No dia 17 de outubro de 1847, nascia no Rio de Janeiro Francisca Edviges Neves Gonzaga, a mulher que mudaria para sempre o rumo da música popular brasileira, nossa eterna Chiquinha Gonzaga.
Sua importância é tão significativa, que a data do seu nascimento foi transformada oficialmente no Dia da Música Popular Brasileira, instituído pela Lei 12.624, em 2012.
Filha de um militar do Exército Imperial e de uma mulher negra, filha de escravizada alforriada, Chiquinha cresceu entre contrastes, vivendo em uma sociedade que impunha rígidas normas às mulheres. Foi justamente ao romper essas normas que ela se tornou símbolo de liberdade, pioneirismo e talento.
A seguir, conheça cinco motivos que fazem de Chiquinha Gonzaga uma das figuras mais inspiradoras da nossa história.

1 – Primeira compositora popular e pianista de choro do Brasil
Chiquinha Gonzaga foi a primeira mulher a compor profissionalmente no país e também a primeira pianista de choro (chorona), gênero que ajudou a consolidar as bases da música brasileira. Desde criança, demonstrava talento e sensibilidade: aos 11 anos, escreveu sua primeira composição, “Canção dos Pastores”. Em 1877, alcançou o sucesso com a polca “Atraente”, abrindo caminho para uma carreira marcada pela inovação.
2 – Primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil
Em 1888, Chiquinha Gonzaga tornou-se a primeira mulher a reger uma orquestra no país, com a peça “A Filha do Guedes”. Em um cenário musical dominado por homens, ela conquistou o respeito dos colegas e da crítica, provando que o talento não tem gênero. Sua presença na regência representou um marco na história da música brasileira e inspirou gerações de instrumentistas e regentes.
3 – Criadora da primeira marchinha de Carnaval da história
Em 1899, Chiquinha compôs “Ô Abre Alas” para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro, do bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro. A canção se tornou a primeira marchinha de Carnaval com letra da história e marcou o nascimento de um dos gêneros mais populares do país. A partir dali, o Carnaval brasileiro ganhou um ritmo próprio, alegre e contagiante, que nunca mais saiu das ruas.
4 – Uma mulher à frente de seu tempo
Chiquinha Gonzaga rompeu padrões sociais e desafiou as regras impostas às mulheres do século XIX. Separou-se de um casamento infeliz, enfrentou o preconceito por criar um filho sozinha, fumava em público e frequentava rodas de choro, atitudes consideradas escandalosas para a sociedade machista da época. Com coragem e independência, nossa heroína reivindicou o direito de ser artista e dona da própria vida.
5 – Militante, líder e defensora dos direitos autorais
Além da genialidade musical, Chiquinha Gonzaga foi uma mulher engajada nas grandes causas de seu tempo. Participou da campanha abolicionista, chegou a vender partituras para comprar a alforria de um músico escravizado e, em 1917, fundou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat), a primeira entidade de defesa dos direitos autorais no país.

Ao longo de sua vida, Chiquinha Gonzaga compôs cerca de duas mil músicas e escreveu trilhas para 77 peças teatrais, explorando gêneros diversos: de polcas e valsas a tangos, lundus e maxixes. Morreu em 1935, aos 87 anos, deixando um legado que ultrapassa o tempo e ecoa na música brasileira até hoje.
Mais do que uma compositora brilhante, Chiquinha foi um símbolo de resistência, liberdade e criatividade. Uma mulher que abriu alas para todas as outras que vieram depois dela e que, por isso, será sempre lembrada como uma mulher pioneira!
Viva Chiquinha Gonzaga e viva o Dia da Música Popular Brasileira!
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