Alcione, carinhosamente chamada de Rainha Marrom, é uma das maiores intérpretes da música popular brasileira e uma referência absoluta no samba. Sua voz inconfundível, potente e cheia de emoção, conquistou o Brasil e atravessou gerações, mas sua importância vai muito além da música. Ao se autoproclamar Marrom, em um país marcado pelo racismo estrutural, Alcione transformou uma cor — muitas vezes usada de forma pejorativa — em símbolo de orgulho, poder e identidade.
O apelido, que poderia soar comum, ganhou força porque Alcione o assumiu com orgulho e o transformou em marca. Em uma época em que artistas negros eram frequentemente invisibilizados ou pressionados a “clarear” sua imagem, a cantora escolheu enfatizar sua negritude, afirmando-se como mulher negra, maranhense e protagonista de sua própria história. Assim, Marrom deixou de ser apenas um apelido para se tornar uma bandeira de resistência e representatividade.
Ao longo da carreira, Alcione nunca se furtou a falar sobre racismo e a valorizar suas raízes africanas. Seja no repertório, nas entrevistas ou em sua postura pública, sempre deixou claro que o sucesso não a afastava da realidade de seu povo. Com músicas que se tornaram clássicos — como Não Deixe o Samba Morrer e Você Me Vira a Cabeça —, ela reafirmou o papel central do samba como expressão da cultura negra e da força feminina no Brasil.
A importância de Alcione como Rainha Marrom está justamente nessa junção entre arte e identidade. Ao transformar a cor marrom em coroa, ela inspirou mulheres negras a se verem como protagonistas, belíssimas e poderosas, em um espaço onde muitas vezes foram marginalizadas. Alcione não apenas canta o samba: ela o encarna como expressão de resistência, beleza e orgulho racial.
Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Novabrasil e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se já www.forumbrasildiverso.org



