O montante exato, em valores, das exportações brasileiras afetadas pelo tarifaço de Donald Trump. A situação do café, a laranja e os aviões que escaparam da sobretaxa. Em todas as áreas há curiosidades e informações sobre a taxação do governo brasileiro aos produtos do Brasil.
O Datafolha também foi às ruas ouvir o que os brasileiros acharam da taxação e das afirmações de Trump sobre a situação de Jair Bolsonaro, um dos pivôs que evidenciaram a decisão do presidente americano.
Entre tudo isso, a Secretaria de Tesouro dos Estados Unidos (EUA) procurou o Ministério da Fazenda para marcar uma agenda para debater o tarifaço. E o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, declara que as negociações entram em sua etapa mais forte a partir de agora.
O THMais traz 12 situações para você ficar bem-informado sobre a polêmica do tarifaço de Donald Trump.
44,6% das exportações serão afetadas
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), o tarifaço de 50% imposto pelo governo de Donald Trump exclui 44,6% das exportações brasileiras em valores para os Estados Unidos. A pasta calculou o impacto da lista com cerca de 700 exceções para produtos que ficaram fora da sobretaxação.
Tarifa de 10%
Entre os 700 itens que ficaram fora da sobretaxação estão aviões, celulose, suco de laranja, petróleo e minério de ferro. Esses produtos continuarão a pagar a tarifa de até 10% definida em abril.
Outros mercados
A exportação do café brasileiro para os Estados Unidos passará a ser taxada em 50% a partir do dia 6 de agosto. Enquanto permanece batalhando para ficar de fora da lista, o setor cafeeiro nacional segue marcado por incertezas. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) avalia que os produtores brasileiros poderão ser forçados a redirecionar parte de sua produção para outros mercados.
Principal destino do café
Os Estados Unidos são o principal destino das exportações de café do Brasil. Em 2024, eles importaram cerca de 23% de café brasileiro, especialmente da variedade arábica, insumo essencial para a indústria local de torrefação. A Colômbia representou cerca de 17% do total das importações norte-americanas, enquanto o Vietnã contribuiu com aproximadamente 4%. Para o Cepea, como os Estados Unidos não produzem café, a elevação do custo de importação deve comprometer a viabilidade de toda a cadeia interna, que envolve torrefadoras, cafeterias, indústrias de bebidas e redes de varejo.
Aviação ficou de fora
A Embraer ficou livre da taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Aeronaves, motores, peças e componentes de aviação aparecem na lista de cerca de 700 produtos considerados exceções.![]()
Para a empresa, terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, a liberação é o reconhecimento da importância estratégica das atividades da empresa para Brasil e Estados Unidos.
Bolsonaro e Moraes citados
Medidas do governo brasileiro em relação a plataformas digitais, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foram citados como justificativas para as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos ao Brasil.
Nova reunião
A Secretaria de Tesouro dos Estados Unidos (EUA) procurou o Ministério da Fazenda para marcar uma agenda para debater o tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump contra parte das exportações brasileiras. Ainda não há data para reunião. O último encontro entre a Fazenda e o secretário de Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi em maio, antes do anúncio da tarifa de 50%.![]()
“A assessoria do secretário Bessent fez contato conosco ontem [quarta-feira, 30] e, finalmente, vai agendar uma segunda conversa. A primeira, como eu havia adiantado, foi em maio, na Califórnia. Haverá agora uma rodada de negociações e vamos levar às autoridades americanas nosso ponto de vista”, disse nesta quinta-feira (31) o ministro Fernando Haddad.
Negociação continua
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira (31) que o plano de amparo a setores da economia brasileira afetados pela tarifa anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está quase pronto e que as negociações entram em sua etapa mais forte a partir de agora. “Aqueles 35,9% [das exportações] que foram atingidos de fato pela tarifa, nós vamos lutar pra diminuir. Não damos isso como assunto encerrado. A negociação começa mais forte agora”, disse Alckmin, em entrevista ao programa Mais Você.
Bolsa e dólar
O dólar fechou em alta de 0,21% nesta quinta-feira (31), cotado a R$ 5,600, um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicar o decreto que oficializa a sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros. A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) na véspera, depois do fechamento do mercado, também norteou as operações. Na Bolsa, a repercussão foi mais acentuada. O Ibovespa caiu 0,68%, a 133.071 pontos, apesar da nova disparada da Embraer.
Recurso na OMC
Enquanto ainda pode negociar, o governo brasileiro se prepara para formalizar na OMC (Organização Mundial do Comércio) uma contestação ao tarifaço de Donald Trump. A iniciativa pode ser tomada de forma paralela às tentativas de negociação direta com os Estados Unidos. A avaliação é que, mesmo que a última instância da OMC esteja em estado de paralisia por causa dos americanos, os EUA continuam sendo membros da instituição e têm diferentes interesses em discussão no órgão. A estratégia de recorrer à OMC já recebeu sinal verde do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira. A decisão agora passará por um colegiado presidido pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin e composto também por membros como Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).
Pesquisa Datafolha
O tarifaço de 50% sobre produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos deve prejudicar a economia brasileira. Essa é a opinião de 89% dos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha. Desse total, cerca de 66% avaliam que a medida vai prejudicar muito. Outros 23% acreditam que haverá um pouco de prejuízo. Uma parcela menor (7%) diz que não ver impacto negativo. Entre eleitores de Bolsonaro na última disputa presidencial, 92% antecipam que o tarifaço vai prejudicar a economia brasileira. Dos que votaram em Lula, 87% acham o mesmo. A pesquisa foi feita nos dias 29 e 30 de julho, antes da publicação do decreto que oficializou a sobretaxa de 50% e detalhou a lista quase 700 produtos isentos. O Datafolha entrevistou 2.004 pessoas com mais de 16 anos em 130 municípios. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Pesquisa sobre Trump
Mais da metade dos brasileiros (57%) acha que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está errado ao pedir que a Justiça brasileira pare o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). É o que mostra pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (31). Para 36% dos entrevistados, no entanto, o líder americano está certo. Outros 7% não opinaram.



