Aniversário de Daniela Mercury: vida e obra da Rainha do Axé Music

Hoje é aniversário de uma das maiores e mais completas artistas do Brasil: Daniela Mercury faz 58 anos! Cantora, compositora, bailarina e produtora musical, a baiana é conhecida como a Rainha do Axé Music, por seu pioneirismo no gênero e por torná-lo popular em todo o Brasil, influenciando uma geração de cantoras que vieram depois.

Por isso – e por muito mais – preparamos uma matéria especial para celebrar a vida e a carreira de Daniela Mercury. Aproveite!

Daniela Mercury é considerada Rainha do Axé Music | Foto: Célia Santos/Divulgação

Rainha do Axé

Como boa baiana, também têm influências da Tropicália, da Bossa Nova, do pop e do rock’n roll. Ela agradece e se sente honrada pelo título de Rainha do Axé e por ter sido precursora do estilo, embora prefira dizer que o que faz é “música percussiva brasileira” ou “MPB percussiva”, sem maiores rótulos. O que não se pode negar, é que ela é uma das grandes Rainhas do nosso Carnaval.

O que Daniela trabalha mesmo é com a mistura e fusão de vários ritmos e gêneros musicais, a inovação e a quebra de padrões – na música e na vida – sempre corajosa e revolucionária. Versátil, ela presa pela e liberdade musical, unindo vários estilos, mas sempre exaltando a música baiana e as influências afro-brasileiras.

Conhecida nacional e internacionalmente, a premiada artista vendeu mais de 20 milhões de discos no mundo todo. É uma das artistas brasileiras mais conhecidas e respeitadas fora do país.

Ente as cem maiores artistas da música brasileira de todos os tempos

Em mais de 30 anos de carreira, Daniela lançou 20 discos e sete DVDs e fez mais de 20 turnês internacionais. Está na lista dos cem maiores artistas da música brasileira de todos os tempos, elaborada pela Revista Rolling Stone Brasil.

Muito musical, a Daniela faz questão de participar de todos os arranjos de suas gravações, pesquisar timbres e valorizar o conceito de cada trabalho com suas referências de cultura brasileira e da influência afro que traz como raiz.

Ela diz que o samba-reggae – criado por Neguinho do Samba, o pai do Olodum –  é a influência que traz em todas as nuances de suas criações e que a percussão tem papel fundamental e é a base de toda a sua obra.

No palco, sua energia, vitalidade e presença contagiam tanto quanto sua potente voz. Sempre trazendo muito corpo e alma para a sua dança e para o seu canto. 

Daniela Mercury

O início de tudo

Daniela nasceu em 1955, na cidade de Salvador, numa família de cinco irmãos, entre eles, a também cantora e compositora Vânia Abreu.

Estudou dança desde os oito anos de idade, formou-se em Dança pela Universidade Federal da Bahia, foi professora de jazz, dança moderna e ballet clássico e também aprofundou suas pesquisas em dança afro e contemporânea.

Decidiu unir a carreira de bailarina à carreira de cantora aos 13 anos de idade, quando ficou impressionada ao assistir a um show de Elis Regina.

Começou a cantar profissionalmente aos 15 anos, em bares de sua cidade e não demorou muito para subir para cantar em um trio elétrico pela primeira vez, local de onde nunca mais saiu e o qual agita com maestria os foliões animados há tantos anos.

Foi nesse mesmo ano, 1981, que Toni Duarte – irmão do cantor e compositor Gerônimo, praticamente uma lenda viva da música baiana e compositor das canções Eu Sou Negão e Ladeira da Delícia – viu Daniela cantando em um bar e falou que estava precisando de uma cantora para um trio elétrico.

Daniela Mercury quando criança | Foto: Divulgação/BOL

Por que Daniela Mercury é considerada Rainha do Axé?

