dá água na boca”. Fantástico. Ela me deu alguns conselhos: ‘Continua sendo você mesmo’, isso me marcou bem. ‘Continua sendo você mesmo, cara, que está ótimo’, ela disse.

P – Você foi uma das estrelas da Casa dos Artistas, exibido pelo SBT há 20 anos. Se te chamassem para um reencontro, ou um novo reality show, você iria?

S – Eu fiz quatro realities. A Casa dos Artistas, que foi o primeiro do Brasil, Papito in Love, Breakdown e Ídolos, em que eu era jurado. Para mim, foi maravilhoso. Vendi um milhão de cópias, o pessoal me conhecia da época dos anos 1980, quando não era normal ter cabelo branco ou ficar dando soco no ar na televisão. Eu lembro que a Hebe Camargo me perguntou: ‘Você é uma pessoa agressiva, Supla? Porque você é tão dócil falando…’.

P – E o que você respondeu?

S – Eu disse: ‘Não, Hebe, é uma questão de performance, quero chegar e ser lembrado. Não quero entrar aqui e não fazer nada para amanhã ninguém se lembrar de mim’. É uma forma de deixar uma marca. Até minha tia falou uma vez, ‘Pô, você tem 18 anos. Quando tiver 30, vai ficar se vestindo assim?’. Tia, eu tô com 57, e até hoje assim. É uma escolha de vida, porra.

LUCAS MONTEIRO / Folhapress

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