Nascido em 22 de julho de 1930, o compositor, cantor, produtor musical e radialista carioca Élton Medeiros completaria 95 anos hoje. Considerado um dos melhores melodistas e ritmistas da história do samba, relembramos 5 grandes sucessos da carreira do artista.
Sobre Élton Medeiros
Aos oito anos, com seu irmão e amigos da vizinhança, Élton Medeiros formou um bloco que, mais tarde, junto com o Unidos de Sintra, viria a se tornar o bloco União do Amor. Nessa época, começou a compor os seus primeiros sambas.
Participou da banda do Colégio Interno João Alfredo, onde estudou na adolescência e aprendeu a tocar saxofone e trombone. Também tocava bateria em um conjunto que animava bailes.
Élton teve sua trajetória profissional iniciada aos 17 anos, quando tocava de dia na Orquestra Juvenil de Estudantes, que se apresentava na Rádio Roquette-Pinto, e à noite tocava trombone na gafieira “Fogão”, do compositor Uriel Azevedo.
Começou sua carreira de compositor sendo fundador da Ala dos Compositores da escola de samba Aprendizes de Lucas. Seu samba “Exaltação a São Paulo”, de 1954, foi considerado um dos melhores da história da escola.
Porém, foi durante as reuniões no famoso Zicartola, que foi ponto de encontro de sambistas de destaque na cultura brasileira, que Élton Medeiros passou a criar suas principais obras, sendo um dos principais incentivadores e frequentadores.
Lá, entrou em contato com sambistas como Cartola (dono do Zicartola, junto com sua esposa, Dona Zica), Nelson Cavaquinho, Zé Keti, Ismael SilvaePaulinho da Viola, que se tornaria o principal parceiro musical de Élton Medeiros.
Além disso, como fruto do Zicartola, surgiu o grupo A Voz do Morro e o espetáculo musical “Rosa de Ouro”, dois importantes movimentos do samba no país, dos quais Élton participou, ao lado de outros grandes sambistas da nossa história.
Em 1975, ao lado de nomes como Wilson Moreira eNei Lopes, Medeiros participou da fundação do Grêmio Recreativo de Artes Negras Quilombo, idealizado por Candeia.
Elton morreu em setembro de 2019, aos 89 anos de idade, após sofrer uma pneumonia. Ele segue sendo até os dias atuais, um dos mais importantes nomes da história da música popular brasileira.
5 grandes sucessos de Élton Medeiros
1 – O Sol Nascerá
Composta por Cartola e Élton Medeiros, em 1961, na casa de Cartola, a canção “O Sol Nascerá” nasceu de maneira improvisada.
Na época, além de Élton, a casa de Cartola era muito frequentada por outros diversos sambistas, como Zé Kéti e Nelson Cavaquinho.
Segundo Élton Medeiros, Cartola e ele tinham acabado de compor um samba chamado “Castelo de Pedrarias”, quando chegou o amigo Renato Agostini, que – após ouvir o novo samba – desafiou os compositores a fazerem outra letra, ali na hora, em sua presença.
Poucos minutos depois, estava pronto o samba “O Sol Voltará”, que traz uma mensagem de otimismo para lidar com as situações da vida. Três anos depois do episódio, a canção foi uma das escolhidas para integrar o álbum de estreia de Nara Leão, até então considerada a musa da bossa nova. Na gravação, atendendo a um pedido do produtor Aloysio de Oliveira, o título foi alterado para “O Sol Nascerá”.
No ano seguinte, Elis ReginaeJair Rodriguesgravaram a canção em seu álbum em parceria: ”Dois na Bossa”.
Considerado como um marco da redescoberta de Cartola durante a década de 1960 e também da revelação de Élton Medeiros como compositor, “O Sol Nascerá” foi gravada pelo próprio Cartola para o seu álbum homônimo, o primeiro de sua carreira, em 1974. Um ano antes, já havia sido gravada para o também disco de estreia de Élton, em um pot-pourri com o samba “Mascarada”, parceria de Medeiros com Zé Keti.