O primeiro pequeno – e pouco tecnológico (bem diferentes dos trios elétricos atuais) – trio que Daniela Mercury puxou, em 1982, contava somente com uma guitarra baiana (invenção da dupla Dodô e Osmar), uma guitarra elétrica, um baixo, uma bateria e – às vezes – um surdo.

O repertório era formado basicamente por canções que já faziam sucesso nas vozes dos cantores de trio que vieram antes de Daniela – todos homens até então. 

O primeiro cantor de trio elétrico foi Moraes Moreira, em 1975, quando até então as músicas de trio eram somente instrumentais.

Foi aí que Moraes – recém saído dos Novos Baianos – juntou-se ao trio de Dodô e Osmar para colocar voz nas canções, trazendo a influência do frevo. São dessa época grandes sucessos como Vassourinha, Pombo Correio e Festa do Interior, que fazem parte do repertório do primeiro trio puxado por Daniela, em 1982.

Dois anos depois de Moraes, Baby do Brasil (na época Consuelo) também se arriscou como cantora de trio elétrico, ao sair dos Novos Baianos. Mas Daniela Mercury foi a primeira a realmente assumir o posto de cantora de axé em cima de um trio elétrico e, por isso, e por ter disseminado o gênero por todo o Brasil, ela é considerada a Rainha do Axé

Com o tempo, os artistas baianos foram construindo o gênero do axé, com uma mistura de influências do ijexá, samba-reggae, frevo, reggae, merengue, pop, samba de roda, ritmos afro-latinos e afro-brasileiros. 

Banda Eva, Gil e Companhia Chic

Com 21 anos, Daniela já tinha dois filhos e costuma brincar que foram eles que a lançaram como cantora:

“Eu era bailarina, professora de dança. Como tive eles muito cedo, precisei arrumar outra forma de ganhar dinheiro e complementar o leite (risos). Meus amigos diziam que eu cantava e eu acreditei. Aí comecei a carreira.”

Em 1986, Daniela foi descoberta pelos empresário da Banda Eva, que a convidou para ser backing vocal do então bloco de carnaval, que já arrastava foliões na festa de Salvador desde 1981 e – nessa época – contava com os vocais de Luiz Caldas, Ricardo Chaves e Marcionílio, cantores que hoje são grandes referências do carnaval baiano.

Daniela ficou na Banda Eva até 1988, quando passou a ser backing vocal de Gilberto Gil. Em 1989, foi a primeira branca a cantar com o tradicional bloco afro Ilê-Aiyê.

Já em 1989 e 1990, foi vocalista da banda formada por ela mesma, a Companhia Clic, com quem gravou dois álbuns, com canções como Pega Que Oh!… e Ilha das Bananas, ambas de Rudnei Monteiro e Edmundo Cardôso.

É dessa época também a primeira composição de Daniela a virar hit nas rádios baianas: Vida Ê, em parceria com Durval Lelys e que entrou para o seu primeiro disco solo.

Carreira solo de Daniela Mercury

Em 1990, Daniela parte para a carreira solo e, em 1991, lança o seu primeiro álbum, pela gravadora independente Eldorado: Swing da Cor.

A canção título, composição de Luciano Gomes e com participação do Olodum, tornou-se o maior sucesso das rádios baianas e, logo, de todo o nordeste. Em pouco tempo, a canção chegou ao topo das paradas brasileiras e Daniela Mercury tornou-se um verdadeiro fenômeno nacional. 

A dimensão do imenso sucesso que a cantora estava fazendo, logo com seu primeiro single em carreira solo, foi medida quando Daniela foi convidada para participar do programa Bem Brasil, da TV Cultura, em São Paulo, que era transmitido ao vivo do campus da Universidade de São Paulo

As apresentações do programa costumavam atrair um público de mil pessoas, mas no dia do show de Daniela, 25 mil pessoas se aglomeraram na USP para ver o furacão baiano. Daniela Mercury teve que ser levada ao palco e retirada dele numa ambulância, para passar pela multidão.

