A música popular brasileira sempre foi construída como um diálogo entre tempos. Quando ouvimos hoje uma canção de Cartola, um samba de Dona Ivone Lara ou uma poesia de Caetano Veloso, percebemos que esses clássicos não ficaram presos às décadas em que nasceram: eles são atemporais e se tornaram parte de um repertório afetivo coletivo – e até mesmo político – do nosso país. De quem somos como sociedade.
E se há algo que define a música brasileira é a sua capacidade de se reinventar. Cada nova geração encontra no passado um terreno fértil que a inspira e constrói.
A hoje chamada – e tão estudada – “Geração Z”, formada por artistas nascidos entre 1995 e 2010 aproximadamente – já cresceu em um mundo digital, em meio ao streaming e às redes sociais, mas foi também profundamente marcada e atravessada pela herança da MPB. Como todos somos e sempre seremos, não importa o quanto a tecnologia avance. É justamente essa herança que continua a inspirar os jovens artistas.
Essa geração herdou os discos que tocavam na vitrola dos pais e avós – uma música que nunca vai morrer – e as memórias musicais de família. Ouviu Milton Nascimento, Gal Costa, Gilberto Gil, Pixinguinha. Aprendeu que a música é também memória e resistência.
E, mesmo imersa em linguagens digitais e estéticas globais, segue encontrando nos clássicos brasileiros um espelho e uma inspiração. A música popular como raiz, memória e inspiração.
Não é por acaso que muitos desses artistas da “Geração Z” encontraram no repertório clássico brasileiro um campo fértil para experimentar sua própria identidade. Suas releituras não são apenas homenagens: são formas de atualizar o passado, criar pontes com o presente e apresentar esses clássicos a novos públicos.
Ao gravar clássicos da nossa música popular, a “Geração Z” reafirma que a música brasileira não é apenas tradição e patrimônio, mas também futuro: viva, em movimento.
Selecionamos 10 artistas da “Geração Z” que deram nova vida a obras históricas da nossa música. Canções universais – que foram lançadas antes desses intérpretes nascerem – e que atravessam o tempo, conversando com o hoje.
1 – Agnes Nunes – Preciso me Encontrar
(Composição de Candeia, lançada por Cartola em 1976)
2 – Júlia Mestre – Agora Só Falta Você
(Canção de Rita Lee e Luiz Carlini, lançada pela cantora em 1975)
3 – Joyce Alane – Sabiá
(Composição de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, lançada por Gonzagão em 1951)
4 – Zé Ibarra – San Vicente
(Composição de Milton Nascimento e Fernando Brant, lançada por Bituca no antológico álbum “Clube da Esquina”, de 1972)
5 – Marina Senna – Da Maior Importância
(Canção que Caetano Veloso fez especialmente para Gal Costa, lançada pela cantora em seu álbum “Índia”, de 1973)
6 – João Gomes – Um Dia, Um Adeus
(Canção de Guilherme Arantes, lançada em 1987)
7 – Jota.pê – Açaí
(Canção de Djavan, lançada por Gal Costa em 1981)
8 – Anavitória – João e Maria
(Composição de Chico Buarque e Sivuca, lançada por Chico e Nara Leão, em 1977)
9 – Liniker – Barato Total
(Composição de Gilberto Gil, lançada por Gal Costa em 1974)
10 – Rachel Reis – Sexy Yemanjá
(Composição de Pepeu Gomes e Tavinho Paes, lançada por Pepeu em 1993)



