110 anos de Benedito Lacerda e 45 anos sem Ismael Silva

14 de março é uma data muito significativa para a música popular brasileira. Isso porque, há exatos 110 anos, nascia o compositor e maestro Benedito Lacerda e, há exatos 45 anos, morria o cantor e também compositor Ismael Silva. Nesta matéria, confira mais sobre a carreira de cada um.

A trajetória de Benedito Lacerda e Ismael Silva, que são grandes nomes da nossa MPB, tem muito em comum. Ambos nasceram no estado do Rio de Janeiro, nos primeiros anos do século XX: Benedito em 1903 e Ismael em 1905.

Na juventude, passaram a morar no mesmo bairro, Estácio de Sá, crescendo em um ambiente de muitos chorões e sambistas, como seus colegas Bide e Noel Rosa.

Ismael Silva (esquerda) e Benedito Lacerda (direita) | Foto: Divulgação/Editado

Benedito Lacerda

Benedito Lacerda, que já havia frequentado a Sociedade Musical Nova Aurora, passou a fazer parte da banda da corporação quando serviu o exército, primeiro tocando bumbo e depois flauta, tornando-se um exímio flautista.

Quando saiu do exército, mergulhou na música popular. Em 1928, foi tocar com o grupo regional Boêmios da Cidade, acompanhando a cantora norte-americana Josephine Baker, tocando em cinemas, orquestras de teatros, dancings e cabarés. Atuou também como saxofonista em algumas orquestras de jazz.

Na década de 1930, organizou um grupo com ritmos brasileiros, batizado de Gente do Morro, que se caracterizava pelos efeitos de percussão e solos de flauta Em seguida, formou o Conjunto Regional Benedito Lacerda, com quem acompanhou nomes como Carmen Miranda, Francisco Alves e Sílvio Caldas.

A parceria com Pixinguinha

Na década de 1940, tocou em cassinos e perpetuou uma série de gravações antológicas em parceria de flauta e saxofone, junto com Pixinguinha, privilegiando o repertório de choro.

A dupla fez cerca de 40 gravações em parceria, em pérolas como:

  • Sofres Porque Queres;
  • Naquele Tempo;
  • e Um a Zero.

Os arranjos e contrapontos executados pela dupla revolucionaram a instrumentação brasileira e influenciam até hoje os novos talentos musicais. 

Benedito Lacerda também foi um premiado compositor de marchinhas de carnaval e juninas, sendo de sua autoria clássicos como:

  • A Jardineira (em parceria com Humberto Porto, lançada por Orlando Silva, em 1939);
  • e Pedro, Antônio e João (parceria com Oswaldo Santiago, lançada por Dalva de Oliveira, em 1940).

Também foi fundador da União Brasileira de Compositores e dirigente da Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música. Morreu vítima de câncer de pulmão, em fevereiro de 1958, antes de completar 55 anos.

Benedito Lacerda e Pixinguinha | Foto: Acervo Sérgio Cabral / MIS-RJ

Ismael Silva

Enquanto isso, Ismael Silva, aos 15 anos, fez o samba Já Desisti, considerado como a sua primeira composição. Em 1928, teve o seu primeiro samba gravado, Me Faz Carinhos, por Francisco Alves – seu parceiro na composição da canção – considerado naquela época o Rei da Voz.

A partir deste momento os dois passaram a compor bastante juntos. Outro clássico da dupla é Ao Romper da Aurora (também de autoria de Lamartine Babo),

Ao lado de Nílton Bastos e Francisco Alves, Ismael formou o trio que ficou conhecido como Bambas do Estácio e que deu origem àquele que é considerado um dos mais bonitos sambas da história: Se Você Jurar, além de outros sucessos como Me Diga o Teu Nome. 

A parceria com Noel Rosa

Após a morte de Nilton, Ismael Silva passou a compor em parceria com Noel Rosa. As 18 composições da dupla fazem de Ismael o mais frequente parceiro do Poeta da Vila. Algumas de suas canções de maior sucesso em parceria são:

  • Para Me Livrar do Mal;
  • Novo Amor;
  • e Adeus (também com Francisco Alves).

Em 1928, o artista, com um grupo de sambistas do Estácio, fundou o bloco que se tornaria o precursor da primeira escola de samba de que se tem notícia: a Deixa Falar, que desfilou entre os anos de 1929 e 1931.

Ismael foi condenado a cinco anos de cadeia – tendo cumprido apenas dois anos, devido a bom comportamento – após atirar em um frequentador da boêmia carioca. Depois deste episódio, ele se tornou recluso e só retornou à cena carioca na década de 50. Durante esse período ele atravessou enormes dificuldades financeiras.

Em 1950 teve o seu samba Antonico, um de seus maiores sucessos, gravado pela primeira vez, por Alcides Gerardi. Depois, a canção foi regravada por nomes como:

  • Elza Soares;
  • Gal Costa;
  • Toquinho;
  • Jards Macalé;
  • e pelo próprio Ismael Silva.

Ismael Silva talvez tenha sido um dos sambistas a exibir a mais alta originalidade no cenário da boêmia carioca. Morreu em 14 de março de 1978, há exatos 45 anos, vítima de um ataque cardíaco, aos 73 anos de idade.

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