A história das músicas “Disparada” e “Menino das Laranjas”

No dia de hoje, o compositor, violonista, cantor e arranjador carioca Théo de Barros completa 80 anos! Em homenagem, confira as histórias das músicas Disparada e Menino das Laranjas, de sua autoria.

Théo de Barros, ao violão | Foto: Divulgação

Théo de Barros

Filho do compositor alagoano Teófilo de Barros Filho, começou a aprender violão aos 11 anos de idade e compôs sua primeira música, Saudade Pequenina, aos 15 anos.

Em 1962, teve seu primeiro trabalho registrado com a gravação de Natureza e Igrejinha por Alaíde Costa. Como cantor, estreou em disco no ano seguinte, interpretando as canções Vim de Santana e Fim, ambas de sua autoria.

Além de notabilizar-se pelo sucesso de suas composições, o artista também formou, juntamente com Heraldo do Monte, Airto Moreira e Hermeto Pascoal o Quarteto Novo, que gravou um único LP em 1967 e acompanhou Edu Lobo e Marília Medalha, no mesmo ano, na apresentação da canção Ponteio, que foi a vencedora do III Festival de Música Popular Brasileira.

Saudando Grandes Compositores da MPB

Para homenagear o aniversariante do dia e seguir homenageando grandes compositores da nossa música popular brasileira – que são tão importantes e tem uma contribuição tão significativa quando cantores, intérpretes e músicos – nós damos continuidade à série Saudando Grandes Compositores da MPB, em que contamos a história de grandes clássicos das carreiras desses artistas.

Entre os vários sucessos de Théo de Barros, falaremos sobre os clássicos Disparada Menino das Laranjas.

A história da música ‘Disparada’, de Théo de Barros e Geraldo Vandré

Composta com Geraldo Vandré, parceiro constante de Théo de Barros, Disparada foi brilhantemente interpretada por Jair Rodrigues, acompanhado do Trio Maraiá e do Trio Novo, no II Festival de Música Popular Brasileira, em 1966, dividindo o primeiro lugar com A Banda, de Chico Buarque de Holanda, quando houve verdadeira disputa com apostas em todo o país, entre os adeptos de uma e outra composição.

Nas folhas de votação do festival, consta que A Banda ganhou a competição por 7 a 5. Acontece que Chico, ao perceber que ganharia, foi até o presidente da comissão e disse não aceitar a derrota de  Disparada – a qual ele considerava a melhor canção do Festival e que, caso isso acontecesse, entregaria o prêmio ao concorrente. Por isso, o júri do festival resolveu dar empate.

Em pleno auge da Ditadura Militar brasileira, os autores fazem na canção de protesto, uma comparação entre a exploração das classes sociais pobres pelas mais ricas, ou da população pelos seus governantes e a exploração das boiadas pelos boiadeiros, fazendo uma relação entre gado e gente. 

A interpretação de Jair Rodrigues

Um retrato de um Brasil marcado pela contracultura da juventude em meio a um contexto de contestação política, perseguições, anseios de mudança, e em um misto de medo e esperança. Denunciando explorações, torturas, assassinatos e a repressão. E fala sobre o despertar de consciência para quem está vivendo tudo isso.

“A intenção era compor uma moda-de-viola baseada no folclore da região Centro-Sul, porém nossas raízes se infiltraram no processo e resultou uma catira de chapéu de couro”, esclarece Théo na contracapa de seu primeiro LP.

A energia, alegria, simpatia e os movimentos no palco de Jair Rodrigues, quase tiraram do cantor a chance de interpretar Disparada no Festival. Geraldo Vandré – autor da letra – em um primeiro momento, não queria que Jair interpretasse a composição que trata de algo tão sério.

“Mas o Jair vai cantar esse negócio rindo …” disse Vandré.

Jair Rodrigues não só a interpretou surpreendendo Vandré, como também levou o prêmio de melhor intérprete do festival, e a música foi o maior sucesso de sua carreira. Em uma entrevista, o cantor explicou porque era o intérprete ideal para Disparada:

“Meu pai morreu no lombo de um burro. Ele era boiadeiro, o velho Severiano Rodrigues de Oliveira. Acho que Disparada tem muita coisa a ver com ele”.

A história da música ‘Menino das Laranjas’, de Théo de Barros

Menino das Laranjas foi gravada por Geraldo Vandré em 1964 e por Elis Regina no ano seguinte, no disco Samba eu Canto Assim, projetando Theo de Barros como compositor.

A canção traz à luz a história do garoto que todo dia acorda cedo para vender frutas e ajudar a mãe no sustento do lar, narrando e repercutindo, já naquela época, um caso de exploração do trabalho infantil, um problema que, no dia a dia, persiste na cidade e no campo, por todo o Brasil.

Na letra da música, três vozes que se fazem ouvir:

  • a do sujeito que observa o menino vendendo laranjas para ajudar a mãe (solo) no sustento da casa;
  • a da mãe que manda o filho vender as laranjas;
  • e a voz do próprio menino gritando e oferecendo sua mercadoria.

Gostou de saber mais sobre as histórias de grandes canções da nossa música popular brasileira? Continue acompanhando a nossa série Saudando Grandes Compositores da MPB. Hoje, homenageamos o aniversariante Theo de Barros.

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