Poeta, escritor, músico, cantor, compositor e artista visual, Arnaldo Antunes marcou a música brasileira com sua criatividade singular. Ao longo de mais de 40 anos de carreira, o ex-Titã e integrante dos Tribalistas construiu uma carreira solo de sucesso em diversos âmbitos da nossa cultura. Um legado repleto de encontros e parcerias inesquecíveis com outros grandes nomes da música brasileira.
Poucos artistas traduzem tão bem a ideia de multiplicidade quanto Arnaldo Antunes.
Nascido em São Paulo, em 1960 – e completando 65 anos hoje! – ele começou, ainda na infância, a experimentar linguagens artísticas, transitando entre a literatura, a música, as artes visuais e o cinema.
Nos anos 1980, tornou-se conhecido nacionalmente como um dos fundadores e letristas mais inventivos dos Titãs, banda que revolucionou o rock brasileiro com álbuns icônicos como “Cabeça Dinossauro” (1986) e “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” (1987).
Ao longo da carreira, Arnaldo lançou discos solo, livros premiados – como “As Coisas”, vencedor do Prêmio Jabuti de Poesia – e desenvolveu performances multimídia que unem palavra, som e imagem. Suas influências vão da poesia concreta à cultura pop, sempre com uma marca autoral forte e uma capacidade rara de transformar o simples em genial.
Mas foi também nas parcerias que Arnaldo Antunes escreveu parte fundamental da sua história. Seja com gigantes de gerações anteriores à sua na MPB, seja com poetas, bandas de rock ou contemporâneos seus, os encontros artísticos de Arnaldo produziram canções que atravessam gerações e continuam atuais.
A seguir, relembramos 10 dessas parcerias históricas que ajudaram a definir sua trajetória e a enriquecer a música brasileira.
1 – Titãs
Foi como integrante e compositor dos Titãs que Arnaldo Antunes conquistou o país. Nos anos 1980, o grupo foi uma das vozes mais fortes do rock brasileiro, e Arnaldo se destacou como o poeta que transformava inquietações em refrões memoráveis.
Com uma escrita poética e cheia de crítica social, ele assinou sucessos como:
- Não Vou me Adaptar (1985)
- Televisão (parceria com Marcelo Fromer e Tony Bellotto, 1985)
- Bichos Escrotos (com Sérgio Britto e Nando Reis, 1986)
- Família (com Tony Bellotto, 1986)
- Cabeça Dinossauro (com Paulo Miklos e Branco Mello, 1986)
- Comida (com Sérgio Britto e Marcelo Fromer, 1987)
- O Pulso (com Marcelo Fromer e Tony Bellotto, 1989)
- Miséria (com Paulo Miklos e Sérgio Britto, 1989)
2 – Marisa Monte
A parceria com Marisa Monte atravessa décadas e é uma das mais emblemáticas da carreira do artista. Juntos, os amigos criaram clássicos que ajudaram a consolidar o estilo da cantora, como:
- Beija Eu (parceria de Arnaldo, Marisa e Arto Lindsay, 1991)
- Bem Leve (1994)
- De Mais Ninguém (1994)
- Alta Noite (1994)
- Água Também é Mar (parceria de Arnaldo, Marisa e Carlinhos Brown, 2000)
- Não Vá Embora (2000)
- Não é Fácil (parceria com Marisa e Brown, 2000)
- Paradeiro (parceria com Marisa e Brown, 2001)
- Infinito Particular (parceria com Marisa e Brown, 2006)
- Até Parece (parceria com Marisa, Brown e Dadi Carvalho, 2006)
- O Bonde do Dom (parceria com Marisa e Brown, 2006)
- Universo ao Meu Redor (parceria com Marisa e Brown, 2006)
- Vilarejo (parceria com Marisa, Brown e Pedro Baby, 2006)
- Ainda Bem (2011)
- Depois (parceria com Marisa e Brown, 2011)
- O que você quer saber de verdade (parceria com Marisa e Brown, 2011)
- Verdade, uma Ilusão (parceria com Marisa e Brown, 2011)
- Ilusão (parceria com Marisa e Julieta Venegas, 2014)
Marisa é parceira e deu voz a muitos versos de Arnaldo, revelando ao grande público a delicadeza e a profundidade de sua poesia.