Outro sucesso do primeiro disco, que também contava com composições de Carlinhos Brown, Herbert Vianna e Gilberto Gil, é a canção Menino do Pelô, de Gerônimo e Saul Barbosa, também com a participação do Olodum.

Em 1992, Daniela voltou para São Paulo e fez um show histórico no vão do MASP – Museu de Arte Moderna, que faz parar completamente a Avenida Paulista nos dois sentidos. Mais de 20 mil paulistanos foram dançar e cantar com a artista, que estampou capas de jornal, ficando conhecida como “a baiana que parou São Paulo”.

O movimento foi tanto, que o show teve que ser interrompido no meio, pois a estrutura do MASP estava sendo abalada e as obras de arte estavam em risco. 

Daniela Mercury foi produtora dos seus próprios álbuns

A partir do segundo disco, Daniela Mercury, que já tinha produzido seu primeiro álbum, nunca se afiliou a nenhuma gravadora e sempre produziu os seus próprios álbuns para depois negociar a distribuição com as gravadoras que estejam interessadas, tendo sua independência e liberdade mantidas, coisa pela qual ela sempre prezou.

O segundo disco, de 1992, é O Canto da Cidade, um dos mais importantes da carreira da cantora e que ultrapassou três milhões de cópias vendidas no Brasil e no exterior, fazendo de Daniela a primeira artista a receber o disco de diamante por um milhão de cópias vendidas.

Capa do álbum “O Canto da Cidade” (1992) | Foto: Reprodução

Além do super hit da faixa título – composta por ela e Tote Gira e um hino em homenagem à cidade de Salvador e ao povo negro, que também é um dos maiores sucessos da carreira da cantora – também estão presentes no disco outros grandes sucessos como:

  • Batuque (Rey Zulu e Genivaldo Evangelista);
  • O Mais Belo dos Belos (Guiguio, Valter Farias e Adailton Poesia);
  • O Charme da Liberdade (Adailton Poesia e Valter Farias);
  • e Bandidos da América (Jorge Portugal). 

Além de Só Pra Te Mostrar (de Herbert Vianna e com a participação do artista) e uma regravação da junção de sucesso das canções Você não Entende Nada (Caetano Veloso) e Cotidiano (Chico Buarque).

As canções do disco atingiram o primeiro lugar das paradas musicais brasileiras e o país ganhava uma nova estrela.

Com o sucesso desse álbum, o posto de Rainha do Axé estava conquistado e Daniela ficava conhecida no Brasil inteiro. Junto com ela, Daniela Mercury lançou muitos e muitos outros nomes da música baiana a partir daí. E também apresentou ao resto do Brasil a força do carnaval baiano.

Sucesso internacional de Daniela Mercury

Foi a partir deste álbum também, que Daniela passou a fazer sucesso internacionalmente, sendo muito ouvido na Argentina. O álbum ganhou um especial na TV Globo, a partir de um show gravado na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, mesclado com videoclipes gravados com Caetano Veloso, Herbert Vianna e Tom Jobim.

Anos depois, em 2008, o especial foi lançado em DVD para comemorar o 15º aniversário do lançamento do álbum. 

Em 1993, Mercury foi uma das principais atrações brasileiras no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça,  fez várias apresentações pela Europa e Estados Unidos, estampou capas de revistas e deu entrevistas para muitos meios de comunicação do Brasil e do exterior.

Em seu site, Daniela declara:

“Talvez eu seja a artista brasileira que tem menos dificuldade para expressar o trabalho, internacionalmente. Meu público pode não entender minhas letras quando eu canto, mas certamente percebe a alegria e a energia da música e cantam com ela”.

A Compositora e a Editora Musical

Em 1994, a cantora lançou o seu terceiro disco, Música de Rua, bem autoral, mostrando a sua veia compositora, no qual participa de mais da metade das composições.

Entre os principais destaques, o sucesso da faixa título – parceria de Dani com Pierre Onassis, que atingiu o topo das paradas – e a canção O Reggae e o Mar, parceria da cantora com Rey Zulu. 

