Há exatos 25 anos, o Brasil se despedia de um dos maiores ícones da história da sua música, dono de uma musicalidade e potência vocal sem igual, de voz plena e rasgada, interpretação forte e potente: Tim Maia. Em homenagem, relembre sua vida e carreira, além de 32 sucessos na sua voz.
O falecimento de Tim Maia
No dia 15 de março de 1998, o cantor, compositor, instrumentista e produtor musical carioca estava em cima do palco, prestes a começar a cantar, quando passou mal durante um show especial para a televisão, gravado no Teatro Municipal de Niterói.
Ele teve que ser retirado às pressas por sua equipe e levado para o hospital com uma crise hipertensiva e um edema pulmonar. Ficou internado por alguns dias, até falecer por falência múltipla dos órgãos, aos 55 anos.
Sebastião Rodrigues Maia
Responsável por introduzir principalmente o soul, mas também o funk e o R&B na música popular brasileira, a música de Sebastião Rodrigues Maia trouxe uma maravilhosa e até então inédita fusão entre ritmos brasileiros e norte-americanos, como – por exemplo – do baião com o soul, mudando para sempre a história da nossa cultura.
Nascido no bairro da Tijuca – zona norte do Rio de Janeiro – em 1942, Tim teve uma infância bem humilde e vendia marmitas com a família, sendo conhecido como Tião Marmiteiro.
Ele era amigo de infância de Erasmo Carlos, para quem ensinou os primeiros acordes no violão. Foi junto com Erasmo, na juventude, que começou a frequentar o famoso Bar do Divino, na Tijuca, onde também conheceu Roberto Carlos, com quem formou sua primeira banda profissional: The Sputniks.
Roberto e Tim tiveram um desentendimento quando a banda terminou, mas anos depois retomaram a amizade, quando Tim Maia compôs o grande sucesso Não Vou Ficar para Roberto Carlos lançar.
A amizade com Jorge Ben Jor
Outro apelido de Tim Maia foi Babulina. Em uma época em que o rockabilly estava em alta, Tim tocava e cantava a famosa canção de Ronnie Self, Bop-a-Lena, com um inglês arranhado que fazia com que parecesse que estava pronunciando Babulina.
O que ele não esperava é que outro jovem talento da música carioca – que também frequentava o Bar do Divino – tivesse o mesmo apelido e pelo mesmo motivo: Jorge Ben Jor. Não demorou muito para os dois Babulinas se tornarem grandes amigos!
Ficou conhecido também como “Síndico” – apelido dado inclusive pelo amigo Jorge Ben Jor – na música W Brasil, em que cita Tim Maia. Ben Jor disse que o Brasil estava vivendo um momento tão louco, que – se fosse um prédio – o síndico com certeza seria Tim Maia (Tim inclusive chegou a dizer para Jorge que queria ser síndico do prédio onde morava, imaginem só!).
A ida para os Estados Unidos
No final dos anos 50, Tim Maia conseguiu ir para os Estados Unidos – onde teve o primeiro contato com a gravadora Motown e com os gêneros musicais que depois apresentaria ao Brasil em suas canções – graças a uma missão que a Arquidiocese do Rio de Janeiro estava mandando ao país.
Depois que seu pai morreu, Tim havia vendido todas as suas coisas e pedido dinheiro emprestado para tentar juntar a quantia e realizar o seu grande sonho de conhecer os EUA, mas o valor ainda não era suficiente. Por ter sido coroinha na infância, na Igreja dos Capuchinhos, em seu bairro, Tim era muito querido pelo Frei Cassiano, que o ajudou a embarcar junto com os padres, sem precisar pagar a passagem.
Dono de uma personalidade única e forte, Tim Maia foi um dos primeiros artistas independentes do Brasil, lançando grande parte de suas músicas por meio da sua própria gravadora, a Vitória Régia Discos (antes chamada Seroma, união das sílabas iniciais de seu nome: SE-RO-MA).
Tim Maia Racional
Em certa fase da carreira, Tim Maia passou a seguir a Cultura Racional: uma seita ou filosofia de vida, que levou também para a sua arte. Os discos Tim Maia Racional Vol. 1 e Vol. 2 (1975) são obras primas da MPB e mostram o cantor em plena forma vocal (tinha parado de beber, fumar, comer carne vermelha, só usava branco e todos da banda deveriam fazer o mesmo) e arranjos fenomenais.
Os discos da fase Racional, uma das mais produtivas de sua carreira, viraram artigos de colecionador, depois que o cantor descobriu que estava seguindo um guru e uma seita enganosos e passou a renegar os álbuns dessa fase: destruiu ativamente o material, proibiu seu relançamento e desencorajou regravações enquanto ainda estava vivo. Não adiantou.
Músicas como Universo em Desencanto, Bom Senso, O Caminho do Bem e Imunização Racional (Que Beleza), que traziam os ideias da Cultura Racional em suas letras, estão entre os seus maiores sucessos.
A revista Rolling Stone Brasil classificou Tim Maia como o maior cantor brasileiro de todos os tempos e o 9º maior artista da música nacional.
32 sucessos da carreira de Tim Maia
A lista dos grandes sucessos da sua carreira é imensa! Por isso, fizemos uma playlist especial, com 32 dos principais sucessos na voz de Tim Maia, desde o início da sua carreira, até os seus últimos dias, fazendo um passeio por sua trajetória.
Aproveitem! E viva o eterno Síndico do Brasil!