Trens e metrô funcionam parcialmente em dia de greve em São Paulo

Passageiros aguardam no embarque da estação Palmeiras-Barra Funda, linha 3 do Metrô, durante a greve dos metroviários em São Paulo. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo

Passageiros encontraram os acessos fechados em parte das estações de trens e metrô na madrugada desta terça-feira (28), após o início da terceira greve a atingir os transportes deste ano. A paralisação reúne diferentes pautas e conta com trabalhadores do Metrô, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado), professores da rede pública e de servidores da Fundação Casa.

Por volta das 4h20, quem tentava embarcar na estação Corinthians-Itaquera (que faz a integração da linha 3-vermelha e da 11-coral), na zona leste da capital, não conseguia subir as escadas que levam às catracas. Às 4h30, somente o acesso para os trens abriu. A circulação na linha 11-coral está limitada ao trecho entre Guaianases e Luz.

A greve não afeta as linhas privatizadas do metrô (4-amarela e 5-lilás) e de trens metropolitanos (8-diamente e 9-esmeralda). No início da manhã, as linhas 1-azul, 2.verde e 3-vermelha operavam parcialmente. A linha 15-prata estava parada.

Em meio à greve, os trens da CPTM são operados por maquinistas ou supervisores que não aderiram à paralisação. Já no metrô, a condução está a cargo dos supervisores de tráfego, segundo a companhia.

Na segunda-feira (27), a Justiça do Trabalho determinou que funcionários do Metrô trabalhem com 80% da capacidade total nos horários de pico desta terça, dia da greve unificada de várias categorias de funcionários públicos estaduais contra planos de privatização do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Entre as pautas da nova paralisação unificada está novamente a privatização da Sabesp e de outros setores, como no transporte sobre trilhos.

Para Tiago Silva, 31, o debate vai além de privatizar ou não os serviços de transporte. Ele mora em Guaianases e trabalha na região da Barra Funda. “Não é só transporte. Você tem a zona leste que atravessa a cidade para trabalhar porque não tem uma estrutura de emprego”, afirmou. “Se não tem uma opção de trampo a 30 minutos de casa, a pessoa enfrenta 2h de locomoção.”

Silva entende que a greve é um direito constitucional, mas acha que faltam outras reivindicações. “Temos obras atrasadas de metrô, estamos em 2023 e elas estavam previstas para 2020. Não vejo a mesma mobilização para cobrar”. Ele aguardava um colega de trabalho para dividir um carro de aplicativo custeado pela empresa.

Outras pautas relacionadas à decisões da gestão Tarcísio também compõem os argumentos utilizados pelos trabalhadores para justificar a greve unificada, tais como um corte de 5% no orçamento da educação, o leilão da linha 7-rubi da CPTM, marcado para 29 de fevereiro de 2024, segundo comunicado do Sindicato dos Metroviários e terceirizações.

No Metrô, o horário de pico considerado pelo desembargador é das 6h às 9h e das 16h às 19h. Para os demais horários, o efetivo mínimo deve ser de 60%, diz a decisão.

Governador e prefeito criticam “greve política

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) voltou a lamentar a greve, reiterou que a paralisação tem cunho político e disse que não vai tolerar o desrespeito à determinação judicial que estabelecia funcionamento parcial do sistema de transporte sobre trilhos, em pronunciamento na manhã desta terça-feira (2).

“Não podemos tolerar desrespeito, indisciplina”, disse o governador. Ele ainda afirmou que a falta de cumprimento do que a Justiça determinou precisa ser punida.

“É uma greve política, não tem pauta e não tem reivindicação salarial”, disse.

O governador afirma que as promessas durante a campanha têm sido cumpridas, como aumento do salário mínimo e congelamento da tarifa para transportes públicos.

“Não adianta fazer greve contra privatização. Vamos continuar tocando. Privatização da Sabesp vai acontecer ano que vem”, diz.

“Tem uma turma que não quer o debate. Quer desgastar o debate e que querem atingir o governo, mas atingem em cheio o cidadão.”

A paralisação reúne diferentes pautas, contra privatização e cortes do orçamento, e conta com trabalhadores do Metrô, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado), professores da rede pública e de servidores da Fundação Casa.

Em meio à greve, os trens da CPTM são operados por maquinistas ou supervisores que não aderiram à paralisação. Já no metrô, a condução está a cargo dos supervisores de tráfego, segundo a companhia.

Na segunda-feira (27), a Justiça do Trabalho determinou que funcionários do Metrô trabalhem com 80% da capacidade total nos horários de pico desta terça. Já a CPTM deve trabalhar com 85% da capacidade total no mesmo período.

Para o prefeito Ricardo Nunes, o paulistano paga o preço de um ato político. “Aumentamos a equipe da SPTrans, da Guarda Civil Metropolitana, principalmente nos 32 terminais.Decretamos ponto facultativo para tentar minimizar esse transtorno de que a cidade de São Paulo mais uma vez é vítima dessa atitude, desse sindicato, desse ato político. Repudiamos e lamentamos muito essa situação onde quem está pagando é a população”, disse Ricardo Nunes.

Esta será a terceira greve envolvendo metroviários neste ano. Em outubro, um protesto realizado pela categoria também tinha a concessão de serviços à iniciativa privada como alvo.

Sindicato quer plebiscito

Em entrevista ao jornalismo da Novabrasil, a presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa, disse que a adesão à paralisação é de 92%, um pouco menor do que a de outubro, quando 100% dos funcionários aderiram.

Segundo ela, o funcionamento parcial das linhas é fruto do plano de contingência e nem todos os trabalhadores que estão atuando têm o preparo necessário para operar os equipamentos. Camila ainda relatou que a categoria pede um plebiscito do governo paulista para para decidir sobre as privatizações.

REDAÇÃO NOVABRASIL/ ISABELLA MENON E LUCAS LACERDA / Folhapress

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