Também estão no álbum, que vendeu mais de um milhão de cópias, as canções:

  • Rosa (de Pierre Onassis);
  • Sempre Te Quis (de Herbert Vianna);
  • e Folia de Reis (de Carlinhos Brown e Alain Tavares).

Sempre cuidadosa com sua obra e com uma visão empresarial para administrar as obras de outros compositores, Daniela abriu – ainda em 1994 – a sua própria editora musical, Páginas do Mar, hoje referência no mercado editorial musical.

O álbum “Feijão com Arroz”

Em 1996, lançou o disco Feijão com Arroz, considerado pela crítica como um dos melhores de sua carreira. Intensamente percussivo, o álbum traz toda a pesquisa que Daniela faz a respeito da música baiana e do carnaval nordestino. 

Entre as principais canções, estão os super sucessos:

  • Nobre Vagabundo (de Márcio Mello);
  • Rapunzel (de Brown e Alain Tavares, o maior sucesso da carreira de Daniela fora do Brasil);
  • Minas com Bahia (de Chico Amaral, com participação de Samuel Rosa);
  • e À Primeira Vista (de Chico César, que foi trilha da novela O Rei do Gado, da Rede Globo);
  • além de uma versão da canção Você Abusou (de Antônio Carlos e Jocáfi).

A capa do disco foi escolhida por uma pesquisa do jornal O Globo como a melhor da história da música brasileira, superando as capas icônicas da MPB dos discos Tropicália ou Panis Et Circense e Secos & Molhados.

Traz a cantora abraçada com um modelo negro, de costas, e ela explica que a foto sintetiza seu trabalho, de “uma cantora branca no universo dos blocos afro”.

Capa do disco “Arroz e Feijão” (1996) | Foto: Reprodução

É o segundo álbum mais vendido da carreira de Mercury, com quase dois milhões de cópias vendidas principalmente no Brasil, França e em Portugal, ajudando a impulsionar a carreira internacional da cantora.

A canção À Primeira Vista ficou seis meses no topo das paradas de sucesso, seguida por Nobre Vagabundo, que até hoje é uma das mais pedidas nos shows da cantora pelo mundo.

Bloco Crocodilo

Desde 1996, Daniela comanda o Bloco Crocodilo, conhecido pelo respeito à diversidade e pela alegria com que desfila no Carnaval de Salvador, sendo um dos blocos mais tradicionais da folia baiana. 

Nesse mesmo ano, Daniela decidiu levar o Crocodilo para a orla de Salvador, rota criada como alternativa para ampliar a área do carnaval que já se encontrava superlotada no centro da cidade.

Foi assim que teve início o famoso circuito Barra-Ondina – mais tarde batizado de Circuito Dodô, em homenagem a um dos criadores do trio elétrico. A partir daí, o novo circuito virou o principal palco do carnaval baiano. 

Neste mesmo ano, para facilitar e viabilizar o trabalho da imprensa na Barra, Daniela criou o camarote Daniela Mercury, um ponto importante de cobertura da folia e que recebe convidados especiais todos os anos.

A mistura da percussão com o eletrônico

Em 1998, Daniela lançou o seu primeiro álbum ao vivo, Elétrica, em que promove a mistura da guitarra baiana – típica dos trios elétricos do Carnaval – com a guitarra elétrica do rock’n roll.

Além de sucessos já consagrados de sua carreira, Daniela apresenta algumas canções inéditas, como:

  • o sucesso Trio Metal (dela em parceria com outros três compositores: Alfredo Moura, Marcelo Porciúncula e Renan Ribeiro);
  • Vulcão da Liberdade (de Tonho Matéria); a canção título, (de sua autoria);
  • e Toda Menina Baiana (de Gilberto Gil).

No mesmo ano, a baiana participou da coletânea Tropicália – 30 anos, interpretando a canção Alegria, Alegria, de Caetano Veloso.