3 – Carlinhos Brown
Arnaldo e Brown compartilham uma conexão criativa que mistura ritmos, poesia e experimentação. O baiano produziu o álbum “Paradeiro”, do paulistano, em 1998.
A parceria entre os dois compositores e grandes amigos, gerou sucessos, como – além de todas essas já citadas em trio com Marisa Monte:
- O Silêncio (lançada por Arnaldo, em 1996)
- Busy Man (lançada por Brown, em 1998)
- Amantes Cinzas (lançada por Brown, 1998)
- Carlito Marron (lançada por Brown, 2003)
- Consumado (lançada por Arnaldo, 2004)
4 – Os Tribalistas (com Marisa Monte e Carlinhos Brown)
Depois de uma parceria tão frutífera nas carreiras pessoais de cada um deles, o encontro entre os amigos Arnaldo, Brown e Marisa deu origem a um dos projetos mais populares da MPB. Em 2002, o álbum “Tribalistas” levou o trio a vender milhões de cópias e conquistar fãs no Brasil e no mundo, com sucessos como:
- Carnavália
- Velha Infância (dos três artistas com Davi Moraes)
- Passe Em Casa (dos três com Margareth Menezes)
- É Você
- Mary Cristo
- Já Sei Namorar
- Tribalistas
Quinze anos depois, em 20a reunião em um novo disco e turnê confirmou o caráter histórico dessa parceria, com mais imensos sucessos, como:
- Diáspora
- Fora da Memória (dos três com Pedro Baby e Pretinho da Serrinha)
- Aliança (dos três com Pedro Baby e Pretinho da Serrinha)
5 – Jorge Ben Jor
Em 1989, Arnaldo compôs com Jorge Ben Jor a música “Cabelo”, que logo se tornou sucesso, gravada tanto por Jorge quanto por Gal Costa, no ano seguinte. O encontro entre o swing inconfundível de Ben Jor e a poesia de Arnaldo resultou em uma canção antológica que celebra identidade e liberdade, aproximando gerações da música brasileira.
Depois, eles ainda compuseram juntos a canção “As Árvores”, que entrou para o álbum “Um Som”, de Arnaldo Antunes, em 1998.
6 – Pepeu Gomes
Com Pepeu Gomes, Arnaldo Antunes compôs uma das suas mais famosas canções: “Alma”, gravada com muito sucesso por Zélia Duncan, em 2001.
7 – Marina Lima
Com Marina Lima, Arnaldo compôs o sucesso “Grávida”, lançado pela cantora, em 1991, uma das canções mais impactantes de sua trajetória como compositor. A música não só virou hit como também lhe rendeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de Melhor Música do Ano, em 1992.
8 – Gilberto Gil
No disco “Tropicália 2” (1993), Gilberto Gil e Caetano Veloso gravaram “As Coisas”, música composta por Gil a partir de um texto de Arnaldo. O gesto foi simbólico: um artista nascido nos anos 1960, influenciado pelo movimento tropicalista, tendo sua obra incorporada pelos grandes ícones que o inspiraram. Uma ponte entre gerações que reafirmou seu lugar na história da MPB.
9 – Alice Ruiz
A parceria de Arnaldo Antunes com a poeta Alice Ruiz resultou em “Socorro”, canção imortalizada por Cássia Eller em 1994. A canção tornou-se um hino de vulnerabilidade e pedido de acolhimento, confirmando como Arnaldo sabe transformar sentimentos profundos em versos que tocam a alma. A união com Alice é uma das provas de sua habilidade em transitar entre a literatura e a canção.
Com ela, ele compôs várias outras canções, como “A Nossa Casa”, de 2004 e “Se Tudo Pode Acontecer”, parceria dos dois também com Paulo Tatit e Luiz Bandeira.
10 – Edgard Scandurra
Parceiro de longa data, o guitarrista Edgard Scandurra trouxe uma pegada mais experimental e roqueira às criações de Arnaldo. Juntos, compuseram músicas como “O Buraco do Espelho” e assinaram o disco “A Curva da Cintura”, em 2011, em colaboração com o músico maliano Toumani Diabaté.



