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30 anos do álbum “Da Lata” nos 64 anos de Fernanda Abreu

Há exatamente 30 anos, em meados de 1995, Fernanda Abreu lançava um de seus álbuns de maior sucesso, que marcou para sempre a cena musical brasileira: “Da Lata”. Hoje, no aniversário de 64 anos da cantora e compositora carioca, nós relembramos os motivos que fazem deste um álbum tão importante.

A importância do álbum “Da Lata”

Em 05 de julho de 1995, Fernanda Abreu lançou o terceiro disco de sua carreira, “Da Lata”, sucessor de “SLA 2 Be Sample” (1992) e “SLA Radical Dance Disco Club” (1990).

Escolhido como o melhor álbum latino-americano do ano pela revista americana Billboard, “Da Lata” trouxe uma mistura de pop com R&B e funk, criando uma marca pessoal no trabalho da artista. O álbum também traz influências do samba-funk, do charm, da disco e da MPB.

Entre as canções do disco, está o super sucesso “Veneno da Lata”, composição em parceria de Fernanda Abreu com Will Mowat e que conta com a participação de Herbert Vianna cantando a incidental “Vamo Bate Lata”, música dele, lançada no ano anterior pelos Paralamas do Sucesso.

A abertura da canção também conta com a participação especial de Sofia Stein – filha de Fernanda – ainda criança, com três anos de idade

A faixa também conta com a incidental “A Lata”, composição de Fernanda Abreu, Marcos Suzano e Chacal, música que também faz parte desse disco. 

O álbum e a canção receberam este nome por conta da expressão “da lata”, que surgiu a partir de 1987, quando tripulantes de um navio estrangeiro despejaram no litoral do Rio de Janeiro 22 toneladas de maconha dentro de latas, temendo uma ação da polícia. As latas fechadas foram coletadas por pessoas nas praias, e, de acordo com os testemunhos, a maconha era de excelente qualidade. 

O fato deu origem à gíria carioca “da lata”, que é usada para algo que é bom. Ao mesmo tempo, a lata é um material barato, e serviu de contraponto para a cantora diante da pobreza e o sucateamento do Brasil.

A capa do álbum é uma foto de Fernanda Abreu com um manto feito de lata – que pesa 57 quilos! – num cenário cheio de objetos de sucata de lata, enquanto a contracapa possui o mesmo cenário, mas nele a cantora aparece nua. 

Fernanda Abreu na capa do álbum ‘Da Lata’, de 1995 | Foto: Divulgação

Outro grande sucesso do álbum é a canção “Garota Sangue Bom” (parceria com Fausto Fawcett e que conta com o backing vocal dele), tida como uma extensão de Rio 40 Graus”, música lançada no álbum anterior de Fernanda, por explorar a imagem suburbana da capital carioca. 

“Da Lata” traz também o super clássico “É Hoje” (de Mestrinho e Didi, samba-enredo da escola União da Ilha do Governador); além das canções:

  • A Tua Presença Morena (de Caetano Veloso); 
  • Brasil é o País do Suingue (de Fernanda e Fausto); 
  • Um Dia Não Outro Sim (parceria dela com Marcelo Lobato)
  • Babilônia Rock (de Robson Jorge, Guto Graça Mello e Lincoln Olivetti).

Em 1996, Fernanda Abreu fez turnê com o espetáculo do disco pela Europa e pela Ásia. O show trazia um cenário inspirado no conceito do álbum, com a estrutura feita de sucata e lataria, criando a imagem de um ferro-velho no palco, além dos figurinos confeccionados com lataria e outros metais. O cenário do show foi projetado pelo cenógrafo e designer Luiz Stein, então marido da cantora.

Além disso, Fernanda levou DJs para discotecar no palco, sendo pioneira na ligação da música eletrônica com o grande público. 

Sobre Fernanda Abreu

Carioca da gema, Fernanda Abreu nasceu em 1961 e descobriu cedo sua vocação artística. Começou no ballet ainda criança, formou-se bailarina profissional e, na juventude, já dividia o tempo entre grupos de dança, corais e a banda “Nota Vermelha”, ao lado de Leo Jaime

Em 1982, ganhou projeção nacional ao integrar a banda Blitz, como backing vocal, participando do fenômeno que misturou rock, pop e humor e se tornou símbolo da geração dos anos 80.

Após a dissolução da banda, Fernanda abriu caminho para uma carreira solo ousada e inovadora. Inspirada por nomes como Michael Jackson, Prince e Madonna, foi a primeira artista a trazer a linguagem do pop dançante, dos samplers e das batidas eletrônicas para a MPB. 

Sua estreia aconteceu em 1990, com “SLA Radical Dance Disco Club”, produzido por Herbert Vianna e Fábio Fonseca, que já mostrava sua marca registrada: unir música de pista e brasilidade em um mesmo som.

Capa do primeiro álbum de Fernanda Abreu

Dois anos depois, lançou “SLA 2 Be Sample”, com o hino “Rio 40 Graus”, parceria com Fausto Fawcett e Laufer, que transformou-se em clássico imediato ao retratar o calor, a diversidade e as contradições do Rio de Janeiro. 

Em 1995, “Da Lata” – como já contamos – reforçou sua identidade única ao misturar pop, R&B, funk e samba-funk. Já em 1997, a coletânea “Raio X” trouxe novas versões de seus hits e a consagrada releitura de “Kátia Flávia, a Godiva do Irajá” (de Fausto Fawcett e Laufer). 

Nos anos 2000, Fernanda Abreu seguiu explorando a vida urbana em álbuns como “Entidade Urbana” (2000) e “Na Paz” (2004), além de registrar sua energia ao vivo em “MTV Ao Vivo – Fernanda Abreu” (2006). Em 2016, voltou aos discos com “Amor Geral”, obra autobiográfica que celebra a diversidade e o poder do amor, com participações especiais como a do lendário Afrika Bambaataa.

Com mais de quatro décadas de carreira e 35 anos de carreira solo, turnês internacionais, participações marcantes em festivais como o Rock in Rio e projetos que cruzam música, dança e artes visuais, Fernanda Abreu consolidou-se como uma das artistas mais criativas e consistentes da nossa música. 

Em 2020, celebrou a trajetória com o álbum “Slow Dance” e o registro “Amor Geral A(LIVE)”, que levou ao público um show gravado em plena pandemia. Em 2021, foi a vez de seu álbum mais recente: “Fernanda Abreu – 30 anos de baile”.

Dona de uma obra que quebrou barreiras ao unir pop, funk, hip-hop e MPB, Fernanda Abreu se tornou referência incontornável para gerações posteriores. Mais que cantora e compositora, ela é símbolo de liberdade artística, de experimentação e de irreverência. A eterna “dona do baile” segue mostrando que a música dançante também é poesia, identidade e resistência.

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