SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Zezé Motta, 78, relembrou comentários racistas feitos na imprensa na época em que foi escalada para interpretar Xica da Silva no filme homônimo, lançado em 1976. Zezé e Elisa Lucinda são as entrevistadas do novo episódio do podcast Mano a Mano, apresentado por Mano Brown no Spotify.
“Negra feia e exuberante”. “Quando eu passei no teste para Xica da Silva saiu uma manchete assim no jornal: ‘quem passou no teste para fazer o papel de Xica da Silva foi uma negra feia porém exuberante’ com uma foto linda minha, mas lembro que isso não me afetou”, disse Zezé.
Motta se descobriu uma mulher forte após o filme. “Quando eu vi o filme [Xica da Silva] eu pensei: ‘nossa que mulher forte!’ E quando eu parei para pensar na minha vida percebi que eu também era uma mulher forte.”
No podcast, Zezé Motta também refletiu que, lamentavelmente, o racismo continua presente na sociedade. “Quando a gente pensa que o racismo é uma coisa que está ficando no passado, acontece algum fato novo batendo na mesma tecla. É lamentável.”
Elisa Lucinda: ‘Tem muita gente bacana, mas que não emprega um preto’. “Como há uma cegueira sobre esse assunto. Muitos que estão ouvindo a gente agora não passariam no teste da questão antirracista. tem muita gente boa e bacana, que a gente conhece a admira, que trabalha pensando no coletivo. Mas, não tem um preto trabalhando na empresa dele, preto na casa dele só se estiver limpando. Ele reproduz a mesma história que a gente critica na extrema-direita.”
‘É muito grave que no Brasil se fale mal dos ritmos das periferias’, diz Lucinda. “Quando eu cantei a música do MC Poze do Rodo no Ministério da Cultura, ele falou pra mim ‘Que moral, você me levou para o ministério da cultura!’ Olha a frase dele. Ele é a cultura! Deveria ser normal, rap é MPB assim como samba, é música popular para o brasileiro.”
Redação / Folhapress