Ainda nesse ano, o videoclipe de Rapunzel é exibido nos intervalos dos jogos da Copa de Futebol da França, fazendo a canção virar o hit do campeonato e a cantora é eleita a artista do verão pelo canal France 2, o maior canal público francês.

Criativa e ousada, em 1999, Daniela Mercury foi a primeira cantora de trio elétrico a trazer a música eletrônica para o carnaval da Bahia, com o Trio Techno.

Álbum “Sol da Liberdade”

No ano seguinte, a artista produziu o disco Sol da Liberdade, em que – ao lado de Suba (grande nome da música eletrônica), mistura as batidas dos tambores do samba-reggae (sua grande paixão) com sonoridades da música eletrônica (rap, funk, lounge, house).

O álbum recebeu elogios do The New York Times e da Billboard por sua inovação.

O maior sucesso desse disco é o grande hit Ilê Pérola Negra (O Canto do Negro), de Guiguio, René Veneno e Miltão, que exalta a riqueza da cultura afro-brasileira. A canção-título do álbum conta com a participação de Milton Nascimento.

Outras canções importantes do disco, que vendeu mais de um milhão de cópias, são:

  • Santa Helena (Márcio Mello);
  • Axé, Axé (de Caetano Veloso, com citação de trecho do clássico Chão da Praça, de Moraes Moreira e Fausto Nilo);
  • Sou Você (também de Caetano);
  • Só No Balanço do Mar (de Lenine e Dudu Falcão);
  • Viagem (de Vanessa da Mata, ainda pouco conhecida do público);
  • e as clássicas De Tanto Amor (de Roberto e Erasmo Carlos) e Crença e Fé (de Beto Jamaica e Ademário).

Televisão e mais sucessos

Junto com esse álbum, Daniela lançou o single que foi um absoluto sucesso: a regravação da romântica Como Vai Você, de Antônio Marcos, que explodiu ao fazer parte da trilha sonora da novela Laços de Família

A cantora teve vários outros sucessos em trilhas de novelas. Na televisão, também já foi jurada dos programas musicais Superstar, Popstar e The Voice Kids (esse último em Portugal, país onde é muito conhecida). 

Em 2001, Mercury lançou o álbum Sou De Qualquer Lugar, revelando um lado mais íntimo e feminino e mantendo a união do axé com a música eletrônica.

O disco traz canções de grandes compositores como Lenine, Gil e Brown, além das releituras de Praieira (Chico Science) e Mutante (de Rita Lee e Roberto de Carvalho), que foi um sucesso e chegou ao primeiro lugar das paradas. 

Outros super sucessos do disco são Beat Lamento (de Márcio Mello) e Estrelas (de Tenilson Del Rey e Carlos Neto, com participação de Toni Garrido).

No mesmo ano, Daniela se apresentou na noite de abertura do Rock in Rio III, para um público de 160 mil pessoas e foi convidada para representar o Brasil na cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz, onde cantou com Paul McCartney.

Em 2003, a artista lançou o seu segundo álbum ao vivo – MTV Ao Vivo: Eletrodoméstico –  que também virou o seu primeiro DVD, gravado na concha acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador. 

O disco traz várias canções já consagradas na voz da cantora, além dos sucessos:

  • Meu Plano (de Lenine e Dudu Falcão);
  • Dona da Banca (de Robson Pacífico e Aleh, tema de abertura da série A Diarista, da Rede Globo);
  • Ive Brussel (de Jorge Ben Jor);
  • Baby (de Caetano Veloso);
  • It Ain’t Over ‘Til It’s Over (Lenny Kravitz);
  • e Nossa Gente (Avisa Lá), de Roque Carvalho, sucesso do grupo Olodum, que participa do disco.

Também participam do álbum ao vivo o bloco afro Ilê – Aiyê, a cantora portuguesa Dulce Pontes, a espanhola Rosário Flores, o rapper italiano Lorenzo Jovanotti, Carlinhos Brown e o grupo Hip Hop Roots.

