8 livros de Zuza Homem de Mello para entender mais sobre MPB

Se não tivesse nos deixado em outubro de 2020, por consequências de um infarto agudo do miocárdio, enquanto dormia em sua casa em São Paulo, Zuza Homem de Mello, o maior especialista em história da música popular brasileira de todos os tempos, completaria 90 anos no dia de hoje.

O pesquisador, jornalista, musicólogo, contrabaixista e produtor musical havia acabado de concluir um livro sobre o amigo e pai da bossa nova: Amoroso – Uma Biografia de João Gilberto, que foi lançado postumamente, em 2021, encerrando a brilhante obra de Zuza com chave de ouro.

Por isso, no dia de hoje, nós da Novabrasil, amantes de brasilidades e de MPB que somos, resolvemos fazer uma lista com esse e outros sete livros de Zuza Homem de Mello, que você não pode deixar de ler, além de Amoroso!

Foto: Poa Jazz Festival/Divulgação CP Memória

8 livros de Zuza Homem de Mello para entender mais sobre MPB

1 – A Canção no Tempo – Vol 1 – De 1091 a 1957 (em coautoria com Jairo Severiano) – Editora 34, 1997 

O Volume 1 de A Canção no Tempo traz uma abrangente e detalhada história da música popular brasileira por meio de suas canções de sucesso, entre os anos de 1901 e 1957. A trajetória de cada composição, incluindo sua criação, informações sobre autores, intérpretes, detalhes da gravação, a forma como se tornou sucesso e, nos casos principais, uma análise musicológica. 

Como um panorama vivo do que foi a música popular brasileira no século XX, a obra apresenta ainda depoimentos da maioria dos compositores e intérpretes, que revelam fatos quase sempre inéditos, e uma relação de gravações representativas de músicas estrangeiras que alcançaram popularidade no Brasil na época. Traz:

  • As modinhas e lundus de Eduardo das Neves, Cadete e Baiano;
  • As obras de Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha;
  • Passando pela fase áurea do rádio com Francisco Alves, Ary Barroso, Lamartine Babo, Carmen Miranda, Ataulfo Alves, Noel Rosa e Dorival Caymmi;
  • Até as composições pré-bossa nova de Dolores Duran, Luiz Bonfá e Tom Jobim na década de 1950.

A edição revista e ampliada traz 21 novas composições em destaque, totalizando 288 canções comentadas no volume.

2 – A Canção no Tempo – Vol 2 – 85 anos de músicas brasileiras: de 1958 a 1985 (em coautoria com Jairo Severiano) – Editora 34, 2015

A Canção no Tempo – Volume 2 apresenta a história de nossa música popular por meio de suas composições mais representativas. Este segundo volume começa com o surgimento da Bossa Nova, em 1958, e se estende até 1985, passando por movimentos como a Jovem Guarda e o Tropicalismo

No período, se consagraram grandes nomes da MPB como:

  • Tom Jobim, Vinicius de Moraes, João Gilberto (pais e padrinhos da Bossa Nova);
  • Edu Lobo, Elis Regina, Chico Buarque, Nara Leão, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Milton Nascimento e Paulinho da Viola (surgidos na era dos festivais);
  • Roberto e Erasmo Carlos (egressos da Jovem Guarda);
  • Cartola e Nelson Cavaquinho (velhos sambistas redescobertos);
  • e uma vertente mais pop que inclui Jorge Ben Jor, Os Mutantes, Novos Baianos, Tim Maia, Raul Seixas, chegando até a Renato Russo e Cazuza. 

A edição revista e ampliada traz 30 novas composições em destaque, totalizando 341 canções comentadas no volume.

3 – A Era dos Festivais  – Editora 34, 2003

Zuza Homem de Mello conta a história e os bastidores dos principais festivais de música brasileira entre 1960 e 1972 – eventos que revelaram os maiores nomes da MPB, como:

  • Elis Regina;
  • Nara Leão;
  • Caetano;
  • Gil;
  • e Chico Buarque, entre muitos outros.

Testemunha ocular dos fatos, o autor aborda também os embates entre política e estética, acirrados a partir do golpe militar de 1964.

4 – Música nas Veias: Memórias e Ensaios – Editora 34, 2007

Este livro reúne oito textos inéditos de Zuza Homem de Mello e mais de 120 imagens especialmente selecionadas pelo autor. Trazendo ensaios e memórias sobre o jazz e a música brasileira, a obra constitui-se em uma espécie de autobiografia de Zuza e de sua geração:

  • o garoto fascinado pela Era do Rádio e por suas estrelas, como Jacob do Bandolim; o contrabaixista que tocava nos clubes noturnos paulistanos da década de 50;
  • o jovem que namorava ao som de April Stevens e Julie London, e dançava com o swing das grandes orquestras; o estudante de música nos Estados Unidos, que se extasiava com os astros da fase áurea do jazz em Nova York entre 1957 e 1958, de Billie Holiday a Thelonious Monk;
  • o técnico de som e booker da TV Record nos anos 60, testemunha dos bastidores dos shows internacionais da então emissora de maior sucesso no país;
  • o apresentador que comandou por onze anos um dos programas mais queridos do rádio brasileiro, o Programa do Zuza, na Jovem Pan. 

Com um texto saboroso, e de alguém que realmente entende do assunto, este livro é uma referência obrigatória para todos aqueles interessados em música – afinal, não é à toa que seu autor foi chamado de “o homem que tem música nas veias”. Como diz Rodrigo Naves, no texto de orelha do volume:

“A grandeza de um texto sobre arte, a sua prova dos nove, pode ser verificada por um critério simples: a vontade de, terminada a leitura, cair de boca nas músicas que o autor analisou, nos intérpretes em que se deteve, nas vozes que resgatou.”

