Tendo deixado um legado para gerações posteriores com suas inúmeras composições que vão do popular ao erudito, se não tivesse nos deixado em agosto de 2012, aos 87 anos, o compositor e instrumentista Altamiro Carrilho completaria 101 anos hoje!
Para homenagear este grande artista brasileiro, trouxemos uma lista com 10 curiosidades para que você conheça mais sobre a vida e a obra de Altamiro Carrilho.
1- Flautista com maior número de gravações registradas
Altamiro Carrilho fez importantes contribuições ao samba, choro e à música instrumental brasileira e é o flautista com maior número de gravações registradas na história do disco no Brasil, além de ser considerado por críticos e especialistas da área, como um dos maiores flautistas da história do instrumento.
Conhecido pelo domínio no improviso e como um virtuoso da flauta transversal, o artista chegou a marca de mais de 100 discos e compôs cerca de 200 canções.
2 – Nasceu dentro de uma banda musical
Nascido em Santo Antônio de Pádua, no Noroeste Fluminense do Rio de Janeiro, em 1924, Altamiro Carrilho é um dos oito filhos de Lyra de Aquino Carrilho e Octacilio Gonçalves Carrilho. Um de seus irmãos, Álvaro Carrilho, era também flautista.
Sua mãe foi batizada de Lyra devido ao fato de seu avô materno ser muito apaixonado por música. Aos onze anos de idade, Altamiro já integrava a banda Lyra Árion – do avô, na qual o tio era maestro – tocando o instrumento de percussão Tarol e sendo ritmista.
Segundo o próprio Altamiro: “Por causa desse meu tio, nasci dentro de uma banda de música. Aos 5 anos já tinha noção de tanto observá-lo.” Ganhou uma flautinha de lata e recorda: “Lembro que nem almocei, passei o dia tocando uma marchinha de carnaval muito popular na época, ‘Olha a pomba’. Fui autodidata, mas também tive noções de solfejo e leitura musical dadas por um funcionário dos Correios, Joaquim José Fernandes”.
Este, impressionado com a habilidade do menino, lhe ofereceu as primeiras aulas e proporcionou o primeiro contato com uma flauta transversa.

3 – Foi descoberto em uma farmácia, por Moreira da Silva
Pouco tempo depois, Altamiro Carrilho mudou-se para o município de São Gonçalo onde passou a se dedicar à música enquanto trabalhava em uma farmácia.
Aos 14 anos o pequeno flautista venceu vários programas de calouros, inclusive o de Ary Barroso, do qual ficou em primeiro lugar com uma flauta de segunda mão (as chaves estavam presas com elásticos).
Nessa época, já havia tomado como modelo flautistas como Benedito Lacerda e Dante Santoro, famosos durante a era de ouro do rádio.
Por tocar e ouvir rádio enquanto trabalhava na farmácia, Carrilho acabou sendo descoberto pelo compositor carioca Moreira da Silva: “Ele foi dar um show num parque de diversões em São Gonçalo e tinha ouvido falar de um garoto que tocava flauta. Foi me procurar e queria que eu tocasse em seu show. Depois acabei gravando em um disco seu na Odeon”.
Altamiro Carrilho estreou em disco em 1943, participando de uma gravação de Moreira da Silva em formato 78 rpm, na Odeon.
4 – Substituiu o seu ídolo, Benedito Lacerda
A partir de 1946, o flautista começou a atuar em várias orquestras de rádios e a integrar os conjuntos de Rogério Guimarães, de César Moreno e Glória das Glórias, muitas vezes substituindo o seu ídolo Benedito Lacerda (que o chamava de “meu garoto” numa prova de carinho e admiração). Benedito achava que Altamiro era o único flautista capaz de um dia superá-lo.
5 – Vendeu quase 1 milhão de cópias em 6 meses
O flautista gravou seu primeiro choro em 1949, “Flauteando na Chacrinha”. Em 1950, formou seu próprio conjunto na Rádio Guanabara.
Em 1951 Altamiro passou a integrar o Regional do Canhoto, antigo Regional de Benedito Lacerda, e, cinco anos depois, vendeu quase um milhão de cópias em apenas seis meses, com a gravação de seu maxixe “Rio Antigo”.
6 – Em 10 anos, ganhou mais de 50 prêmios
No mesmo ano, seu programa “Em tempo de música”, na TV Tupi, alcançou grande audiência, consolidando seu nome nacionalmente. Em 10 anos consecutivos, Carrilho conquistou mais de 50 prêmios da crítica especializada: melhor arranjador, melhor flautista, melhor compositor, melhor conjunto regional, melhor disco e melhor diretor de grupo.
Em 1958, foi agraciado com o troféu Microfone de Ouro, escolhido como o Melhor Instrumentista do Ano no Rádio.
7 – Foi considerado um dos melhores solistas de flautim do mundo
Na década de 1960, Altamiro Carrilho excursionou pela Europa e União Soviética, onde foi considerado pela crítica como um dos melhores solistas de flautim do mundo.
Morou no México por um ano e excursionou por vários países da América do Sul e também pelos Estados Unidos. Apresentou-se também no Chile, Bermudas, Estados Unidos, Japão, Portugal, Espanha, Noruega e França.
Viajou também por mais de 50 países, tocando com grandes nomes da música dentro e fora do Brasil.
8 – Lançou um dos maiores discos de choro já gravados
Em 1964, o flautista e compositor lançou o disco “Choros Imortais”, com o acompanhamento do Regional do Canhoto. Até hoje considerado um dos maiores discos de choro já gravados, é referência para todos os chorões e estudiosos do choro.
Em 1965, lançou “Choros Imortais N° 2” e em 1972 realizou um grande sonho que é tocar o “Concerto em Sol Maior”, de Mozart, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
9 – Foi aplaudido durante 10 minutos consecutivos
Mais tarde, sob a regência de Júlio Medaglia, Altamiro Carrilho executou o “Concerto n. 2 em Ré Maior”, também de Mozart. Foi quando teve a ideia de introduzir, na cadência, trechos de mestres da nossa música: Ernesto Nazareth e Pixinguinha. Ousadia inédita, aplaudida durante 10 minutos, aos gritos de “bravo, bravíssimo”!
Em 1979, gravou o disco “Clássicos em Choro”, com um repertório de música clássica adaptado ao universo do choro, e ganhou o Troféu Villa-Lobos de melhor álbum instrumental do ano.
Ganhou também o Prêmio Sharp de 1997, na categoria Melhor Disco Instrumental, com o álbum “Flauta Maravilhosa”.
10 – Trabalhou até o fim da vida
Praticamente até os últimos meses de vida, Altamiro Carrilho apresentava-se com seu conjunto de choro por diversas cidades brasileiras, em um show alegre e descontraído, em que contava algumas histórias da música popular brasileira, também incluindo em seu repertório arranjos de música clássica em ritmos brasileiros.
Apresentava-se ainda, com orquestras sinfônicas por todo o território nacional e internacional, exercitando assim o seu lado erudito.