2 – Mascarada
Parceria entre Élton Medeiros e Zé Keti, o samba “Mascarada” foi lançado em 1973, no disco de estreia de Élton, em um pot-pourri com junto com “O Sol Nascerá”.
A música foi composta no início da década de 1970, depois que Élton Medeiros e Zé Keti – grandes compositores ligados ao samba tradicional – participavam de um programa de TV ao lado de dois compositores ligados à Bossa Nova: Roberto Menescal e Carlos Lyra.
Durante o programa, o apresentador propôs que os músicos fossem para casa com um desafio: que Lyra e Menescal compusessem um samba tradicional e Zé Keti e Élton compusessem um samba mais ligado ao estilo bossa-nova.
Passado um tempo, Élton acordou um belo dia com uma melodia na cabeça e percebeu que era uma bossa nova. Logo mandou a melodia para Zé Keti que escreveu uma letra bem com a cara bem “bossa-novista” também.
“Mascarada” ficou uma belíssima canção, mostrando toda a versatilidade dos dois sambistas geniais.
3 – Pressentimento
Já “Pressentimento” é uma canção composta por Élton Medeiros em parceria com o compositor, poeta e produtor musical Hermínio Bello de Carvalho, em 1968.
Na década de 1960, o apartamento de Hermínio, no Catete – Rio de Janeiro, era um dos redutos que reuniam cantores, músicos, intelectuais e outros artistas diversos. Um desses frequentadores era Élton Medeiros, que – em um encontro por lá – em 1968, ouviu uma ideia musical de Hermínio para uma composição em parceria, inspirada na forma como a canção “Feio Não É Bonito”, de Carlos Lyra, foi feita.
Élton topou e, em sua casa, retocou a estrutura inicial, construindo uma melodia com introdução, primeira e segunda partes, para que o parceiro escrevesse a letra. Hermínio foi criando versos sem rima, levando-se pela musicalidade da poesia, que abordava a sensação que precede a chegada de um novo amor (“Vem meu novo amor / vou deixar a casa aberta”, “Tudo faz pressentimento / que este é o tempo ansiado / de se ter felicidade”).
Ainda sem um título para o novo samba, Élton o apresentou para o amigo Toninho Ventura, que batizou a canção. Em seguida, “Pressentimento” foi enviado para participar – defendido pela cantora Marília Medalha – da Bienal do Samba daquele mesmo ano, festival promovido pela TV Record, ficando em terceiro lugar.
No mesmo ano, o samba foi gravado pela própria Marília Medalha, por Elza Soares e também por Jair Rodrigues. Mais adiante, nomes como Elizeth Cardoso, Alaíde Costa, MPB4, Quarteto em Cy e o próprio Élton gravaram a canção, que se tornou um dos grandes clássicos do samba.
4 – Peito Vazio
“Peito Vazio” também foi composta por Élton Medeiros em parceria com Cartola e foi lançada no segundo álbum de Cartola “Cartola II”, de 1976.
Um hino do clássico samba-canção, a letra fala sobre a dor da saudade de quem se ama, do sofrimento e da tristeza profunda em se perder um amor, perdendo junto a vontade de viver, a inspiração e buscando afogar essa mágoa de alguma forma na bebida.
Élton Medeiros também gravou “Peito Vazio”, em 1980. Outros artistas que gravaram a canção foram Nelson Gonçalves, Emílio SantiagoeNey Matogrosso.
5 – Onde a Dor Não Tem Razão
Uma das diversas parcerias de Élton Medeiros com Paulinho da Viola, a belíssima canção “Onde a Dor Não Tem Razão” foi lançada por Paulinho em 1981, e depois regravada por nomes comoSimone, Cauby Peixoto, Leila Pinheiro eTeresa Cristina.