Do eletrônico ao clássico, sempre honrando suas raízes

Em 2004, Daniela lança o disco Carnaval Eletrônico, que comemora os cinco anos da criação do seu Trio Techno e funde várias expressões da música eletrônica como drum’n bass, house, techno, lounge e dub com ritmos brasileiros, criando faixas pra lá de originais.

O maior sucesso do álbum, a canção Maimbê Dandá (de Carlinhos Brown e Mateus Aleluia, e com participação de Brown), que exalta a cultura africana, explodiu e ficou em 1° lugar das paradas de todo o Brasil,  ganhando o troféu Dodô e Osmar, evento que premia categorias do carnaval baiano.

Também participaram da gravação do disco, indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum Pop do Ano, DJs consagrados e produtores de música eletrônica, além de Gilberto Gil e Lenine.

O álbum ainda conta com uma versão do clássico A Tonga da Mironga do Kabuletê, de Toquinho e Vinicius de Moraes.

Neste mesmo ano, a cantora entrou para o Guinness Book por arrastar a maior pipoca registrada no Carnaval da Bahia e se apresentou no Rock in Rio Lisboa.

Ainda em 2004, Daniela Mercury participou do CD e DVD comemorativo dos 25 anos da Banda Eva, interpretando a canção Anjo (de Saulo Fernandes e Leonardo Reis), ao lado de Saulo, vocalista do grupo naquela ocasião.

Álbum ao vivo “Clássica”

Em 2005, Daniela lança mais um álbum ao vivo, Clássica, em que apresenta grandes sucessos da MPB, da bossa nova e do jazz, mostrando mais uma vez toda a sua versatilidade e liberdade musical. 

Entre as canções, os clássicos:

  • And I Love Her (Paul McCartney e John Lennon);
  • Retrato em Preto e Branco (Tom Jobim e Vinicius de Moraes);
  • Atrás da Porta (Chico Buarque e Francis Hime);
  • Serrado (Djavan);
  • Sua Estupidez (Roberto e Erasmo Carlos, com participação de sua irmã Vânia Abreu);
  • Vapor Barato (Jards Macalé e Waly Salomão);
  • Se Eu Quiser Falar com Deus (Gilberto Gil);
  • Corsário (João Bosco e Aldir Blanc);
  • e Divino Maravilhoso (Gil e Caetano).
  • Além de uma composição própria: Maria Clara.

No mesmo ano, Daniela Mercury lançou o disco Balé Mulato. Muito elogiado e premiado, foi tido pela crítica como um retorno de Daniela às suas raízes do axé music clássico. 

Percussivo, vibrante e contemporâneo, o trabalho mistura samba-reggae, rock, frevo, galope eletrônico e canções românticas. Grandes sucessos do disco são as canções:

  • Topo do Mundo (Jau e Gigi);
  • Pensar em Você (Chico César);
  • Olha O Gandhi Aí (Tonho Matéria e Jó Viera);
  • e Levada Brasileira (Pierre Onassis e Edilson).

Essas duas últimas foram eleitas as melhores músicas do carnaval de 2005 e 2006, respectivamente, pela Rede Bandeirantes. O disco também conta com uma regravação de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, e com duas composições autorais de Daniela: Sem Querer e Quero Ver o Mundo Sambar.

A versão ao vivo desse álbum, lançada no ano seguinte, venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Regional ou de Raízes Brasileiras.

Também estão neste disco as canções clássicas do carnaval baiano:

  • Baianidade Nagô (Evany);
  •  e Prefixo de Verão (Beto Silva);
  • além de outros clássicos como Ilê Ayê (de Paulinho Camafeu, eternizada na voz de Gilberto Gil);
  • Dia Branco (Geraldo Azevedo e Renato Rocha);
  • e Não Chores Mais (versão de Gil para No Woman No Cry, de Bob Marley).

