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A importância de Itamar Assumpção para a música brasileira em 10 fatos sobre o artista

Figura central da Vanguarda Paulista, Itamar Assumpção foi mais do que um músico: foi um inventor de mundos sonoros. Ao lado de Arrigo Barnabé e tantos outros nomes que sacudiram a cena paulistana no fim dos anos 1970, ele ajudou a criar um movimento independente que subverteu padrões, desafiou a indústria fonográfica e abriu caminho para novas gerações. 

Entre sátiras afiadas, misturas rítmicas ousadas e uma presença de palco magnética, o compositor, cantor, instrumentista, arranjador e produtor musical construiu uma trajetória que permanece viva, atual e inspiradora. 

Para celebrar o dia em que Itamar Assumpção completaria 76 anos, trouxemos uma lista com 10 fatos que nos mostram a sua importância e relevância na música popular brasileira.

1 – Raízes e origens

Itamar Assumpção nasceu em Tietê (SP), em 1949, e cresceu em Arapongas (PR). Bisneto de escravizados angolanos, trazia na memória os batuques do candomblé que ouvia no quintal de casa, referências que mais tarde apareceriam na força rítmica de sua música.

2 – Autodidata e inquieto

Aprendeu a tocar violão sozinho e – ouvindo Jimi Hendrix e arranjos de baixo e bateria – apaixonou-se pelo baixo. Em Londrina (PR) fez teatro, shows e decidiu que sua vida seria a arte.

3 – Chegada a São Paulo

Em 1973, mudou-se para a capital paulista, onde encontrou um terreno fértil para sua ousadia criativa. Foi ali que se consolidou como um dos principais nomes da música independente brasileira nos anos 80 e 90.

4 –  Liderança na Vanguarda Paulista

Junto de Arrigo Barnabé, foi uma das vozes centrais da chamada Vanguarda Paulista. O movimento, surgido no fim dos anos 1970, propunha romper com o controle das grandes gravadoras e da indústria fonográfica e explorar novos caminhos estéticos.

Esses artistas produziam e lançavam seus trabalhos independentemente das grandes gravadoras e das participações em programas televisivos da época, criavam suas próprias microempresas e gerenciavam as suas próprias carreiras.

Itamar Assumpção | Foto: Homero Sergio/Folhapress.

5 – Teatro Lira Paulistana

O epicentro dessa cena foi o Teatro Lira Paulistana, em Pinheiros, espaço que reuniu artistas como Grupo Rumo, Premê, Língua de Trapo, Ná Ozzetti, Suzana Salles e Tetê Espíndola. Ali, Itamar deu vida às suas primeiras apresentações antológicas com a banda Isca de Polícia.

6 – Os discos inaugurais

Seus dois primeiros álbuns, “Beleléu, Leléu, Eu” (1980) e “Às Próprias Custas S.A.” (1983), são símbolos da resistência cultural. Gravados e lançados fora do circuito do mainstream, são hoje cultuados pela originalidade e pela postura de independência.

O seu quarto disco, “Intercontinental! Quem diria! Era só o que faltava…” (1988), foi seu único LP produzido por uma grande gravadora, a Continental, por isso o título. 

7 – A multiplicidade sonora

O som de Itamar Assumpção não cabia em gavetas. Ele misturava samba, funk, rock e poesia, com letras carregadas de crítica social, sátira e lirismo. Suas referências iam de Adoniran Barbosa eCartola a Miles Davis, Paulo Leminski e Alice Ruiz.

Entre suas canções mais conhecidas, estão: 

  • Fico Louco
  • Parece que Bebe
  • Beijo na Boca
  • Sutil
  • Milágrimas
  • Vida de Artista
  • Dor Elegante
  • Estropício 

8 – Parcerias e releituras

Além de suas próprias composições, Itamar foi parceiro de nomes como – além de Arrigo Barnabé Ná Ozzetti, Zélia Duncan, Luiz Tatit, Chico César, Rita Leee Alzira E. Entre composições suas que fizeram sucesso, com outros intérpretes, estão: 

  • Nego Dito (na voz do sambista Branca de Neve)
  • Canto em Qualquer Canto (com Ná Ozzetti, na voz de Ney Matogrosso)
  • Aprendiz de Feiticeiro (na voz de Cássia Eller)
  • Vi, Não Vivi (parceria com Christiaan Oyens, na voz de Zélia Duncan)

Dedicou também um disco à obra de Ataulfo Alves, premiado pela APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte – em1995, reafirmando seu diálogo constante com a tradição e a modernidade.

Além disso, Itamar Assumpção participou intensamente da obra de vários artistas ligados à Vanguarda Paulista como instrumentista, compositor ou produtor. 

9 – Legado familiar e artístico

Casado por 35 anos com Elizena Brigo de Assumpção, teve duas filhas que seguiram o caminho da música: Serena – que faleceu em 2016, aos 39 anos, em decorrência de um câncer de mama – e Anelis Assumpção, que segue levando o legado de seu pai e sua irmã – e também da Vanguarda Paulista – em sua arte.

10 – Um marco para além de sua geração

Mesmo chamado de “maldito” pela crítica, Itamar Assumpção rejeitava rótulos e se afirmava como artista popular. Sua morte – em 2003, após lutar por quatro anos contra um câncer de intestino – não encerrou sua trajetória: discos póstumos, parcerias com Naná Vasconcelos e a influência sobre nomes como Tulipa Ruiz, Romulo Fróes e Kiko Dinucci comprovam que sua obra segue pulsando na música brasileira.

Mais do que um artista de carreira singular, Itamar Assumpção foi um símbolo de resistência, ousadia e inovação dentro da música brasileira. Sua trajetória, em sintonia com a Vanguarda Paulista, mostrou que era possível criar fora das engrenagens da indústria, sem abrir mão da qualidade artística nem da força popular. 

Entre sátiras, críticas sociais, experimentações sonoras e parcerias, deixou uma obra que ecoa até hoje – seja nos seus nove discos lançados em vida e três póstumos, na voz de sua filha e de seus e herdeiros musicais – seja na inspiração direta sobre novas gerações que seguem subvertendo formas e propondo caminhos originais.

Viva, Itamar Assumpção!

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