5 – Eis Aqui os Bossa Nova  – WMF Martins Fontes, 2008

O livro traz a biografia oral do movimento Bossa Nova. Testemunha ocular e auditiva de todos os passos decisivos que nossa música popular deu nas últimas seis décadas, Zuza escreveu a primeira versão de ‘Eis aqui os bossa-nova’, em 1976. A obra logo se transformaria numa raridade bibliográfica. 

Estava tudo lá: da gênese do movimento à entrada em cena de Caetano Veloso & cia. Passados 32 anos, Zuza Homem de Mello remontou todos os depoimentos recolhidos entre 1967 e 1971, acrescentou detalhes esclarecedores e enriqueceu a obra com novas reminiscências. O livro traz depoimentos de 27 grandes nomes da música popular brasileira. Entre eles, estão:

  • Tom Jobim;
  • Caetano Veloso;
  • Carlos Lyra;
  • Chico Buarque;
  • Elis Regina;
  • Gilberto Gil;
  • Nara Leão;
  • Johnny Alf;
  • Roberto Menescal;
  • e Vinicius de Moraes.

6 – Música com Z  – Editora 34, 2014

Reunião de 140 textos de Zuza Homem de Mello, escritos ao longo de toda a sua carreira – das primeiras reportagens enviadas de Nova York, em 1957, até um artigo sobre os centenários de Caymmi, Lupicínio Rodrigues e Aracy de Almeida publicado em 2014. 

Focalizando principalmente o jazz, a música popular brasileira e a norte-americana, o livro traz as experiências de um crítico que conviveu com vários dos artistas abordados, assistiu pessoalmente às suas apresentações, entrevistou-os e até produziu seus discos e shows. Estamos, portanto, diante do testemunho de um autor que vive de muito perto a cena musical. 

Com a generosidade e a paixão que lhe são características, Zuza nos transporta por meio de seus escritos não apenas aos palcos, mas também aos bastidores, camarins e estúdios que frequentou, compartilhando conosco o calor e as revelações de cada um desses momentos. 

  • Uma entrevista inédita com Charles Mingus;
  • O relato de uma apresentação surpresa de João Gilberto;
  • Um encontro com Chet Baker;
  • A análise da produção de Noel Rosa;
  • A história da canção As Times Goes By;
  • A primeira entrevista de Itamar Assumpção;
  • Um estudo sobre a carreira de Frank Sinatra;
  • O último show de Elis Regina;
  • Um perfil de Miles Davis... 

Não é pouco o que o leitor poderá aprender e saborear nestas páginas, redigidas por alguém que, como lembra Humberto Werneck no prefácio, “esteve sempre no lugar certo, e na hora certa, vendo e ouvindo o que cada um de nós adoraria ter tido a oportunidade de ver e ouvir”.

7 –  Copacabana: A trajetória do Samba-canção  – Editora 34 e Edições Sesc, 2017

Fruto de mais de dez anos de pesquisas, Copacabana documenta a história completa de um dos gêneros mais importantes da nossa música: o samba-canção. D

esde seu surgimento no teatro de revista, com o sucesso da gravação de Linda Flor, por Aracy Cortes, em 1929, até o advento da Bossa Nova, em 1958, o samba-canção foi um dos gêneros preferidos de compositores da estirpe de Ary Barroso, Caymmi, Cartola, Lupicínio, Tom Jobim e até mesmo Noel Rosa, cuja obra, como demonstra Zuza, inclui várias composições que na verdade já eram legítimos sambas-canção. 

Com o fechamento dos cassinos em 1946, boa parte do meio artístico da então capital federal migrou para boates e clubes noturnos, que se concentraram especialmente em Copacabana, bairro-ícone do Rio de Janeiro.

Entre 1946 e 1958 o samba-canção foi o gênero de maior sucesso da música brasileira. Com seu cativante ritmo, propício para se dançar colado ao parceiro, e sua temática romântica, ele invadiu a noite carioca e conquistou o país nas vozes de intérpretes como Linda Batista, Dick Farney, Dalva de Oliveira, Nora Ney, Elizeth Cardoso, Dolores Duran e Maysa – as duas últimas também excelentes compositoras. 

Ao mesmo tempo que o samba-canção cultivava harmonias mais sofisticadas e modulações, que abriram caminho para a bossa nova, ele tinha também uma vertente extremamente popular, com campeões de vendas como Ângela Maria, Nelson Gonçalves e Cauby Peixoto.

Estudo amplo, profundo e fartamente ilustrado, este livro tem mais uma qualidade essencial: ele nos faz reviver uma época áurea do Rio de Janeiro, guiados pelo texto vibrante e caloroso do autor.

8 – Amoroso – Uma Biografia de João Gilberto – Companhia das Letras, 2021

Já não restam superlativos para caracterizar a música de João Gilberto. Com sua voz e seu violão inigualáveis, o criador da bossa nova foi reverenciado no mundo inteiro — até nos deixar, aos 88 anos, em julho de 2019.

Esta é a primeira biografia dedicada ao baiano de Juazeiro, amigo íntimo de Zuza Homem de Mello, o maior especialista em MPB da nossa história.

Personagem tão apaixonante quanto idiossincrático, João Gilberto é aqui retratado pelo prisma de sua arte. De Salvador a Tóquio, passando por Nova York, Rio de Janeiro e Cidade do México, somos levados aos estúdios, teatros, bares, clubes e festivais por onde João circulou, e conhecemos os compositores, arranjadores, instrumentistas, produtores, jornalistas, técnicos de som e empresários que cruzaram seu caminho. 

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