Ainda em 2005, Daniela lançou o CD e DVD Baile Barroco, gravado durante o desfile do seu trio elétrico no carnaval da Bahia, com vários dos maiores sucessos da festa baiana, tanto dela, quanto de outros grandes artistas. O disco conta com a participação de Gilberto Gil, Luiz Caldas e do maestro e pianista baiano Ricardo Castro.

Sempre inovadora, Daniela Mercury foi a primeira artista a colocar um piano de cauda em cima de um trio elétrico, trazendo uma orquestra para a folia e fazendo uma ópera durante o carnaval de Salvador.

Daniela Mercury não pára!

Em 2007, a baiana gravou com Zé Ramalho a canção de sucesso Procurando a Estrela e se apresentou na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos do Rio de Janeiro.

Em 2008, Daniela criou o Instituto Sol da Liberdade, mostrando a importância do trabalho social em sua trajetória e realizando projetos de educação com arte em escolas públicas municipais de cidades com baixo índice de desenvolvimento humano, no Brasil inteiro. Mais de 70 mil crianças já tiveram a música e a arte inseridas em suas vidas por meio do projeto Caravana da Música.

Em 2009, lançou o álbum Canibália,  projeto que combina música, dança, vídeo e artes plásticas – várias expressões de arte contempladas pela cantora. Em seu site, Daniela conta que o álbum inaugura seu “manifesto de afetos, uma reiteração do manifesto antropofágico e do desejo tropicalista de engolir as artes do mundo afirmando nossa brasilidade e valorizando toda a nossa cultura e identidade”.

É um disco com canções de artistas que são referências artísticas para ela e também de canções inéditas.  O disco também homenageia o centenário de Carmem Miranda (com canções como Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, e O Que É Que a Baiana Tem, de Dorival Caymmi, eternizadas na voz da artista), além de trazer canções clássicas de Vinicius de Moraes, Baden Powell, Ary Barroso e Chico Buarque, grandes ícones da MPB. 

O disco também possui elementos de vários estilos como o afrobeat, samba-reggae, reggae, samba e hip-hop e conta com parcerias com Seu Jorge, Margareth Menezes e com Gabriel Póvoas (filho de Daniela).

O álbum tem cinco capas diferentes, feitas pelo mesmo artista da famosa capa do disco Feijão com Arroz: Gringo Cardia.

No réveillon de 2011, Daniela gravou, na praia de Copacabana, o CD e DVD ao vivo – Canibália, Ritmos do Brasil, para um público de mais de dois milhões de pessoas, em um “manifesto de exaltação à brasilidade e à música brasileira”. O disco ganhou turnê mundial de sucesso.

Em 2013, a artista se juntou ao grupo de músicos baianos Cabeça de Nós Todos e lançou o disco Geração Canibália, que traz baladas, pop-rock e outras nuances ainda não tão reveladas da artista. 

Ativismo

No mesmo ano, Daniela lançou seu primeiro livro – em parceria com a esposa, Malu VerçosaDaniela e Malu: Uma História de Amor, considerado um símbolo mundial na luta contra as violações de direitos humanos e pela igualdade de gêneros e respeito às diferenças. 

Ativista, Daniela Mercury – que sempre lutou pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ – desde que casou-se no civil com a jornalista e empresária, simbolizando uma grande conquista no Brasil de igualdade de direitos na união entre pessoas do mesmo sexo – tornou-se mais ainda um símbolo e uma voz potente nesta luta.

Em 2014, estrelou – ao lado do cantor Rick Martin – a primeira campanha mundial da ONU contra a homofobia.

Além dos filhos do primeiro casamento de Daniela, Gabriel e Giovana, ela e Malu adotaram três meninas: Márcia, Ana Alice e Ana Isabel.

Daniela Mercury e Malu Verçosa| Foto: Reprodução/Instagram

A artista sempre esteve fortemente engajada nas lutas pelos direitos humanos. É – desde 1995 – embaixadora da UNICEF para o Brasil e atua na defesa dos direitos das crianças em diversos países do mundo.

É também embaixadora do Instituto Ayrton Senna, que trabalha na educação de milhares de crianças em todo o Brasil. Como ela mesma define, é uma “cidadã pós moderna, pós feminista e incansável na luta pelos direitos humanos”.

Feitos mais recentes de Daniela Mercury

Em 2015, Daniela lançou o álbum Vinil Virtual, que – de suas 15 faixas, 10 são composições solo suas e as outras cinco são parcerias com outros compositores, como o seu filho Gabriel Póvoas e Marcelo Quintanilha

Entre as faixas:

  • A Rainha do Axé (Rainha Má), que fala sobre a força da mulher;
  • Antropofágicos São Paulistanos (parceria com Yacocese Simões);
  • e uma homenagem de Daniela a Gilberto Gil, com participação do cantor: De Deus, De Alah, De Gilberto Gil.

Destaque também para a canção América do Amor e para dois poemas musicados, escritos para sua esposa, Malu: Maria Casaria e Sem Argumento.

Um disco maduro, em que Daniela Mercury não se desconecta da sua essência, mas abraça a música moderna, trazendo todas as influências de sua carreira inquieta, curiosa e experimentalista.

Em 2016, a cantora lançou o CD e DVD ao vivo, O Axé, A Voz e O Violão, gravado no Teatro Castro Alves e composto de canções apenas com voz e violão, em formato acústico. Além de grandes sucessos de seu repertório, traz versões de:

  • Super Homem (de Gilberto Gil);
  • e de Como Nossos Pais (de Belchior).

Banzeiro

Em 2017, Daniela lançou o EP Tri Eletro, com três canções inéditas: Eletro Ben Dodô, Samba Presidente e o sucesso Banzeiro, composto pela lenda paraense Dona Onete. Com este trabalho, fez uma turnê mundial de sucesso.

O videoclipe de Banzeiro ganhou uma superprodução, que contou com 99 artistas, entre bailarinos, modelos, drag queens, crianças e atores. Segundo o site da artista, o clipe traz uma “diversidade de estilos de dança, de culturas, de raças, com dança afro, balé clássico, carimbó, lambada, frevo, street dance, hip hop e até sarrada no ar”.

Daniela esteve envolvida em todo o processo: fez direção criativa, direção dos figurinos e direção de coreografias.

Também em 2017, a baiana teve seu trabalho reconhecido no IPMA – International Portuguese Music Awards, em Massachusetts, nos Estados Unidos. A artista foi premiada duas vezes, nas categorias: Life Achievement Award, pela sua carreira, e Outstanding Album Award, pelo álbum Vinil Virtual

Em 2020, Daniela lançou o álbum Perfume, com sucessos autorais, que “cantam contra a censura e as mordaças” e criticam o momento conservador pelo qual o país Brasil passava, como as canções Rainha da Balbúrdia e Tá Proibido o Carnaval, essa última com a participação de Caetano Veloso

Destaque também para as canções:

  • Pagode Divino (em parceria com Felipe Pianud e Léo Reis);
  • Andarilho Encantando (com Marcelo Quintanilha e participação de Carlinhos Brown);
  • Duas Leoas (de Marcelo Quintanilha e com participação de Malu Verçosa);
  • e Confete e Serpentina (de Alfredo Moura, Fabiano Alcântara e Magary Lord);
  • além de uma versão de Imagine (de John Lennon).

Em 2022, a cantora lançou o seu mais recente álbum: Baiana, que traz composições solo, em parceria (uma delas, inclusive, Macunaíma, Daniela divide a composição com Zé Celso e Fernando de Carvalho), além de uma versão do clássico A Felicidade, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Viva a potência que é Daniela Mercury!

Escute também o Acervo MPB especial Daniela Mercury, o podcast original da Novabrasil, que traz audiobiografias de grandes nomes da nossa música. Uma verdadeira enciclopédia da MPB.

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